![\"\"](\"https:\/\/baixacultura.org\/wp-content\/uploads\/2017\/10\/troiancharla-655x875.jpg\")
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Nosso convidado para a BaixaCharla #3 foi Rodrigo Troian<\/a>, ativista de software livre desde 2004 e que desde 2008 vem pesquisando e fazendo redes em malha por wifi utilizando roteadores de baixo custo – as chamadas redes livres.<\/p>\n Troian participa desde 2010 da comunidade Latino Americana de Redes Livres, palestrando e organizando eventos em diferentes pa\u00edses da Am\u00e9rica do Sul. Entre 2011 e 2013 desenvolveu implementa\u00e7\u00f5es de redes comunit\u00e1rias na regi\u00e3o sul do Brasil e no Chile. Desde 2016 atua como consultor externo para organiza\u00e7\u00f5es nacionais e internacionais construindo redes e ministrando oficinas no Brasil e no exterior. \u00c9 um dos integrantes do coletivo da Coolab<\/a> \u2013 laborat\u00f3rio cooperativo de redes livres, colaborando na instala\u00e7\u00e3o e no modelo de sustentabilidade de provedores comunit\u00e1rios de Internet no Brasil.<\/p>\n Justo na hora da entrevista, tivemos um problema com a rede do Vila Flores\/ Hackerspace Matehackers e n\u00e3o conseguimos fazer a transmiss\u00e3o ao vivo. Coisas que s\u00f3 acontecem quando o papo \u00e9, justamente, sobre redes…<\/p>\n Fizemos a charla igual e gravamos. Nela, nosso convidado contou de toda sua experi\u00eancia desde os 2000 com a pol\u00edtica & t\u00e9cnica na instala\u00e7\u00e3o de redes livres mundo afora, e como aquilo que j\u00e1 foi uma utopia apenas para “escovadores de bits” (a expans\u00e3o das redes livres, seja para quem n\u00e3o tem acesso a internet, seja praqueles que querem ter uma rede paralela \u00e0 internet) tem se tornado, nos \u00faltimos anos, uma realidade global. Terminamos o papo de forma otimista – sim, n\u00e3o s\u00f3 \u00e9 poss\u00edvel como est\u00e1 acontecendo (it’s happening!): h\u00e1 redes livres enormes, redes mistas (com acesso a internet), intranets de comunidades inteiras, redes geridas por associa\u00e7\u00f5es\/cooperativas e muito mais.<\/p>\n Assista o v\u00eddeo. Abaixo dele e das fotos temos bonus tracks!<\/p>\n Alguns dos links das organiza\u00e7\u00f5es\/iniciativas citadas: Artigo 19<\/a>, Nupef<\/a>, AlterMundi<\/a>, Libremesh<\/a>, LibreRouter.<\/a><\/p>\n Instala\u00e7\u00e3o de uma rede livre em Juruti Velho, no Oesta do Par\u00e1, na Amaz\u00f4nia.<\/p><\/div>\n Em meados de 2013, fizemos um texto sobre redes livres aqui no Baixa que nunca conseguimos terminar, por uma s\u00e9rie de fatores que n\u00e3o cabe aqui falar. Como ele trata de redes livres e \u00e9 uma boa contextualiza\u00e7\u00e3o sobre o assunto, publicamos aqui abaixo, para complementar o relato j\u00e1 cheio de informa\u00e7\u00f5es da BaixaCharla.<\/p>\n ASCENS\u00c3O E QUEDA DAS REDES LIVRES COMUNIT\u00c1RIAS<\/strong><\/p>\n Para voc\u00ea ler este texto aqui, seja de um notebook, desktop, smartphone ou tablet, o esquema costuma ser o seguinte: voc\u00ea adquire um dispositivo que permite a conex\u00e3o \u00e0 rede e contrata um plano de alguma das operadoras a disposi\u00e7\u00e3o, que vai fazer a liga\u00e7\u00e3o da sua casa, ou do seu dispositivo, \u00e0 internet atrav\u00e9s de uma porta disponibilizada na sua rua, no caso de internet a cabo e nas poss\u00edveis redes wifi criadas a partir da\u00ed, ou possibilitar o registro a um \u201cespa\u00e7o\u201d no ar criado por uma antena 3G ou de r\u00e1dio, por exemplo.