{"id":12752,"date":"2019-03-15T13:01:47","date_gmt":"2019-03-15T16:01:47","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=12752"},"modified":"2022-09-14T01:25:51","modified_gmt":"2022-09-14T04:25:51","slug":"como-documentar-um-projeto-cultural","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2019\/03\/15\/como-documentar-um-projeto-cultural\/","title":{"rendered":"Como documentar um projeto cultural?"},"content":{"rendered":"

* Esta postagem foi feita em dois momentos: antes e depois do curso. Na primeira parte, est\u00e1 a parte de divulga\u00e7\u00e3o do curso; na segunda parte, o relato feito depois de finalizado a oficina.
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Entre 2016 e 2017, quando fizemos Enfrenta!<\/a> na Espanha, um dos desafios que tivemos foi a documenta\u00e7\u00e3o dos projetos. Como relatar, gravar e registrar entrevistas\u00a0 mais de 20 coletivos de diversos lugares e com v\u00e1rias diferen\u00e7as (e semelhan\u00e7as)? Optamos por um blog, e de alguns aprendizados desse processo, seja no documentar em si quanto no que os coletivos falaram sobre o processo de documentar, \u00e9 que nasceu uma metodologia recombinante (de outras v\u00e1rias) e essa oficina.<\/p>\n

Como podemos deixar um registro significativo dos projetos e das a\u00e7\u00f5es que realizamos? Ou como compartilhar o processo de cria\u00e7\u00e3o antes, durante e depois de uma atividade? Aprender com os erros, refletir sobre o j\u00e1 feito e ativar a mem\u00f3ria para que nossos projetos persistam, mesmo que como documentos que v\u00e3o ajudar outrxs a fazer melhor, s\u00e3o alguns dos proveitos de realizar uma boa documenta\u00e7\u00e3o de projetos. \u00c9 certo que a internet e a tecnologia digital facilitam a produ\u00e7\u00e3o de registros, por\u00e9m documentar bem vai muito al\u00e9m de publicar uma foto em redes sociais: envolve sistematiza\u00e7\u00e3o de informa\u00e7\u00e3o, trabalho com a mem\u00f3ria e cuidado com o modo de arquivar o conte\u00fado. \u00c9 tamb\u00e9m contar uma hist\u00f3ria, deixar registrada uma vers\u00e3o dos fatos.<\/p>\n

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A proposta da oficina, que vai ser realizada no CPF Sesc, em S\u00e3o Paulo, 13, 14 e 15 de mar\u00e7o, das 10h30 \u00e0s 13h30<\/strong>, \u00e9 mostrar como proceder para garantir uma documenta\u00e7\u00e3o de projetos, do n\u00edvel m\u00ednimo ao qualificado. Vamos (eu, Leonardo Foletto, editor do Baixa; e Sheila Uberti, colaboradora do projeto) trabalhar sobre t\u00f3picos como quest\u00f5es introdut\u00f3rias da import\u00e2ncia da documenta\u00e7\u00e3o e da mem\u00f3ria, como selecionar e organizar o que ser\u00e1 relatado das a\u00e7\u00f5es, o uso de ferramentas de registro e de arquivo (de prefer\u00eancia as livres), a organiza\u00e7\u00e3o das compet\u00eancias de cada pessoa para produzir bons registros e a publica\u00e7\u00e3o dos materiais nas redes digitais (mas tamb\u00e9m em nossos arquivos internos). O pr\u00e9-requisito \u00e9 que xs participantes fa\u00e7am parte de algum projeto cultural, ativista, social, de cuidados, comunica\u00e7\u00e3o, inova\u00e7\u00e3o e que tragam (ou que tenham acesso para buscar) informa\u00e7\u00f5es de seus projetos, assim permitindo a realiza\u00e7\u00e3o da atividade pr\u00e1tica de documentar.<\/p>\n

Inscri\u00e7\u00f5es e mais detalhes aqui<\/a>. Depois do curso, como n\u00e3o poderia deixar de ser, documentamos aqui e trazemos refer\u00eancias e o material utilizado na oficina.<\/p>\n

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EDI\u00c7\u00c3O P\u00d3S-REALIZA\u00c7\u00c3O: RELATO<\/p>\n

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Como prometemos, segue um relato e o material (em PDF)<\/a> que utilizamos na oficina.
\nEla foi realizada durante tr\u00eas dias, no quarto andar do pr\u00e9dio da Fecom\u00e9rcio, em S\u00e3o Paulo, onde fica o Centro de Pesquisa e Forma\u00e7\u00e3o do Sesc, uma unidade (das mais de 20 na Grande S\u00e3o Paulo) focada em oficinas, cursos e palestras muito interessantes.<\/p>\n

Ao chegar na sala destinada \u00e0 oficina, propusemos uma organiza\u00e7\u00e3o diferente das classes: em vez do tradicional formato sala de aula, em linhas, montamos um c\u00edrculo, encaixando as mesas quebra-cabe\u00e7as do espa\u00e7o. O formato de roda permite que todos se vejam e proporciona<\/span> maior proximidade<\/span>, f\u00edsica e subjetiva,<\/span> entre as pessoas.<\/span><\/p>\n

