{"id":12520,"date":"2018-08-27T18:11:34","date_gmt":"2018-08-27T18:11:34","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=12520"},"modified":"2018-08-27T18:11:34","modified_gmt":"2018-08-27T18:11:34","slug":"rss-uma-ferramenta-para-fugir-dos-algoritmos-das-redes-sociais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2018\/08\/27\/rss-uma-ferramenta-para-fugir-dos-algoritmos-das-redes-sociais\/","title":{"rendered":"RSS para fugir dos algoritmos das redes sociais"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/p>\n

Victor Wolffenb\u00fcttel chegou at\u00e9 n\u00f3s pelo caminho mais tradicional na internet: o e-mail. Nos escreveu para elogiar o trabalho aqui realizado e indicar um texto<\/a>, de sua pr\u00f3pria autoria, sobre o RSS, essa eficiente forma de organizar informa\u00e7\u00e3o na rede infelizmente esquecida nestes tempos de redes sociais. O texto em quest\u00e3o, publicado aqui abaixo, faz um amplo panorama da hist\u00f3ria e da praticidade do RSS. \u00c9 quase um artigo de arqueologia da m\u00eddia<\/em>, pois descreve tanto a hist\u00f3ria do RSS quanto seu funcionamento t\u00e9cnico de forma simples, mas sem ser simplista. Mas al\u00e9m de descrever a t\u00e9cnica e apontar o lado subversivo de se usar RSS hoje em dia, ele tamb\u00e9m aponta caminhos, como um tutorial, para voc\u00ea mesmo construir seu pr\u00f3prio feed<\/em> sem passar por algoritmos cada vez menos transparentes como as das redes sociais.<\/p>\n

\u00c9 a primeira colabora\u00e7\u00e3o de Victor aqui no BaixaCultura. Ele \u00e9 estudante de Administra\u00e7\u00e3o e mora em Novo Hamburgo, uma das maiores cidades da regi\u00e3o metropolitana de Porto Alegre. Escreve sobre tecnologia e cultura, criador e editor da newsletter liter\u00e1ria Quasar<\/a>. Bem-vindo, Victor!<\/p>\n

*<\/p>\n

Como e por que utilizar\u00a0RSS<\/h1>\n

UMA FERRAMENTA PARA FUGIR DOS ALGORITMOS DAS REDES SOCIAIS<\/strong><\/p>\n

Em mar\u00e7o de 2017, o criador da internet, Tim Berners-Lee, publicou um texto no jornal ingl\u00eas The Guardian<\/a> referente ao anivers\u00e1rio de 28 anos do protocolo web inventado por ele, o World Wide Web, principal forma de utilizar a internet at\u00e9 hoje\u200a\u2014\u200ae que a maioria de n\u00f3s, usu\u00e1rios comuns, tratamos como \u201ca\u201d internet. No seu texto, Barnes-Lee \u00e9 sucinto: ele est\u00e1 preocupado com tr\u00eas coisas na rede moderna. N\u00e3o h\u00e1 declara\u00e7\u00f5es de amor ou hist\u00f3rias de supera\u00e7\u00e3o brega no seu artigo. A internet est\u00e1 com problemas, e precisa de respostas. Os tr\u00eas desafios na rede atual, segundo ele, s\u00e3o: como o usu\u00e1rio perdeu controle de seus pr\u00f3prios dados pessoais<\/strong>; como \u00e9 f\u00e1cil para informa\u00e7\u00f5es falsas se espalharem na web<\/strong>; e a falta de transpar\u00eancia na propaganda pol\u00edtica<\/strong>.<\/p>\n

Eu poderia traduzir todo o texto numa tacada s\u00f3, mas vou me conter e utilizar apenas um par\u00e1grafo de refer\u00eancia para onde quero chegar. Sobre a desinforma\u00e7\u00e3o na web, o criador da coisa toda diz (tradu\u00e7\u00e3o livre):<\/p>\n