<\/p>\n Com este aparato f\u00edsico de ondas ou cabos por tr\u00e1s \u00e9 que voc\u00ea, de posse de um identificador de sua rede (o \u201cIP\u201d), vai ligar seu dispositivo, abrir um navegador e digitar “https:\/\/baixacultura.org\u201d e ler esse texto, ou chegar a ele atrav\u00e9s de alguma pessoa nas suas redes sociais, principalmente Twitter e Facebook \u2013 hoje, disparada a op\u00e7\u00e3o mais comum de entrada em alguns sites. Me arrisco a dizer que todas as pessoas que voc\u00ea conhece se conectam a rede dessa forma.<\/p>\n Pois bem, saiba que esta n\u00e3o \u00e9 a \u00fanica forma de se conectar a uma rede digital. Uma op\u00e7\u00e3o cada vez mais popular no mundo inteiro s\u00e3o as redes livres (ou redes \u201cmesh\u201d), que funcionam basicamente como grandes redes sem fio abertas, montadas a partir de um grupo de roteadores sem fio interconectados que propagam o tr\u00e1fego entre usu\u00e1rios e tamb\u00e9m emitem servi\u00e7os em banda larga a partir de n\u00f3dulos conectados \u00e0 internet.<\/p>\n Elas costumam funcionar de duas maneiras: se n\u00e3o tem nenhum ponto conectado \u00e0 internet, funcionam como grandes\u00a0intranets<\/i>, onde os usu\u00e1rios t\u00eam acesso a uma rede comunit\u00e1ria offline e podem se comunicar entre si da maneira que quiserem nessa rede, al\u00e9m de usufruir servi\u00e7os da rede.<\/p>\n Se um dos pontos tem acesso a internet, ent\u00e3o se tornam op\u00e7\u00f5es mais baratas de conex\u00e3o \u00e0 rede \u2013 o que propicia a cria\u00e7\u00e3o de pequenos provedores comunit\u00e1rios estruturados em organiza\u00e7\u00f5es sem fins lucrativos, que podem comprar seus equipamentos e terem at\u00e9 35 pessoas ligadas a sua pequena rede, segundo a lei brasileira.<\/p>\n Mais do que isso, Apesar dessa ilegalidade, em \u00e9poca de vigil\u00e2ncia na rede (vide caso NSA) e de restri\u00e7\u00e3o de coloca\u00e7\u00e3o de novos pontos de internet tem potencializado sobremaneira a expans\u00e3o das redes livres, como relata essa mat\u00e9ria publicada no New York Times (e\u00a0republicada na Folha<\/a><\/i>) semana passada.<\/p>\n Como as redes abertas (offlines) s\u00e3o aut\u00f4nomas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 internet, elas n\u00e3o podem ser fechadas por um governo. S\u00e3o tamb\u00e9m mais dif\u00edceis de vigiar porque os dados oscilam de maneira imprevis\u00edvel entre os n\u00f3s da rede, sem um polo centralizado. E, com a expans\u00e3o dos n\u00f3s da rede, as redes livres podem funcionar como uma pequena internet, com os mesmos servi\u00e7os oferecidos.<\/p>\n \u00c9 o caso da maior e mais antiga rede desse tipo, a\u00a0Athens Wireless Metropolitan Network<\/i><\/a>, criada na Gr\u00e9cia em 2002 e que, hoje, conta com mais de 2.500 usu\u00e1rios em toda a \u00e1rea metropolitana de Atenas e nas ilhas vizinhas \u2013 em algumas \u00e1reas, oferece velocidades de mais de 100 Mbps por segundo. A AWMN tem servi\u00e7os pr\u00f3prios de busca, compartilhamento, chats e telefonia VoIP (voz sobre IP, a maneira que o Skype funciona), o que muitas vezes faz com que os usu\u00e1rios nem precisam se conectar a internet, segundo afirma Joseph Bonicioli, presidente volunt\u00e1rio da associa\u00e7\u00e3o que supervisiona a AWMN.<\/p>\n No Rio Grande do Sul<\/strong><\/p>\n Durante algum tempo, uma rede livre funcionou em Santa Maria, criada em setembro de 2011 junto ao Centro Marista de Inclus\u00e3o Digital (Cmid), por sua vez vinculado \u00e0 escola Marista Santa Marta, na regi\u00e3o da Nova Santa Marta, oeste da cidade. A inten\u00e7\u00e3o de montar o sistema na cidade surgiu no 3\u00ba Encontro Latino Americano de Redes Livres, realizado no mesmo per\u00edodo do 12\u00ba F\u00f3rum Internacional Software Livre (Fisl), em Porto Alegre, nos dias 1 e 2 de julho de 2011.