{"id":12988,"date":"2019-09-18T12:26:24","date_gmt":"2019-09-18T12:26:24","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=12988"},"modified":"2019-09-18T12:26:24","modified_gmt":"2019-09-18T12:26:24","slug":"como-usar-torrent-e-baixar-conteudo-compartilhado-gratis","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2019\/09\/18\/como-usar-torrent-e-baixar-conteudo-compartilhado-gratis\/","title":{"rendered":"Como usar torrent e baixar conte\u00fado compartilhado gr\u00e1tis"},"content":{"rendered":"
<\/p>\n
<\/p>\n
Em setembro de 2019, o CGI liberou novos dados sobre o uso da internet no Brasil. J\u00e1 chegamos a 70% da popula\u00e7\u00e3o com acesso \u00e0 internet, e 97% desse grupo faz isso via celular. O n\u00famero disparou desde os \u00faltimos levantamentos, considerando que o acesso via celular e rede m\u00f3vel propaga-se com muito mais facilidade que a distribui\u00e7\u00e3o via estrutura de telefonia fixa e m\u00e1quinas de mesa. Em alguns lugares do pa\u00eds, \u00e9 muito prov\u00e1vel que se tenha internet via smartphone e 3G mas n\u00e3o saneamento b\u00e1sico. A maioria das pessoas utiliza a rede pra solicitar carros, comida, ou consumir m\u00fasica e v\u00eddeo por streaming, conforme dados da mesma pesquisa, que pela primeira vez reportou tamb\u00e9m como \u00e9 utilizada a internet<\/a>.<\/p>\n Mas a rede nem sempre teve essa configura\u00e7\u00e3o de acesso e uso.<\/p>\n Depois do surgimento da banda larga, quando os usu\u00e1rios ainda eram equipados por computadores e notebooks, a rede viveu um per\u00edodo de explos\u00e3o de compartilhamento gratuito entre usu\u00e1rios, e que muitas vezes configurava pirataria de m\u00fasicas, filmes, s\u00e9ries, livros, software e jogos de videogame.<\/p>\n Durante anos, a ind\u00fastria sangrou, sofrendo com a pirataria, lutando judicialmente em busca da derrubada de sites, retirada de links piratas dos buscadores, e at\u00e9 denunciando usu\u00e1rios, que infelizmente eram feitos de exemplo para o resto da rede e podiam acabar presos ou recebendo multas estratosf\u00e9ricas por consumir conte\u00fado protegido pelo t\u00e3o injusto direito autoral.<\/p>\n Demorou, mas apoiados pelo aumento da capacidade de servidores e da velocidade de conex\u00e3o, os est\u00fadios cinematogr\u00e1ficos e gravadoras aprenderam que o usu\u00e1rio pirata estava disposto a pagar se tivesse acesso a essa possibilidade<\/a>\u00a0e apresentaram os servi\u00e7os de streaming, usados hoje nos mais diferentes produtos (inclusive piratas, como o conhecido Popcorn Time<\/a>), provavelmente por resolverem a quest\u00e3o com a solu\u00e7\u00e3o mais f\u00e1cil de todas: clicar e consumir instantaneamente.<\/p>\n Com a populariza\u00e7\u00e3o desses servi\u00e7os de streaming, no entanto, os membros do seleto oligop\u00f3lio do entretenimento come\u00e7am agora a bater cabe\u00e7a. Artistas passam a assinar contratos exclusivos com servi\u00e7os de streaming (como Beyonc\u00e9 no Tidal), os grandes est\u00fadios de filme passam a criar seus pr\u00f3prios streamings e barrar seus filmes dos outros (como \u00e9 o caso da Disney, prestes a lan\u00e7ar o Disney+), e o usu\u00e1rio \u00e9 obrigado a escolher entre Amazon Prime, HBO, Globoplay, Netflix ou Disney+, pra ficar apenas no audiovisual recente.<\/p>\n Nesse cen\u00e1rio, por motivos diferentes dos quais originalmente fizeram o compartilhamento livre t\u00e3o popular, uma velha tecnologia reaparece com import\u00e2ncia: o torrent, capaz de nos entregar, pelas m\u00e3os de outros amigos usu\u00e1rios, o conte\u00fado que a ind\u00fastria quer que sejamos obrigados a escolher dentro de seus muros pagos<\/a>.<\/p>\n Como o boom de acesso \u00e0 internet veio depois dessa nova era, equipada por redes e aparelhos m\u00f3veis, uma gera\u00e7\u00e3o inteira de usu\u00e1rios n\u00e3o aprendeu a usar o torrent, e nunca teve interesse pelo compartilhamento gratuito e acesso indiscriminado de conte\u00fado protegido por direito autoral, uma discuss\u00e3o que j\u00e1 deu muito pano pra manga, e est\u00e1 passando por um novo per\u00edodo no Brasil, com uma consulta p\u00fablica aberta recentemente, afim de reformular a Lei do Direito Autoral do pa\u00eds<\/a>, uma das mais restritivas do mundo.