\n

\u201cHoje, a maioria das pessoas encontram not\u00edcias e informa\u00e7\u00f5es na web atrav\u00e9s de algumas redes sociais e buscadores. Esses sites faturam mais quando clicamos nos links que nos mostram, e eles escolhem o que nos mostrar atrav\u00e9s de algoritmos que aprendem com nossas informa\u00e7\u00f5es pessoais, as quais eles coletam constantemente. O resultado \u00e9 que esses sites nos mostram conte\u00fado que acham que n\u00f3s vamos clicar\u200a\u2014\u200aou seja, desinforma\u00e7\u00e3o e not\u00edcias falsas, as quais s\u00e3o surpreendentes, chocantes ou feitas para atrair nosso interesse, podem se propagar como um inc\u00eandio.\u201d<\/p>\n<\/blockquote>\n

A preocupa\u00e7\u00e3o de Tim Bernes-Lee quanto a desinforma\u00e7\u00e3o e aos algoritmos das redes sociais n\u00e3o \u00e9 nova, e tem sido amplamente divulgada<\/a>. O processo de adquirir informa\u00e7\u00f5es est\u00e1 passando por altera\u00e7\u00f5es que afetam profundamente o jornalismo e a m\u00eddia como um todo. Na verdade, o jornalismo vem sofrendo mudan\u00e7as dr\u00e1sticas e questionamentos sobre seu modelo de neg\u00f3cios<\/a>. Dentro dessa preocupa\u00e7\u00e3o geral e do cen\u00e1rio ca\u00f3tico, escrevo para propor uma ajuda ao usu\u00e1rio.<\/p>\n

A INTERNET ATRAV\u00c9S DO TEMPO<\/strong><\/p>\n

Nesses vinte e oito anos de exist\u00eancia da internet, muitos h\u00e1bitos e muitas ferramentas j\u00e1 foram tend\u00eancia, e os usu\u00e1rios mais antigos devem lembrar de uma tonelada desses. Para o brasileiro que estava l\u00e1 quando tudo come\u00e7ou por aqui, aquele que usava internet discada durante a madrugada porque era de gra\u00e7a e acordava todo mundo em casa porque o barulho do modem era insano, podemos citar o Netscape, Cad\u00ea e o ICQ como ferramentas comuns. Depois, se estabeleceram Google, Orkut, Youtube, Kazaa, MSN, Fotolog, MySpace, Blogger, WordPress, os portais Uol e Terra, por exemplo. Hoje, nossas ferramentas, chamadas \u201caplicativos\u201d, s\u00e3o Facebook, Twitter, Instagram, Whatsapp, Telegram, Snapchat, Tumblr, Medium, Netflix.<\/p>\n

(\u00c9 claro que essa linha do tempo de sites e servi\u00e7os n\u00e3o ficou extremamente precisa, cada usu\u00e1rio conheceu alguma ferramenta a algum tempo, e podem haver questionamentos\u200a\u2014\u200aum amigo meu ainda usa o ICQ no seu ambiente profissional, por exemplo. \u00c9 claro que tamb\u00e9m esqueci um monte de outras saudosas aplica\u00e7\u00f5es, mas isso n\u00e3o vem ao caso.)<\/p>\n

A tend\u00eancia gritante entre os servi\u00e7os citados \u00e9 a transforma\u00e7\u00e3o do acesso: o computador vem sendo abandonado. O navegador utilizado, seja ele o Firefox, Chrome, Opera ou Safari, n\u00e3o \u00e9 mais necess\u00e1rio para acessar nenhum dos aplicativos listados por \u00faltimo. O abandono do desktop e dos browsers aponta para uma das novas tend\u00eancias da internet: o cercamento do usu\u00e1rio. Tirando aquelas pessoas que trabalham na frente do computador e tem tempo livre para surfar na web e pesquisar p\u00e1ginas \u00e0 vontade, quantos hoje em dia t\u00eam uma lista de sites favoritos? O usu\u00e1rio tem acessado suas informa\u00e7\u00f5es pelos mesmos aplicativos e redes sociais. Se voc\u00ea n\u00e3o tem o aplicativo da Folha ou do Globo ou de qualquer outro grande jornal no celular, eu duvido que se informe por outro meio que n\u00e3o o Twitter ou Facebook. E a sua vis\u00e3o das not\u00edcias est\u00e1 condicionada a um algoritmo muito mais poderoso que a antiga disposi\u00e7\u00e3o das informa\u00e7\u00f5es nos cadernos dos jornais.<\/p>\n

