{"id":13031,"date":"2019-10-31T13:07:33","date_gmt":"2019-10-31T16:07:33","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=13031"},"modified":"2022-09-14T01:25:35","modified_gmt":"2022-09-14T04:25:35","slug":"tecnologia-e-mato-o-importante-sao-as-pessoas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2019\/10\/31\/tecnologia-e-mato-o-importante-sao-as-pessoas\/","title":{"rendered":"“Tecnologia \u00e9 mato, o importante s\u00e3o as pessoas”"},"content":{"rendered":"

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Nossa terceira e \u00faltima (de 2019) edi\u00e7\u00e3o do curso “Tecnopol\u00edtica e Contracultura” ocorreu nos dias 24, 25 e 26 de outubro de 2019 na APPH, em Porto Alegre. Sala lotada, gentes diferentes, encontros bastante potentes! Agradecemos mais uma vez a todas\/os presentes, \u00e0 APPH<\/a> pelo espa\u00e7o de trocas que mant\u00e9m e \u00e0 Iuri Guilherme (Matehackers, Partido Pirata) e Jana\u00edna Spode, da CCD POA<\/a>, por se disporem a participar como convidadas\/os. Esta foi a \u00faltima edi\u00e7\u00e3o do curso em 2019, voltaremos em 2020!<\/p>\n

Victor Wolffenb\u00fcttel, colaborador ass\u00edduo por aqui<\/a> e tamb\u00e9m editor do webzine “\u00e0 moda antiga” Quasar<\/a>, de periodicidade quinzenal e enviado por e-mail, esteve no curso e escreveu algumas linhas que resumem a sua percep\u00e7\u00e3o desses tr\u00eas dias:<\/p>\n

“O ditado diz que o professor faz a turma, e nesse caso posso afirmar que \u00e9 bem verdade. A dose dupla de Leonardos veio densa, reflexiva e emp\u00e1tica. A turma entrou no embalo e logo na primeira aula pudemos aproveitar da abertura que os mestres davam para compartilhar sobre o tema da aula, cada um com sua base.<\/p>\n

Tecnopol\u00edtica e Contracultura, o curso, parece curto demais pra ser uma disciplina e longo demais pra ser um workshop, e justamente por isso entra no espa\u00e7o perfeito pra te dizer que nem tudo est\u00e1 perdido e que nada est\u00e1 a salvo. Ca\u00ed perfeitamente na provoca\u00e7\u00e3o e sa\u00ed pilhado pra fazer mais.<\/p>\n

Como bem citado por um dos convidados do curso, parafraseando Daniel P\u00e1dua, “tecnologia \u00e9 mato, o importante s\u00e3o as pessoas”, e este poderia ser muito bem o subt\u00edtulo do curso. Sabemos como j\u00e1 foi, como est\u00e1 sendo, e como pode ser a t\u00e9cnica, mas queremos mesmo \u00e9 contagiar quem aparece no nosso caminho pra fazer uma realidade melhor.<\/p>\n

Parecia tang\u00edvel na atmosfera o clima de desconfian\u00e7a com a internet, a ansiedade das redes sociais. Talvez seja uma impress\u00e3o minha sobre todo lugar e n\u00e3o s\u00f3 ali, mas quando entramos no assunto d\u00e1 pra perceber que n\u00e3o \u00e9 pura paranoia, mas sim um fen\u00f4meno percebido. E que acreditar que a tecnologia vai nos salvar n\u00e3o basta.<\/p>\n

Encerro este depoimento da mesma forma que o curso encerrou, citando a frase que serve de melhor ensinamento para os tr\u00eas dias de pr\u00e1tica e teoria, atrav\u00e9s do autor que est\u00e1 desde o in\u00edcio at\u00e9 depois do fim da discuss\u00e3o, Franco Berardi: “a deserotiza\u00e7\u00e3o \u00e9 o pior desastre que a humanidade pode conhecer, porque o fundamento da \u00e9tica n\u00e3o est\u00e1 nas normas universais da raz\u00e3o pr\u00e1tica, e sim na percep\u00e7\u00e3o do corpo do outro como continua\u00e7\u00e3o sens\u00edvel do meu corpo. Aquilo que os budistas chamam de “grande compaix\u00e3o”, ou seja: a consci\u00eancia do fato de que teu prazer \u00e9 meu prazer e teu sofrimento \u00e9 meu sofrimento. A empatia. Se n\u00f3s perdemos esta percep\u00e7\u00e3o, a humanidade est\u00e1 acabada.”<\/p>\n

*<\/p>\n

Enquanto isso, trazemos aqui algumas das muitas inquieta\u00e7\u00f5es desses tr\u00eas dias organizadas em uma s\u00edntese po\u00e9tico-filos\u00f3fica-existencial, trabalho em processo. E, ao final, refer\u00eancias na \u00edntegra, as apresenta\u00e7\u00f5es utilizadas e mais fotos.<\/p>\n