<\/p>\n Pois ent\u00e3o, est\u00e1 na hora de aprender a usar o torrent.<\/p>\n O que \u00e9 exatamente Torrent<\/b><\/p>\n “Torrent” acabou virando verbo e sin\u00f4nimo, o nome da tecnologia, do arquivo, do programa, do site e do processo de baixar arquivos. Tudo \u00e9 torrent na cabe\u00e7a de quem usa a tecnologia, e talvez por isso ela pare\u00e7a t\u00e3o misteriosa para quem nunca aprendeu como funciona.<\/p>\n Em termos t\u00e9cnicos, torrent \u00e9 um protocolo de comunica\u00e7\u00e3o para compartilhamento peer-to-peer (P2P), utilizado para transmitir arquivos eletr\u00f4nicos (defini\u00e7\u00e3o via tradu\u00e7\u00e3o livre da Wikip\u00e9dia em ingl\u00eas). Mas o que importa desse conceito \u00e9 saber que torrent \u00e9 o meio pelo qual usu\u00e1rios compartilham arquivos uns com os outros, atrav\u00e9s de suas m\u00e1quinas.<\/p>\n O grande diferencial desse meio \u00e9 o fato dele ser descentralizado, e n\u00e3o depender da conex\u00e3o com um servidor que hospede toda a informa\u00e7\u00e3o que se deseja acessar. Atrav\u00e9s do P2P, a m\u00e1quina que quer receber o arquivo se conecta com diversas outras que j\u00e1 possuem o arquivo, e recebe pequenas partes dele vindas de cada um at\u00e9 ter o arquivo inteiro.<\/p>\n Digamos assim: em vez de pedir pra um amigo trazer o fardo de cerveja para o churrasco, solicito uma lata pra doze amigos, dividindo o fardo entre todos. O churrasco recebe a mesma quantidade de cerveja, mas o risco do amigo n\u00e3o trazer a d\u00fazia e deixar todo mundo na m\u00e3o \u00e9 pulverizado nos doze participantes, que al\u00e9m de dividirem os custos do fardo, dividem a responsabilidade de fornecimento, numa parcela reduzida.<\/p>\n Como funciona o P2P (peer-to-peer)<\/strong><\/p>\n Comparativo: rede P2P vs rede com servidor centralizado<\/p><\/div>\n \u00c9 diferente de como utilizamos a internet normalmente. Em vez de entrarmos no navegador ou aplicativo, digitarmos um endere\u00e7o e solicitarmos uma conex\u00e3o com o servidor do site que buscamos, o qual entrega essa conex\u00e3o baseado na velocidade do servidor \u00fanico, acontece mais ou menos o seguinte:<\/p>\n Essa c\u00f3pia de arquivo \u00e9 feita simultaneamente em diversas m\u00e1quinas, at\u00e9 centenas, caso seja algo que muitas pessoas est\u00e3o compartilhando (digamos, o \u00faltimo epis\u00f3dio lan\u00e7ado de Game of Thrones).<\/p>\n Percebe-se que diversas partes desse fluxo que relatei acima n\u00e3o s\u00e3o realizadas pelo usu\u00e1rio, apenas fazem parte da tecnologia. O que o usu\u00e1rio precisa fazer mesmo \u00e9 baixar um cliente de torrent, entrar num site de torrent, escolher o arquivo pra baixar, e selecionar onde salvar ele na m\u00e1quina. S\u00f3 isso basta pra come\u00e7ar a utilizar torrent, e s\u00e3o essas etapas que vou descrever abaixo.<\/p>\n Como usar: Passo 1 – Baixar um cliente de torrent<\/strong><\/p>\n O cliente de torrent \u00e9 o programa que tem que estar instalado no seu computador para abrir os links magn\u00e9ticos de torrent. Como descrevi antes, \u00e9 ele que consegue pesquisar o hash na rede e descobrir outros usu\u00e1rios que tem o arquivo que ser\u00e1 copiado pra sua m\u00e1quina.<\/p>\n Existem diversos clientes de torrent internet afora, sendo o mais famoso o uTorrent, o qual eu n\u00e3o recomendaria porque nos \u00faltimos anos teve alguns problemas de ramsonware em an\u00fancios com Flash que rodavam dentro do programa, e por minerar criptomoedas no computador de usu\u00e1rios.<\/p>\n Utilizo o qBitTorrent, que \u00e9 muito satisfat\u00f3rio, possui todas as funcionalidades necess\u00e1rias, e n\u00e3o tem an\u00fancios. Nessa lista temos ainda outras op\u00e7\u00f5es de clientes<\/a>, o que pode ser \u00fatil para ajudar a escolher.