P\u00d3S-INTRODU\u00c7\u00c3O: REDESCOBRINDO UMA FERRAMENTA<\/strong><\/h4>\n

A partir desse ponto, eu poderia come\u00e7ar a direcionar o texto para qualquer um dos aspectos mencionados por Tim Bernes-Lee no seu parab\u00e9ns-alerta de anivers\u00e1rio, os quais indicam uma internet prejudicada e prejudicial para o usu\u00e1rio comum: compartilhamento involunt\u00e1rio dos dados pessoais e privados; alienamento do usu\u00e1rio atrav\u00e9s de algoritmos que podem simplesmente apagar um assunto ou uma pessoa da sua vida; centraliza\u00e7\u00e3o da forma de obter informa\u00e7\u00e3o; propaganda pol\u00edtica disfar\u00e7ada de informa\u00e7\u00e3o; etc., etc. Mas o meu interesse nesse assunto todo \u00e9 apresentar uma ferramenta (spoilers est\u00e3o no t\u00edtulo do texto), e fazer o leitor entender porque ela pode ser \u00fatil nesse mundo preocupante em que estamos. Quando eu digo preocupante, quero dizer, capaz de fazer um magnata sem nenhum preparo, intolerante e conservador ser eleito presidente do pa\u00eds mais poderoso do mundo.<\/p>\n

O uso dessa ferramenta ajuda a evitar que casos como o de Myamar, um pa\u00eds asi\u00e1tico que mudou de um regime ditatorial para uma democracia h\u00e1 poucos anos, se tornem cada vez mais comuns. O Buzzfeed News fez uma mat\u00e9ria impressionante<\/a> mostrando a inclus\u00e3o digital do povo do pequeno pa\u00eds. Essa inclus\u00e3o\u200a\u2014\u200afeita atrav\u00e9s do acesso total da internet de uma hora pra outra\u200a\u2014\u200a\u00e9 integralmente baseada no Facebook (alguns usu\u00e1rios acreditam que \u201cinternet\u201d e \u201cFacebook\u201d s\u00e3o a mesma coisa, deixando de aproveitar a vastid\u00e3o de conte\u00fado online), e os novos h\u00e1bitos virtuais da popula\u00e7\u00e3o t\u00eam aumentado a intoler\u00e2ncia religiosa do pa\u00eds.<\/p>\n

N\u00e3o estou me referindo a um produto de uma nova startup que vai salvar o mundo. N\u00e3o \u00e9 um app que voc\u00ea baixa e milagrosamente muda a rotina da sua vida. \u00c9 um recurso que est\u00e1 dispon\u00edvel na internet h\u00e1 muito tempo e que nunca foi muito popular, mas que se mostra poderos\u00edssimo num mundo de algoritmos pr\u00e9-definidos com crit\u00e9rios secretos de exibi\u00e7\u00e3o de resultados. Do que eu estou falando? Do RSS. \u00c0s vezes chamado de feed, ou feed RSS, ou Atom, etc.<\/p>\n

EM TERMOS T\u00c9CNICOS E PR\u00c1TICOS: O QUE \u00c9 RSS<\/strong><\/h4>\n

RSS \u00e9 uma sindica\u00e7\u00e3o web. Sindica\u00e7\u00e3o \u00e9 um termo oriundo da televis\u00e3o, e uma pr\u00e1tica muito comum em pa\u00edses como os Estados Unidos, onde canais de TV locais compram e vendem programas para exibi\u00e7\u00e3o ao vivo e\/ou gravada de outros canais em outras localidades. Qualquer ferramenta de sindica\u00e7\u00e3o web, ent\u00e3o, seria uma adapta\u00e7\u00e3o disso: um meio de reproduzir o conte\u00fado lan\u00e7ado por um site atrav\u00e9s de outro site ou outro programa, enfim. A sigla RSS significa Really Simple Syndication<\/em>, ou seja, \u201cSindica\u00e7\u00e3o Realmente Simples\u201d.<\/p>\n