<\/p>\n Do evento, a Associa\u00e7\u00e3o de Software Livre (ASL) e o Centro Social Marista (Cesmar) partiram para a constru\u00e7\u00e3o da rede livre em Porto Alegre, no bairro Mario Quintana, onde fica a sede do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC). Ali surgia a Rede Livre M\u00e1rio Quintana, a primeira que sem tem not\u00edcia no estado, que inspirou a cria\u00e7\u00e3o da rede da Nova Santa Marta, a 2\u00ba, ambas constru\u00eddas a partir de equipamentos \u2013 servidores, antenas de wi-fi, roteadores \u2013 doados pelo Minist\u00e9rio P\u00fablico e o Governo Federal.<\/p>\n Aberta \u00e0 comunidade e a visitantes, a rede (que era offline) tinha por objetivo armazenar e disponibilizar conte\u00fado pr\u00f3prio via wireless numa das \u00e1reas mais carentes da cidade. Continha blogs, dicion\u00e1rio, enciclop\u00e9dia, fotos, v\u00eddeos, r\u00e1dio online e material di\u00e1tico dos cursos oferecidos pelo Cmid. \u201cN\u00f3s somos um fornecedor de conte\u00fado, n\u00e3o de internet, at\u00e9 porque legalmente n\u00f3s n\u00e3o podemos ser um provedor de internet\u201d, explicou\u00a0em entrevista publicada aqui quando do lan\u00e7amento da rede<\/a><\/i>, o engenheiro eletricista Everton Bocca, engenheiro eletricista e um dos professores do Cmid na Nova Santa Marta. Institui\u00e7\u00e3o que, ali\u00e1s, deveria ser um lugar mais reconhecido em Santa Maria, dado o trabalho de refer\u00eancia nacional que executa com os cursos que oferece a jovens de 5\u00ba a 9\u00ba s\u00e9ries (rob\u00f3tica, inform\u00e1tica, meta-reciclagem e meta-arte;\u00a0mais infos sobre eles aqui<\/a><\/i>)<\/p>\n A rede livre, que funcionou durante alguns meses na cidade, era acess\u00edvel gratuitamente para quem possu\u00edsse um computador com wi-fi nos 187 hectares da \u00e1rea do bairro cobertos por 12 antenas. Devido a popula\u00e7\u00e3o ser de baixa renda, \u00e0 \u00e9poca muito poucos tiveram condi\u00e7\u00f5es de utilizar o servi\u00e7o, o que, somado a interesses particulares e a rela\u00e7\u00e3o d\u00fabia (\u00e0 \u00e9poca) com a lei, acabou por fechar a rede. Uma pena.<\/p>\n A esperan\u00e7a \u00e9 que, neste momento, com a ofensiva contra a espionagem comandada pelo governo brasileiro, as redes livres voltem com mais for\u00e7a a serem pautadas no pa\u00eds (e em Santa Maria). Iniciativas, como as citadas aqui, e o\u00a0portal da nascente rede<\/i><\/a>\u00a0criada, s\u00e3o bons indicativos pra isso.<\/p>\n E hoje?<\/p>\n Assiste a BaixaCharla logo aqui em cima.<\/p>\n Fotos: <\/em>Flickr Colab,<\/em><\/a> Sheila Uberti (do dia da transmiss\u00e3o)<\/em><\/p>\n <\/p>\n<\/div>\n![\"\"](\"https:\/\/baixacultura.org\/wp-content\/uploads\/2017\/10\/photo5071349838561519588-655x491.jpg\")
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<\/p>\n![\"\"](\"https:\/\/baixacultura.org\/wp-content\/uploads\/2017\/10\/36454916194_9951bf9997_o-655x440.jpg\")
<\/p>\na op\u00e7\u00e3o se torna ilegal\u00a0<\/del> (n\u00e3o \u00e9 mais)\u2013 muito por, sabemos, press\u00f5es das grandes operadoras nacionais, que n\u00e3o v\u00eaem com bons olhos as iniciativas de redes dom\u00e9sticas oferecendo servi\u00e7os que poderiam ser melhores que as redes tradicionais.<\/p>\n