<\/p>\n Como usar: Passo 2 – Entrar num site de torrents<\/strong><\/p>\n Sites de torrents s\u00e3o como uma mato fechado que volta a se fechar muito rapidamente depois de aberta uma trilha. \u00c9 preciso entrar a fac\u00e3o toda vez que se deseja utilizar, mas depois de certo tempo come\u00e7amos a conhecer a rotina e fica f\u00e1cil. O usu\u00e1rio de torrent acaba se acostumando com o fato de que sites s\u00e3o derrubados e reativados todos os dias, e aprende como pesquisar de forma a sempre achar o melhor arquivo.<\/p>\n Recomendo pesquisar sempre pelo site torrentz2.eu. Esse nome engra\u00e7ado \u00e9 porque \u00e9 uma reanima\u00e7\u00e3o do finado site torrentz, que foi fechado por quest\u00f5es ainda desconhecidas.<\/p>\n O torrentz2.eu<\/a> \u00e9 um buscador de torrents. Pesquise por ali o arquivo desejado, e receba numa lista todos os sites que hospedam aquele arquivo. Eu recomendo sempre escolher aquele site que oferece o arquivo com mais seeds, que pode ser facilmente entendido olhando no n\u00famero indicado ao lado direito do nome do arquivo.<\/p>\n A homepage do torrentz2. Podemos ver que ele contabiliza quantos arquivos .torrent est\u00e3o sendo buscados por ele<\/p><\/div>\n Uma p\u00e1gina de buscas do torrentz2. Nessa lista est\u00e3o todos os arquivos torrent que tem algo a ver com o que voc\u00ea pesquisou. Ap\u00f3s clicar, voc\u00ea \u00e9 redirecionado para uma p\u00e1gina que cont\u00e9m os sites que hospedam aquele arquivo. A\u00ed \u00e9 s\u00f3 escolher uma p\u00e1gina e aguardar ser redirecionado.<\/p><\/div>\n <\/p>\n Depois de selecionar um arquivo, ele abre esta p\u00e1gina, onde aparecem todos os sites que hospedam o arquivo. Clique em um dos sites para ser redirecionado ao arquivo.<\/p><\/div>\n Confesso que depois que o torrentz renasceu com esse novo nome, me tornei meio dependente dele.\u00a0 Durante alguns meses do ano passado, ele ficou desativado (tamb\u00e9m por raz\u00f5es desconhecidas at\u00e9 hoje), e passei algum apuro pra encontrar arquivos. Vida longa ao torrentz2.eu, portanto. Para evitar isso, aqui tem uma lista de sites variados<\/a> de torrent.<\/p>\n \u00c9 isso: voc\u00ea entrou no site, achou o arquivo desejado, clicou no link magn\u00e9tico, e escolheu o lugar pra salvar o arquivo. Agora deve-se aguardar o arquivo ser copiado pra m\u00e1quina, conforme a velocidade de download que o cliente informa em tempo real.<\/p>\n Como usar: Passo 3 – Navegar em um site de torrents<\/strong><\/p>\n Sites de torrent est\u00e3o um tanto defasados, eu diria. \u00c9 claro que como os mantenedores est\u00e3o preocupados em manter o pesco\u00e7o sobre a \u00e1gua, tentando manter no ar um site que serve de abrigo para muita pirataria, n\u00e3o sobra muito tempo pra pensar em user experience e layouts intuitivos. Provavelmente a vida de um mantenedor desses sites deve ser infernal – e tudo costuma ser feito por motiva\u00e7\u00e3o pessoal e esfor\u00e7o pr\u00f3prio.<\/p>\n Aqui abro um par\u00eanteses: a persegui\u00e7\u00e3o contra os sites de torrent deve ser sempre combatida pelo usu\u00e1rio. Fundadores do Pirate Bay j\u00e1 foram at\u00e9 mesmo presos com acusa\u00e7\u00f5es muito duvidosas de infringir o direito autoral, sendo que o site de torrent n\u00e3o \u00e9 respons\u00e1vel por pirataria de forma alguma. Perceba que nenhum arquivo pirateado \u00e9 mantido dentro dos servidores do Pirate Bay, por exemplo. Os arquivos est\u00e3o nas m\u00e1quinas dos usu\u00e1rios. O trabalho deles \u00e9 fornecer a chave que conecta um usu\u00e1rio interessado em copiar de outro interessado em repassar o arquivo copi\u00e1vel. Depois de uma das derrubadas do Pirate Bay, que viriam a se tornar frequentes, surgiu o doc”Steal This Film”, onde fica clara a luta da ind\u00fastria contra o torrent. Exibimos certa vez ambos os filmes no ciclo copy, right?<\/a>, l\u00e1 em 2009, em Santa Maria-RS.<\/p>\n<\/p>\n
\n