Muitos desenvolvedores trabalharam nessa ferramenta desde seu surgimento. Ela come\u00e7ou por iniciativa de alguns t\u00e9cnicos do falecido navegador Netscape, que lan\u00e7aram a vers\u00e3o 0.9. Depois que o browser<\/em> foi comprado pela AOL, o projeto foi deixado de lado, mas outros programadores continuaram aprimorando a sindica\u00e7\u00e3o, at\u00e9 ela chegar na vers\u00e3o 2.0 em 2005, na qual se mant\u00e9m at\u00e9 hoje. A hist\u00f3ria do RSS \u00e9 cheia de personagens e conflitos por direitos autorais. Por ter sido um trabalho abra\u00e7ado pela web e desenvolvido abertamente durante algum tempo, os t\u00e9cnicos da Netscape tiveram problemas quando quiseram registr\u00e1-lo como propriedade intelectual, especialmente depois de ter abandonado a ideia na vers\u00e3o 0.9.<\/p>\n

(Para quem quiser ler toda a hist\u00f3ria, est\u00e1 dispon\u00edvel na Wikip\u00e9dia em portugu\u00eas<\/a>.)<\/p>\n

Em termos de programa\u00e7\u00e3o, o RSS \u00e9 o que e os programadores chamam de \u201cdialeto\u201d dentro da linguagem XML (eXtensible Markup Language<\/em>), a qual \u00e9 utilizada para v\u00e1rios fins de organiza\u00e7\u00e3o de p\u00e1ginas. Olhando um arquivo XML puro, ele parece com HTML, exceto que podem ser criados novos dialetos e cada dialeto pode possuir diversas tags\u200a<\/em>\u2014\u200ada\u00ed o \u201ceXtens\u00edvel\u201d no nome. RSS \u00e9 ent\u00e3o um arquivo em linguagem XML que \u00e9 disponibilizado e atualizado automaticamente pelo site que o gera. Ele est\u00e1 dispon\u00edvel na maioria dos sites como uma p\u00e1gina pr\u00f3pria, a qual \u00e9 facilmente acess\u00edvel atrav\u00e9s do famosos \u00edcone do RSS:<\/p>\n

\"\"

Voc\u00ea certamente j\u00e1 viu esse s\u00edmbolo antes por a\u00ed<\/p><\/div>\n

Resumindo tecnicidades em termos simples, RSS \u00e9 um arquivo que se atualiza sempre que o site atualiza tamb\u00e9m. Qual o interesse nisso? Arquivos em linguagem XML n\u00e3o foram feitos para serem consumidos diretamente por humanos, mas sim interpretados por outras aplica\u00e7\u00f5es que ent\u00e3o disponibilizam a vers\u00e3o final para as pessoas. O RSS se torna realmente interessante quando utilizado junto aos chamados leitores ou agregadores.<\/p>\n

\"\"

Como parecia o agregador mais famoso de todos, o Google Reader, antes dele ser extinto<\/p><\/div>\n

Atrav\u00e9s dos agregadores, o usu\u00e1rio pode se inscrever<\/em> nos seus sites favoritos e acompanh\u00e1-los diretamente pelo leitor de feeds. Todas as atualiza\u00e7\u00f5es aparecer\u00e3o l\u00e1 diariamente e o usu\u00e1rio n\u00e3o precisa visitar a homepage. A princ\u00edpio, pode parecer pouco interessante para quem acessa a homepage de apenas um site, por exemplo, o G1. Mas mesmo para esse usu\u00e1rio, \u00e9 melhor utilizar o leitor de feed, pois n\u00e3o agride visualmente, n\u00e3o distorce as manchetes, e n\u00e3o tem publicidade<\/em>. Texto puro, organizado para leitura no agregador, separado em postagens, classificados apenas em \u201clidos\u201d ou \u201cn\u00e3o lidos\u201d.<\/p>\n

O RSS se torna realmente interessante para quem gosta de acompanhar mais de uma p\u00e1gina na web. Ele te d\u00e1 o poder de concentrar todos os sites em s\u00f3 um e poder decidir se quer ler certo texto ou n\u00e3o, de forma simples!! Todo o conte\u00fado \u00e9 listado verticalmente, tornando-se uma quest\u00e3o de escolha intelectual pura do leitor. Apesar de absurdamente simples, vou descrever um pequeno tutorial para come\u00e7ar a utilizar um agregador RSS e como adicionar os feeds.<\/p>\n