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Estamos frente ao esgotamento da rela\u00e7\u00e3o p\u00fablico-privado. O tema mesmo \u00e9 o comum, irredut\u00edvel ao par p\u00fablico-privado e aos rituais de soberania. \u00c9 cada vez mais gritante e urgente compreendermos o comum.
\nA \u00e1gua \u00e9 um comum (commons), n\u00e3o porque cai do c\u00e9u, mas porque \u00e9 a for\u00e7a da coopera\u00e7\u00e3o social que fez e faz ela chegar, em tese, \u00e0 casa de cada um. O comum \u00e9 diretamente coopera\u00e7\u00e3o social, sociabilidade, riqueza comum.<\/p>\n

Sabemos como (o comum) \u00e9 usado para criar uma raridade artificial, precarizar e despotencializar – decompor as for\u00e7as e\u00a0 inviabilizar a autonomia. A metr\u00f3pole, as vias, tudo: coopera\u00e7\u00e3o social estatizada ou privatizada. As pr\u00f3prias conex\u00f5es sociais ao serem individualizadas (patrimonialismo individualista, ou individualismo patrimonialista, d\u00e1 no mesmo), a prolifera\u00e7\u00e3o dos contratos individuais (ou descontratualiza\u00e7\u00e3o, inviabilizando as representa\u00e7\u00f5es sindicais e pol\u00edticas coletivas). Esse poder sobre a vida, colocada toda a trabalhar: n\u00e3o reconhecida, n\u00e3o valorizada, n\u00e3o remunerada. Biopoder.
\nEsse o nosso tempo.<\/p>\n

Precariza\u00e7\u00e3o; decomposi\u00e7\u00e3o; tentativa de Inviabilizar qualquer tra\u00e7o de autonomia e privatizar o comum.\u00a0 N\u00e3o mais via lucro, mas renda e impostos, ambos via financeiriza\u00e7\u00e3o (digitaliza\u00e7\u00e3o\/informatiza\u00e7\u00e3o dos mercados de contratos, ou seja, mercados de d\u00edvidas e promessas de pagamentos, ou rentismo: juros, usura) aquilo que fez do sistema atual a f\u00e1brica d@s homens e mulheres endividad@s. Assentados nesse mercado de d\u00edvidas e na ‘conven\u00e7\u00e3o financeira’, ou seja, o uso da assimetria de informa\u00e7\u00f5es para gerar o comportamento de manada, indu\u00e7\u00e3o de desenvolvimento do comportamento greg\u00e1rio, mim\u00e9tico e ego\u00edsta, com base na mem\u00e9tica, no meme, via acelera\u00e7\u00e3o da infosfera e cria\u00e7\u00e3o de uma situa\u00e7\u00e3o demencial.<\/p>\n

O cr\u00e9dito de consumo a\u00ed tem um duplo papel: legitimar a desvaloriza\u00e7\u00e3o salarial e fidelizar o endividado. Endividamento individual e extors\u00e3o via arrecada\u00e7\u00e3o difusa por impostos e transfer\u00eancia rentista (pagamento de juros) via d\u00edvida p\u00fablica. A governan\u00e7a se desloca inteira para o sistema financeiro: desloca-se a pol\u00edtica des-democratizada.
\nEsse o quadro.<\/p>\n

Quem afinal toma decis\u00f5es e efetuar a chantagem de fazer obedecer? O que nos mobiliza (ativa interesses, quereres, desejos, vontades) \u00e9 o que ao mesmo tempo nos interpela e adverte. Como as coisas, os eventos, o mundo, nos interpela e adverte ao mesmo tempo?
\nEssas s\u00e3o perguntas.<\/p>\n

*<\/p><\/blockquote>\n

Conforme prometido, liberamos boa parte das refer\u00eancias, organizadas por pastas de acordo com as tem\u00e1ticas principais do curso – autonomia\/opera\u00edsmo na It\u00e1lia; Altermundismo, p\u00f3s-opera\u00edsmo, anos 1990 e 2000; “hackers”; e “ressaca da internet” – usadas neste arquivo torrent (magnet link<\/a>). Ajudem a semear que j\u00e1 fica de backup tamb\u00e9m.<\/p>\n

A Biblioteca do Partido Pirata<\/a> tem alguns textos complementares (ou n\u00e3o) que pode ser \u00fatil para quem quer ir fundo em alguns t\u00f3picos. A Biblioteca do Comum<\/a>, projeto mantido pelo BaixaCultura e o Instituto Intersaber, tamb\u00e9m tem um bom acervo; \u00e9 para l\u00e1 que logo subir todo esse material do torrent.<\/p>\n

Aqui a apresenta\u00e7\u00e3o utilizada no curso em PDF<\/a> (e em odp pra quem quiser remixar<\/a>, com os devidos cr\u00e9ditos).<\/p>\n

As fotos abaixo foram feitas por Douglas Freitas, jornalista e fot\u00f3grafo, Alass Derivas no Instagram<\/a> e Facebook<\/a>.<\/p>\n

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