{"id":1103,"date":"2009-01-20T13:40:38","date_gmt":"2009-01-20T13:40:38","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=1103"},"modified":"2009-01-20T13:40:38","modified_gmt":"2009-01-20T13:40:38","slug":"live-at-campus-party","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2009\/01\/20\/live-at-campus-party\/","title":{"rendered":"Live At Campus Party"},"content":{"rendered":"
<\/p>\n
.<\/p>\n
C\u00e1 estamos na Campus Party<\/a>, depois de 20h de \u00f4nibus, 3h na fila e mais algumas poucas no Terminal Tiet\u00ea, auto proclamado o segundo maior terminal rodovi\u00e1rio das Am\u00e9ricas. Minha vinda ao evento estava condicionada\u00a0a um free pass<\/em> que surgiu na \u00faltima hora, sendo isso o principal fator para a viagem ter sido feita de \u00f4nibus. Mas n\u00e3o que eu reclame: estou aqui, e \u00e9 isso que importa.<\/p>\n Este ano a Campus Party \u00e9 sediada no Centro de Exposi\u00e7\u00f5es Imigrantes<\/a>, ao lado da Rodovia dos Imigrantes, acho que na Zona Sul de S\u00e3o Paulo. D\u00e1 pra chegar aqui f\u00e1cil: s\u00f3 pegar o metr\u00f4 linha azul e descer na \u00faltima esta\u00e7\u00e3o, Jabaquara. Foi o que fiz, e l\u00e1 esperei algum tempo para pegar o prometido \u00f4nibus que levaria as hordas de nerds para o Imigrantes, uns 15 minutos a p\u00e9 da esta\u00e7\u00e3o. N\u00e3o foi dif\u00edcil achar outros que fizeram o mesmo trajeto: mochil\u00e3o nas costas, bolsa grande nas m\u00e3os, cal\u00e7a jeans folgada, t\u00eanis-lancha e o olhar indefect\u00edvel de inoc\u00eancia nerd compartilhada funcionavam como identifica\u00e7\u00e3o certa dos que tamb\u00e9m iam para a Campus Party.<\/p>\n .<\/p>\n A fila que nos aguardava para entrar no local era surpreendentemente grande, se pensarmos que os port\u00f5es ainda n\u00e3o estavam abertos.\u00a0 Cheg\u00e1vamos de \u00f4nibus, passando por toda a extens\u00e3o dela, como um perigoso jogo de quebra de expectativas para quem n\u00e3o dormia direito nem tomava banho havia mais de 24 horas. Menos mal (?) que havia gente na fila desde a noite do dia anterior, literalmente pr\u00e9-acampando no recinto, e mais outros tantos com caixas e pr\u00e9dios de computadores, e outras tantas figuras raras de se ver para um interiorano como eu – japon\u00eas rastafari, japon\u00eas moicano, japon\u00eas loiro supostamente n\u00e3o falso e outros tipos de japoneses – que ao menos garantiam um atrativo para a espera na fila. Fora que nessas filas somos obrigados a comentar todas as coisas inusitadas que vemos para quem est\u00e1 atr\u00e1s ou na nossa frente da fila, o que garante uma amizade moment\u00e2nea prazerosa, que \u00e0s vezes at\u00e9 parte para outras coisas que n\u00e3o v\u00eam ao caso agora.<\/p>\n (N\u00e3o pense em bobagem; estamos falando de um recinto com mais de 4500 pessoas que s\u00e3o t\u00e3o aficcionadas por computador, e tudo que dele emana, quanto por sexo ou futebol, quando n\u00e3o pelas tr\u00eas coisas juntas.<\/em>)<\/p>\n .<\/p>\n Mas enfim que entrou todo o pessoal da fila. E enfim passamos mais umas boas duas horas numa outra fila dentro do Imigrantes, desta vez para acampar. Nada que as amizades de fila n\u00e3o fa\u00e7am passar r\u00e1pido e sem dor, embora as costas come\u00e7assem a latejar com o vai-e-para-pega mochila-larga mochila.<\/p>\n O espa\u00e7o das barracas, caso n\u00e3o d\u00ea pra visualizar bem na foto, \u00e9 realmente gigantesco, afinal s\u00e3o 4000 barracas . Filas e filas e filas e filas e filas de barraquinhas azuis, tipo Igl\u00fa, numeradas, iguaizinhas e bonitinhas. Demorei cerca de dez minutos para achar a minha, 732.\u00a0 A vizinhan\u00e7a pr\u00f3xima revelou-se alguns minutos depois: jovenzinhos cariocas e seus rrr<\/em> carregado, fascinados por games<\/em> e do tipo que nunca acamparam na vida; um piauiense que trouxe um colch\u00e3o infl\u00e1vel desde Teresina, 03 dias de viagem de \u00f4nibus; um estudante de jornalismo de Cric\u00eduma-SC, sulista como eu, primeira amizade-de-fila; e mais alguns outros que no momento ainda n\u00e3o sei quem s\u00e3o.<\/p>\n ***<\/p>\n \u00c0 noite resolvi andar por S\u00e3o Paulo. Encontrei um amigo ao lado da Igreja de Santa Cec\u00edlia, sentamos num bar. Duas coisas inusitadas no local: uma jukebox, imita\u00e7\u00e3o modernosa daquelas cl\u00e1ssicas de filme americano que se passa nas d\u00e9cadas de 40,50 e 60, recheada de sucessos sertanejos \u00e0 R$1,00 a m\u00fasica; e o oferecimento do gar\u00e7om para a compra de um cigarro no bar ao lado, t\u00edpica malandragem que eu ainda n\u00e3o entendo direito com funciona.<\/p>\n Caminhamos por alguns dos pontos mais ou menos centrais da cidade, tipo embaixo do Minhoc\u00e3o, a pior obra de engenharia j\u00e1 feita no Brasil como dizem por aqui; a Avenida S\u00e3o Jo\u00e3o e a famosa esquina com a Ipiranga, o local onde Caetano Veloso diz sentir alguma coisa em seu cora\u00e7\u00e3o<\/a>; a Pra\u00e7a da Rep\u00fablica, decadente e algo amea\u00e7adora \u00e0 noite.<\/p>\n<\/p>\n
<\/p>\n