UTILIZANDO RSS: INTRODU\u00c7\u00c3O AOS AGREGADORES<\/strong><\/h4>\n

Basicamente, o que deve ser feito \u00e9 baixar ou criar uma conta online em algum agregador de RSS. Existem centenas pela internet. Antigamente, essa fun\u00e7\u00e3o era praticamente monopolizada pelo Google Reader, um dos melhores leitores de feed que j\u00e1 houve, especialmente pela sua fun\u00e7\u00e3o social de compartilhar os textos lidos com outros usu\u00e1rios atrav\u00e9s de um verdadeiro Facebook de textos<\/em>. Por\u00e9m, o Google Reader foi descontinuado pelo Google devido \u00e0 baixa popularidade (a quantidade de produtos do Google que foram abandonados por popularidade, independente de qu\u00e3o boa a ideia era<\/em>, assusta).<\/p>\n

Um dos agregadores mais populares hoje em dia \u00e9 o feedly<\/a>, o qual adicionou uma penca de fun\u00e7\u00f5es nos \u00faltimos anos, as quais, pra mim, s\u00f3 afastaram o usu\u00e1rio comum. Logo que o Reader acabou, eu tentei utiliz\u00e1-lo, mas a bagun\u00e7a visual me fez desistir. Outro feed conhecido \u00e9 o The Old Reader<\/a>, o qual se prop\u00f5e a ser exatamente igual ao antigo Google Reader (o nome diz tudo), mas, pelo menos nas vezes em que tentei usar, pareceu extremamente inst\u00e1vel e lento. Atualmente, utilizo o Digg Reader<\/a>\u200a\u2014\u200adepois de muitas tentativas com softwares baixados ou clientes de email (sim, \u00e9 poss\u00edvel ler feeds de sites usando o Outlook, por exemplo). N\u00e3o lembro como descobri que o Digg tinha um agregador, mas \u00e9 esse que recomendo, por estar utilizando a mais tempo\u200a\u2014\u200amais tempo at\u00e9 do que usei o Google Reader. O aplicativo para celular tamb\u00e9m \u00e9 muito simples, e permite leituras agrad\u00e1veis dentro do poss\u00edvel (ler no celular nunca vai ser agrad\u00e1vel). \u00c9 poss\u00edvel se inscrever usando email ou alguma conta j\u00e1 registrada no Google, Facebook ou Twitter.<\/p>\n

O Digg Reader \u00e9 a minha recomenda\u00e7\u00e3o pessoal, mas existem outros milh\u00f5es de agregadores por a\u00ed. Como dito antes, \u00e9 poss\u00edvel ler os feeds RSS at\u00e9 mesmo no cliente de email, o que vem bem a calhar quando se \u00e9 usu\u00e1rio de um desses softwares, como Thunderbird ou Outlook. A configura\u00e7\u00e3o pode demorar um pouco mais, mas n\u00e3o \u00e9 nenhum bicho de sete cabe\u00e7as.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

UTILIZANDO RSS: CATANDO OS LINKS PARA FEEDS\u00a0 <\/strong><\/h4>\n

Baixado o software ou inscrito no site, a segunda etapa \u00e9 procurar o feed dos seus sites favoritos. Provavelmente, o famoso bot\u00e3o de RSS vai estar bem no alto ou bem embaixo do site, junto com os \u00edcones de Facebook, Twitter e etc. Clique nesse bot\u00e3o, ele vai te direcionar para a p\u00e1gina do arquivo XML. Copie o link da URL. Geralmente, ele se parece com http:\/\/[site].com\/feed<\/a> ou http:\/\/[site].com\/rss<\/a> ou algo do tipo, mas isso n\u00e3o \u00e9 uma regra. Entre no seu agregador favorito e v\u00e1 em alguma coisa parecida com \u201cadicionar feed RSS\u201d ou \u201cinscrever-se em RSS\u201d e cole o link l\u00e1. Pronto, voc\u00ea j\u00e1 est\u00e1 inscrito. A partir de agora, sempre que o site atualizar, o feed vai automaticamente carregar o texto no seu agregador. Ele estar\u00e1 dispon\u00edvel exatamente como no site, sem precisar sair do leitor.<\/p>\n