Depois da apresenta\u00e7\u00e3o de cada um (nome, como chegou no curso, o que faz, o que voc\u00ea entende por documentar?), apresentamos o roteiro, esbo\u00e7ado antes mas ajustado a cada momento, de acordo com os interesses e a quantidade dos participantes (fomos entre 12 e 15, nos tr\u00eas dias, al\u00e9m dos dois oficineiros). Para o primeiro dia, trouxemos um pouco de conte\u00fado sobre documentar, espa\u00e7os de documenta\u00e7\u00e3o, porqu\u00ea documentar, processos de arquivo no meio digital. Ao final do primeiro dia, fizemos um exerc\u00edcio simples de documenta\u00e7\u00e3o a partir do modelo do CTA<\/a>, que adaptamos conforme as imagens abaixo do FlipChart. A proposta era organizar o que \u00e9 mais importante de cada projeto para, ao longo dos dias, ir aprofundando esse relato. Dividimos a turma em duplas e trios e cada grupo escreveu sobre projetos que trouxeram, seja os que j\u00e1 trabalham como os que est\u00e3o para realizar.<\/p>\n

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No segundo dia, iniciamos retomando alguns t\u00f3picos trabalhado na v\u00e9spera e logo iniciamos a leitura dos relatos dos projetos feitos a partir do modelo. Comentamos brevemente cada um, de forma a alinhar e organizar a estrutura dos textos. Depois disso seguimos para a apresenta\u00e7\u00e3o dos tr\u00eas eixos que escolhemos para guiar a documenta\u00e7\u00e3o: formato, plataformas e ferramentas. Apresentamos formatos, ferramentas e plataformas para publica\u00e7\u00e3o na internet, dando prefer\u00eancia \u00e0quelas de c\u00f3digo aberto. Explicamos tamb\u00e9m, a partir de um v\u00eddeo (tudo est\u00e1 na apresenta\u00e7\u00e3o em PPT), como funciona um dom\u00ednio e um servidor na rede – quest\u00f5es que s\u00e3o b\u00e1sicas para a autonomia em nossos projetos e assim n\u00e3o depender de “nuvens” (lembremos o meme: n\u00e3o s\u00e3o “nuvens”, mas sim computadores de outros<\/a>) que n\u00e3o sabemos bem como funcionam. Por fim, nesse dia encerramos com o licenciamento, etapa que segue a de publica\u00e7\u00e3o da documenta\u00e7\u00e3o na rede.<\/p>\n

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No terceiro dia, voltamos a algumas ferramentas e plataformas do dia anterior (falamos de muitas!), detalhamos mais alguns t\u00f3picos (como o de cultura hacker e as licen\u00e7as livres) e, ent\u00e3o, fizemos um segundo exerc\u00edcio M\u00e3o<\/span>–<\/span>na<\/span>–<\/span>Massa. Com os relatos simples constru\u00eddos no primeiro dia, a proposta era detalhar, mesmo que no papel (n\u00e3o t\u00ednhamos computadores para todes), quais v\u00e3o s<\/span>eriam os<\/span> formatos, plataformas e ferramentas utilizados na constru\u00e7\u00e3o da documenta\u00e7\u00e3o de cada projeto. A partir da\u00ed, encerramos a oficina com dicas da \u00faltima etapa do processo de documenta\u00e7\u00e3o digital, a circula\u00e7\u00e3o nas redes. Falamos um pouco das redes sociais, de como empatizar com o nosso p\u00fablico, de SEO, do planejamento dos conte\u00fados e da import\u00e2ncia de dar prioridade para nossos blogs, sites e plataformas na hora de publicar, e, a partir deles, espalhar nas redes sociais. Assim valorizamos as ferramentas e plataformas <\/span>nas quais<\/span> temos maior autonomia<\/span>,<\/span> e n\u00e3o redes como facebook e Twitter, que, para al\u00e9m das quest\u00f5es tecnopol\u00edticas implicadas, dificultam a recupera\u00e7\u00e3o <\/span>posterior<\/span> do material.<\/span><\/div>\n
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A experi\u00eancia de realizar essa oficina foi bastante interessante para n\u00f3s, que trabalhamos documentando projetos <\/span>h\u00e1<\/span> alguns<\/span> bons<\/span> anos. <\/span>N<\/span>os ajudou a organizar um processo que, muitas vezes, encaramos como “natural” e, por isso, n\u00e3o paramos para refletir com profundidade sobre suas etapas. <\/span>Assim <\/span>criamos um material e uma metodologia que ajuda a potencializar a cria\u00e7\u00e3o de relatos consistentes e que possam permancer nessa grande biblioteca aparentemente infinita que \u00e9 a internet. Criar uma mem\u00f3ria significativa de projetos culturais ajuda tanto na conta\u00e7\u00e3o das hist\u00f3rias como na recupera\u00e7\u00e3o desses processos para a cria\u00e7\u00e3o de novos projetos<\/span> –<\/span> al\u00e9m de ser um requisito indispens\u00e1vel na presta\u00e7\u00e3o de contas de qualquer tipo de projeto.<\/span><\/div>\n

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