{"id":12123,"date":"2018-01-22T12:47:56","date_gmt":"2018-01-22T12:47:56","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=12123"},"modified":"2018-01-22T12:47:56","modified_gmt":"2018-01-22T12:47:56","slug":"nina-paley-e-a-pumpriedade-intelectual","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2018\/01\/22\/nina-paley-e-a-pumpriedade-intelectual\/","title":{"rendered":"Nina Paley e a “Pumpriedade Intelectual”"},"content":{"rendered":"

\"\"<\/p>\n

Uma das principais dificuldades para quem atua na seara da cultura livre no Brasil \u00e9 explicar o qu\u00ea, afinal, \u00e9 a cultura livre. V\u00e1rias vezes j\u00e1 mencionamos aqui o quanto conceitos como o copyleft, criado cerca de 30 anos atr\u00e1s, ainda suscita questionamentos do tipo “Mas na cultura livre tudo \u00e9 de gra\u00e7a? Propriedade intelectual ajuda os artistas a sobreviverem!” “Copyleft \u00e9 coisa de comunista, vai pra Cuba seu barbudo vermelho!”. Fizemos, inclusive, algumas falas por a\u00ed para explicar que muito do que se propaga por a\u00ed sobre a cultura livre \u00e9 mito<\/a>, causado por desinforma\u00e7\u00e3o, em alguns casos deliberadamente difundida por defensores do\u00a0copyright<\/em>.<\/p>\n

Mas em outros casos essa desfinforma\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m \u00e9 fruto de uma dificuldade de entender a cultura livre como uma pr\u00e1tica contracultural, anti status quo<\/em>, num mundo ainda dominado pela ideia rom\u00e2ntica de que criar \u00e9 um ato individual e de que seu criador \u00e9 um ser genial de ideias mirabolantes surgidas do nada. \u00c9 certo que a internet ampliou o banco de dados da cria\u00e7\u00e3o a n\u00fameros praticamente infinitos, e que pr\u00e1ticas como o remix (e seus antepassados, que descrevemos aqui nos “Pequenos Grandes Momentos Ilustrados da Hist\u00f3ria da Recombina\u00e7\u00e3o<\/a>“) tem nos mostrado cada vez mais que nada se cria e tudo se copia, mas perante a maior parte das pessoas o ato de criar ainda \u00e9 individual e propriet\u00e1rio. Para essa parte, portanto, a cultura livre ainda \u00e9 dif\u00edcil de compreender: como deixar “livre” (lembremos do mantra: livre n\u00e3o \u00e9 gr\u00e1tis!) uma cria\u00e7\u00e3o fruto de tanto esfor\u00e7o? Como n\u00e3o estocar num cofre uma ideia supostamente genial?<\/p>\n

\u00c9 nesse contexto que entra Nina Paley, artista nascida e atuante nos Estados Unidos e uma das mais talentosas vozes na defesa da cultura livre global. Com a anima\u00e7\u00e3o “Sita Sings the Blues”, lan\u00e7ado sob uma licen\u00e7a livre (veja<\/a> e\/ou baixe<\/a> voc\u00ea tamb\u00e9m), ela conseguiu mostrar, pra quem ainda n\u00e3o acredita, que \u00e9 poss\u00edvel produzir produtos culturais de excelente qualidade (t\u00e9cnica, inclusive) utilizando-se dos princ\u00edpios da cultura livre. E com o livro rec\u00e9m-lan\u00e7ado no Brasil, “Mimi e Eunice em Pumpriedade Intelectual”, pela Editora da UFBA, ela nos apresenta uma forma f\u00e1cil, em tirinhas, de dialogar sobre propriedade intelectual, cria\u00e7\u00e3o e cultura livre.<\/p>\n

\"\"<\/p>\n

Com di\u00e1logos curtos e diretos, as personagens Mimi e Eunice convidam todos n\u00f3s a pensar sobre o tema de forma inteligente e bem-humorada sobre o assunto. A tradu\u00e7\u00e3o do jornalista Andr\u00e9 Solnik, colaborador deste site, consegue dar flu\u00eancia ao texto. A entrevista com Paley que comp\u00f5e o livro – primeiramente publicada aqui<\/a>, em 2013 – esclarece algumas ideias que embasam a cr\u00edtica da artista \u00e0 propriedade intelectual. Por exemplo:<\/p>\n

“Prote\u00e7\u00f5es antic\u00f3pia colocam uma barreira entre o artista e a maioria das formas de apoio. Ao remover as barreiras de copyright, o artista torna poss\u00edvel o recebimento \u2013 tanto diretamente quanto por meio de distribuidores \u2013 de dinheiro e de outros tipos de apoio, aumentando assim suas chances de sucesso. <\/em><\/p><\/blockquote>\n

O pref\u00e1cio \u00e9 de autoria de Jorge Machado<\/a>, professor da Escola de Artes, Ci\u00eancias e Humanidades da USP, e faz uma discuss\u00e3o hist\u00f3rica e conceitual sobre propriedade intelectual e suas armadilhas. Como neste trecho:<\/p>\n

Com a \u201cpropriedade intelectual\u201d surge a l\u00f3gica de que todo conhecimento deve ter um \u201cpropriet\u00e1rio\u201d. \u00c9 como se a cultura <\/em>herdada de nossos ancestrais n\u00e3o existisse como um bem coletivo. O resultado dessa l\u00f3gica foi de que quanto maior a\u201cpropriedade intelectual\u201d, mais restrito fica o conhecimento comum da humanidade. Mas o que mais chama a aten\u00e7\u00e3o \u00e9 a aceita\u00e7\u00e3o de que bens intang\u00edveis e inesgot\u00e1veis, como s\u00e3o as ideias, devem ter tratamento legal e moral equivalente a bens f\u00edsicos, sujeitos \u00e0s leis de escassez, como uma bicicleta ou um celular.”<\/em><\/p><\/blockquote>\n

O livro foi lan\u00e7ado no Brasil em licen\u00e7a CC BY SA e pode ser baixado aqui<\/a>. Abaixo e no corpo desse post, algumas das tirinhas de Paley que est\u00e3o no livre. Nina \u00e9 desde 2009 \u00e9 artista residente do site\u00a0QuestionCopyright.org<\/a>, onde escreve e desenvolve projetos ligados ao tema, e ainda tem um blog divertid\u00edssimo na rede.<\/a><\/p>\n

\"\"\"\"<\/p>\n

<\/p>\n

<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Uma das principais dificuldades para quem atua na seara da cultura livre no Brasil \u00e9 explicar o qu\u00ea, afinal, \u00e9 a cultura livre. V\u00e1rias vezes j\u00e1 mencionamos aqui o quanto conceitos como o copyleft, criado cerca de 30 anos atr\u00e1s, ainda suscita questionamentos do tipo “Mas na cultura livre tudo \u00e9 de gra\u00e7a? Propriedade intelectual […]<\/p>\n","protected":false},"author":2,"featured_media":12125,"comment_status":"open","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":[],"categories":[122],"tags":[1780,199,146,165,147,163,369,197],"post_folder":[],"jetpack_featured_media_url":"","_links":{"self":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12123"}],"collection":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/users\/2"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=12123"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/12123\/revisions"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=12123"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=12123"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=12123"},{"taxonomy":"post_folder","embeddable":true,"href":"https:\/\/baixacultura.org\/wp-json\/wp\/v2\/post_folder?post=12123"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}