Em alguns agregadores, est\u00e1 incorporado uma ferramenta de pesquisa de feeds, o que \u00e9 \u00f3timo, porque a\u00ed voc\u00ea n\u00e3o precisa procurar o link no site. S\u00f3 digite o nome do site na busca, e ele vai providenciar o feed. O que pode acontecer \u00e9 o site n\u00e3o possuir RSS. O G1, por exemplo, n\u00e3o tem. Nesse caso, recomendo come\u00e7ar a ler outro site, porque esse n\u00e3o est\u00e1 conforme os bons h\u00e1bitos da internet, o que me leva a outro ponto: o feed n\u00e3o \u00e9 s\u00f3 uma ferramenta qualquer, ele \u00e9 hist\u00f3rico para a web.<\/p>\n

O RSS EST\u00c1 POR TODA A INTERNET S\u00d3 VOC\u00ca N\u00c3O VIU
\n<\/strong><\/h4>\n

Antigamente, redes sociais como Twitter e Facebook geravam RSS para cada um dos perfis na rede<\/em>. Era excelente, porque voc\u00ea poderia seguir as pessoas que voc\u00ea gostava sem nem mesmo possuir conta na rede social. Se adicionasse o link no seu agregador, todos os tu\u00edtes da pessoa apareceriam como atualiza\u00e7\u00f5es, por exemplo. A fun\u00e7\u00e3o foi descontinuada pelas grandes redes. Hoje em dia, existem sites, como Queryfeed<\/a>, que substituem a fun\u00e7\u00e3o nativa e geram os feeds de perfis. Um excelente incentivo para abandonar as redes e continuar acompanhando as p\u00e1ginas de interesse. Sites de torrent como Pirate Bay disponibilizam o link de RSS de todo o site<\/em><\/a>, o que leva a uma pr\u00e1tica interessante para os usu\u00e1rios: baixar automaticamente arquivos a partir do momento em que o feed atualiza com seus links magn\u00e9ticos. Voc\u00ea pode se inscrever no link da sua s\u00e9rie favorita e baixar os epis\u00f3dios assim que foram disponibilizados, por exemplo. Os clientes de torrent possuem agregadores de feed que s\u00e3o utilizados especificamente para essa pr\u00e1tica, conhecida como Broadcatching.<\/p>\n

Por fim, o melhor exemplo do poder do RSS na internet e da sua influ\u00eancia na hist\u00f3ria da redes s\u00e3o os podcasts. O conceito de podcast \u00e9 exclusivamente baseado no uso de RSS para disponibilizar um arquivo de \u00e1udio baix\u00e1vel. Os podcasts feitos em site de streaming como Youtube e Soundcloud se proliferaram nos \u00faltimos anos, mas nenhum deles, se fosse catalogado, seria um podcast segundo o conceito original<\/em>. Conforme definido pelo escritor Warren Ellis em sua newsletter [tradu\u00e7\u00e3o livre], \u201cUm podcast \u00e9 um arquivo de \u00e1udio que um programa de podcasts pode capturar e baixar para um dispositivo. Um arquivo no Mixcloud ou Soundcloud n\u00e3o \u00e9 um podcast\u201d. \u00c9 claro que o conceito original pouco importa para o sucesso desses programas, e at\u00e9 acredito que quem est\u00e1 fazendo audioblogs <\/em>no Youtube hoje deve ter mais sucesso do que a maioria de podcasts perdidos em blogs, buscando alguns assinantes no seu feed que \u00e9 baixado por aplicativos de celular. A import\u00e2ncia da defini\u00e7\u00e3o de podcast, nesse caso, \u00e9 mais hist\u00f3rica que tecnol\u00f3gica: em 2004, n\u00e3o existia streaming, e o download autom\u00e1tico do seu programa favorito era como a assinatura do seu jornal ou revista favoritas, que chegavam\u200a\u2014\u200aesse verbo cada vez mais no passado\u200a\u2014\u200adireto na sua casa.<\/p>\n

