{"id":13019,"date":"2019-10-10T13:31:58","date_gmt":"2019-10-10T13:31:58","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=13019"},"modified":"2019-10-10T13:31:58","modified_gmt":"2019-10-10T13:31:58","slug":"baixacharla-ao-vivo-4-cooperativismo-de-plataforma","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2019\/10\/10\/baixacharla-ao-vivo-4-cooperativismo-de-plataforma\/","title":{"rendered":"BaixaCharla ao vivo #4: Cooperativismo de Plataforma"},"content":{"rendered":"
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A quarta BaixaCharla tratou de um pequeno livro e uma ideia poderosa: cooperativismo de plataforma. Publicado em mar\u00e7o de 2017 pelas Editora Elefante<\/a> e Autonomia Liter\u00e1ria<\/a>, em parceria com a Funda\u00e7\u00e3o Rosa Luxemburgo, com tradu\u00e7\u00e3o e coment\u00e1rios de Rafael Zanatta, o livro \u00e9 fruto de uma confer\u00eancia do autor – Trebor Scholz, <\/strong>professor associado da The New School, em Nova York, nos Estados Unidos – em que mais de mil participantes discutiram ideias para a cria\u00e7\u00e3o de um novo tipo de economia online em contraponto \u00e0 chamada economia do compartilhamento.<\/p>\n O texto de apresenta\u00e7\u00e3o da publica\u00e7\u00e3o, escrito por Daniel Santini e Ana Rusch\u00eb, introduz \u00e0 cr\u00edtica a esta nova roupagem de um velho sistema de explora\u00e7\u00e3o capitalista, agora alimentado por tecnologias vigilantes e desregula\u00e7\u00e3o de mercados. “A ideia de uma nova economia, mais inteligente e din\u00e2mica, em que liberdade e facilidade valem mais do que posse absoluta e exclusiva de objetos, ganha for\u00e7a. Por que ter um carro se eu posso conseguir um com motorista em dois cliques no celular, a um pre\u00e7o razo\u00e1vel? Ou, invertendo a l\u00f3gica, por que manter aquele quarto vazio nos fundos da casa quando algu\u00e9m poderia aproveitar esse espa\u00e7o? Para que deixar a bicicleta encostada ou um livro mofando? Por que n\u00e3o aproveitar melhor as coisas?”<\/p>\n Mas as coisas n\u00e3o s\u00e3o t\u00e3o simples assim, como todo mundo que j\u00e1 tenha olhado para o lado e visto \u00e0 aboli\u00e7\u00e3o das leis trabalhistas no trabalho de entregadores de iFood, Rappi, Uber Eats e nos motoristas de aplicativos. “Seja pela no\u00e7\u00e3o ecol\u00f3gica de dar vida \u00fatil maior \u00e0s coisas, seja pela sedu\u00e7\u00e3o que as novas tecnologias nos imprimem em um cotidiano t\u00e3o veloz, seja pela necessidade de complementa\u00e7\u00e3o de renda ou pelo desemprego, o atual pacto do ubercapitalismo est\u00e1 acess\u00edvel a poucos toques: em um aparelhinho na palma da tua m\u00e3o. Cantando as maravilhas que sempre desejamos \u2013 hor\u00e1rios flex\u00edveis, valoriza\u00e7\u00e3o do acervo e das habilidades pessoais \u2013, nos fisga com um desejo antigo: a ilus\u00e3o de n\u00e3o se subordinar e de finalmente tomar as pr\u00f3prias decis\u00f5es.”<\/p>\n O fen\u00f4meno est\u00e1 diretamente relacionado \u00e0 fase atual do capitalismo e se repete, em diferentes intensidades, em todo o planeta, explicam Santini e Rusch\u00eb na apresenta\u00e7\u00e3o.