O RSS \u00c9 POL\u00cdTICO
\n<\/strong><\/h4>\n

Sei que citar exemplos de torrent (uma tecnologia que, apesar de revolucion\u00e1ria, tem sido deixada de lado pela comodidade do streaming) e podcasts (um tipo de conte\u00fado que sempre foi marginal, com poucos exemplos de verdadeiro sucesso) pode parecer pouco mercadol\u00f3gico <\/em>para o produto que estou tentando vender<\/em>\u200a\u2014\u200ae hoje em dia tudo tem que ser observado dentro de uma perspectiva do marketing. Mas n\u00e3o pe\u00e7o desculpas, porque a l\u00f3gica \u00e9 contr\u00e1ria: antes da internet, a cria\u00e7\u00e3o de conte\u00fado e a informa\u00e7\u00e3o eram amplamente monopolizadas. O interesse das massas era facilmente direcionado conforme o conte\u00fado exposto pela m\u00eddia atrav\u00e9s dos meios de comunica\u00e7\u00e3o. Com o surgimento da rede, abriu-se o espa\u00e7o necess\u00e1rio para buscar novas fontes de informa\u00e7\u00e3o, controle pessoal do que se consome e liberdade de pensamento. O relato mais preciso sobre a transforma\u00e7\u00e3o da web foi feita pelo documentarista Adam Curtis no seu filme mais recente, HyperNormalisation<\/a> [tradu\u00e7\u00e3o livre]:<\/p>\n

\n

A internet atraiu as pessoas porque era hipnotizante. Era um lugar onde voc\u00ea poderia explorar e se perder da forma que quisesse. Mas atrav\u00e9s da tela, como num espelho de duas vias, agentes estavam te assistindo e prevendo e guiando a sua m\u00e3o no mouse. [\u2026] Com o aumento na quantidade de dados obtidos pelos sistemas online, novas formas de controle come\u00e7aram a surgir. As redes sociais criaram filtros, algoritmos complexos que observavam o que o indiv\u00edduo gostava, e os servia com mais disso. No processo, usu\u00e1rios come\u00e7aram a ser atra\u00eddos, sem notar, para bolhas que os isolavam de enormes quantidades de outras informa\u00e7\u00f5es. Eles s\u00f3 viam e ouviam o que gostavam. E o feed de not\u00edcias, <\/em>cada vez mais, exclu\u00eda qualquer coisa que poderia mudar seu ponto de vista pr\u00e9-existente.<\/p>\n<\/blockquote>\n

O controle vem sendo retomado por grandes grupos. Em um celular de usu\u00e1rio comum, o sistema operacional, o navegador, o buscador e o canal de v\u00eddeos (para dizer o m\u00ednimo) s\u00e3o todos da mesma empresa, o Google. Al\u00e9m disso, o Whatsapp, o Facebook, o Instagram e o Messenger s\u00e3o todos tamb\u00e9m da mesma empresa. Por isso, o uso de RSS, apesar de parecer datado, \u00e9 essencial retomarmos as r\u00e9deas do consumo de informa\u00e7\u00e3o, descentralizar e desalgoritmizar<\/em> nossa internet. A comodidade tem nos levado para o mesmo lugar em que est\u00e1vamos antes, mas o grande ponto da rede \u00e9 n\u00e3o ser c\u00f4moda: <\/em>\u00e9 aproveitar a oferta m\u00e1xima de conte\u00fado que pode existir para fazer o que voc\u00ea quer, e n\u00e3o deixar que algumas empresas te indiquem o caminho.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Victor Wolffenb\u00fcttel chegou at\u00e9 n\u00f3s pelo caminho mais tradicional na internet: o e-mail. Nos escreveu para elogiar o trabalho aqui realizado e indicar um texto, de sua pr\u00f3pria autoria, sobre o RSS, essa eficiente forma de organizar informa\u00e7\u00e3o na rede infelizmente esquecida nestes tempos de redes sociais. O texto em quest\u00e3o, publicado aqui abaixo, faz […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":12524,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[122],"tags":[1807,2012,299,316,168,705,1970],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12520"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=12520"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12520\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=12520"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=12520"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=12520"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=12520"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}