\u00a0 Para ajudar a pensar em estrat\u00e9gias de fuga desse sistema, a ideia do Cooperativismo de plataforma proposta por Trebor Scholz questiona o modelo de propriedade para a Internet. Em vez da economia de compartilhamento vendida como um pacote de \u201cideias geniais\u201d (cuidadosamente fomentadas por departamentos de marketing de empresas), o que o autor prop\u00f5e s\u00e3o plataformas de cooperativismo \u201cde propriedade coletiva, possu\u00eddas pelas pessoas que geram a maioria do valor nessas plataformas, [e que] podem revigorar essa mentalidade p\u00fablica inicial. O cooperativismo de plataforma pode mudar o modo como pessoas comuns pensam sobre suas rela\u00e7\u00f5es na Internet.\u201d, diz o professor.<\/p>\n O tom otimista do livro (que pode ser baixado de gr\u00e1tis aqui<\/a>)\u00a0 reflete um momento hist\u00f3rico e um lugar: um come\u00e7o de propaga\u00e7\u00e3o de iniciativas cooperativas em alguns pa\u00edses do norte global, onde um sistema mais s\u00f3lido de bem-estar social, com direitos trabalhistas e condi\u00e7\u00f5es de emprego, moradia e alimenta\u00e7\u00e3o mais robustas que o sul. Por isso, algumas ideias do livro podem soar ut\u00f3picas para n\u00f3s, brasileiros, ainda mais neste dist\u00f3pico 2019 de Bolsonaro. Mas, ainda assim, s\u00e3o ideias que tem a for\u00e7a de nos inspirar e imaginar realidades diferentes das atuais, algumas mais outras menos dif\u00edceis de serem implantadas.<\/p>\n “Daqui a trinta anos, quando enfrentaremos o fim das profiss\u00f5es e mais empregos ser\u00e3o \u2018uberizados\u2019, podemos muito bem acordar e imaginar por que n\u00e3o protestamos contra essas mudan\u00e7as. Podemos sentir remorso por n\u00e3o termos buscado alternativas, mas n\u00e3o podemos mudar o que n\u00e3o entendemos. Portanto, estou perguntando o que significa a \u2018economia do compartilhamento\u2019?\u201d[Trebor Scholz]<\/p>\n<\/blockquote>\n O livro est\u00e1 dispon\u00edvel para download no site da Funda\u00e7\u00e3o Rosa Luxemburgo.<\/p><\/div>\n Esta foi uma edi\u00e7\u00e3o especial da BaixaCharla. Realizada dentro de um est\u00fadio profissional de r\u00e1dio, em sala de aula da disciplina de Cibercultura, \u00e0 convite do professor Andre Deak, na ESPM S\u00e3o Paulo, teve na bancada as estudantes de jornalismo Malu Ogata, Maria Clara Jorge, al\u00e9m de Andr\u00e9 e Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, e na plateia o restante dos alunos da turma, que fizeram algumas perguntas e coment\u00e1rios sobre o tema (ou nem tanto). Segue abaixo na \u00edntegra e alguns dos exemplos citados e trechos do livro.<\/p>\n <\/p>\n _ Apresenta\u00e7\u00e3o <\/strong>(at\u00e9 7min.34s)<\/p>\n _ Parte 1: Plataformas de trabalhos “colaborativos” que unem freelancers e empresas: <\/strong>(7min34s – 30min) _ Parte 2: A Ascens\u00e3o do Cooperativismo de Plataforma <\/strong>(30min – 42min35s)<\/p>\n _ Parte 3:<\/strong> Rumo a uma tipologia das plataformas cooperativas <\/strong>(42min, 35s – 56min10s) Intermedia\u00e7\u00e3o de trabalho online de propriedade cooperativa<\/em> Plataformas cooperativas controladas por cidades\n
\nUpWork<\/a>, Crowdwork<\/a><\/p>\n
\n<\/strong><\/p>\n
\nLoconomics<\/a>, Fairmondo<\/a>, Coopify<\/a>, Eita<\/a>, Coolab<\/a>;<\/p>\n
\n<\/em>Um “airbnb” controladas por cidades, por exemplo. Artigo de Nathan Schneider<\/a>, The Nation;<\/p>\n