{"id":10958,"date":"2017-06-08T19:35:10","date_gmt":"2017-06-08T19:35:10","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=10958"},"modified":"2017-06-08T19:35:10","modified_gmt":"2017-06-08T19:35:10","slug":"biblioteca-do-comum","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2017\/06\/08\/biblioteca-do-comum\/","title":{"rendered":"Biblioteca do comum"},"content":{"rendered":"
Lan\u00e7amos no in\u00edcio deste m\u00eas, a Biblioteca do Comum<\/a> \u00e9 uma biblioteca digital e de livre acesso sobre um conjunto de temas emergentes que apontam para novos paradigmas sociais, mais participativos, ecol\u00f3gicos e organizados de baixo para cima. Desenvolvida na plataforma livre Omeka<\/a>, ela pode reunir materiais de diferentes formato de texto, \u00e1udio e v\u00eddeo como livros, revistas, fanzines, artigos, teses e disserta\u00e7\u00f5es, entrevistas, quadrinhos e filmes relacionados a Agricultura Urbana, Arte e Tecnologia, Bens Comuns, Ci\u00eancia Cidad\u00e3, Cultura Livre, Economia Colaborativa, Educa\u00e7\u00e3o Expandida, Participa\u00e7\u00e3o Digital, Tecnologias Sociais, entre outros afins.<\/p>\n Ela nasce da fus\u00e3o das bibliotecas do Instituto Intersaber<\/a> e do Baixa Cultura<\/a> com o objetivo de se constituir como um grande bem comum de conhecimentos para inspirar e fomentar a consci\u00eancia p\u00fablica para mudan\u00e7as sociais e constru\u00e7\u00e3o de novas institucionalidades, assim como praticar uma experi\u00eancia de gest\u00e3o coletiva de recursos compartilhados. Para tanto, ela mant\u00e9m um chamamento permanente para organiza\u00e7\u00f5es e pessoas que compartilham da generosidade intelectual e da defesa do livre acesso ao conhecimento a se juntarem com suas bibliotecas e materiais correspondentes a este escopo tem\u00e1tico.<\/p>\n Bens Comuns de Conhecimento<\/strong><\/p>\n Uma importante particularidade dos bens comuns de conhecimento \u00e9 a de serem abundantes, isto \u00e9, nunca se esgotam pela quantidade de seu uso, mas, pelo contr\u00e1rio, podem ainda se multiplicar. Diferente dos bens comuns naturais que s\u00e3o escassos e necessitam de maior controle no seu uso para que n\u00e3o venham a faltar a quem deles extraia seu sustento. Se o material compartilhado \u00e9 um arquivo digital, muitas pessoas podem acess\u00e1-lo, visualiz\u00e1-lo e copi\u00e1-lo simultaneamente sem degrada-lo ou privar outros de fazer o mesmo. A Wikip\u00e9dia \u00e9 a maior realiza\u00e7\u00e3o nesse sentido e um produto da Internet. Por isso, defendemos o livre acesso ao conhecimento quando este trata de quest\u00f5es de interesse coletivo como o \u00e9 o caso do conhecimento cient\u00edfico. O cercamento e bloqueio do acesso a esse bem comum por meio da propriedade intelectual cria uma escassez artificial que visa o oligop\u00f3lio da capacidade de inova\u00e7\u00e3o \u00e0queles que podem pagar.<\/p>\n Este oligop\u00f3lio do conhecimento imp\u00f5e pesadas san\u00e7\u00f5es jur\u00eddicas para quem desafia seus prop\u00f3sitos como as que levou a morte o ativista do livre acesso ao conhecimento Aaron Swartz, autor do manifesto Guerrilla Open Access<\/strong><\/a>, ap\u00f3s ele abrir na rede o acervo fechado da JSTOR, o maior sistema online de arquivamento de peri\u00f3dicos acad\u00eamicos. Tamb\u00e9m n\u00e3o podemos esquecer o blog Livros de Humanas<\/a><\/strong> que compartilhava gratuitamente milhares de edi\u00e7\u00f5es brasileiras de importantes livros de literatura, filosofia e ci\u00eancias humanas e foi fechado em 2012 ap\u00f3s a\u00e7\u00e3o movida pela ABDR \u2013 Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Direitos Reprogr\u00e1ficos.<\/p>\n Mas longe de conter tais iniciativas, estas censuras acabam por estimular a cria\u00e7\u00e3o de novas experi\u00eancias mais ousadas como \u00e9 o caso da Sci-Hub<\/a><\/strong> e Library Genesis<\/strong><\/a>. Al\u00e9m disso, cresce mundialmente o movimento Open Access, reunindo in\u00fameros cientistas, pesquisadores, entidades e seus projetos de democratiza\u00e7\u00e3o do conhecimento. O conceito de Recursos Educacionais Abertos (REA) impulsionado pela UNESCO tamb\u00e9m faz parte desse movimento global. Importante tamb\u00e9m ressaltar como refer\u00eancia para nossa iniciativa a Digital Library Of the Commons<\/strong><\/a>, a maior biblioteca digital sobre bens comuns, criada ao longo de muitos anos por Elinor Ostrom e seu marido Vincent Ostrom em seu departamento de pesquisas na Universidade de Indiana.<\/p>\n A proposta da Biblioteca do Comum se insere no campo dessas iniciativas que visam remover essas barreiras de acesso para aprofundar uma comunidade de conhecimentos transdisciplinar, baseada numa interconectividade global sem hierarquias. Acreditamos que ela pode ser um meio fundamental para a resolu\u00e7\u00e3o dos problemas de diversas matizes que consternam as sociedades e o planeta.<\/p>\n Diversidade de Pensamentos e Interc\u00e2mbios Ao mostrar as diferentes abordagens sobre estes assuntos em diferentes pa\u00edses, a partir dos contextos espec\u00edficos existentes em cada um, queremos destacar que saberes e conhecimentos n\u00e3o s\u00e3o homog\u00eaneos e tampouco neutros e sublinhar as reciprocidades entre as preocupa\u00e7\u00f5es te\u00f3ricas e pr\u00e1ticas dos cientistas e agentes sociais e suas condi\u00e7\u00f5es de exist\u00eancia social.<\/p>\n Diferentes interpreta\u00e7\u00f5es da realidade e dos fen\u00f4menos podem provir de uma multiplicidade de formas e se nutrirem de diferentes fontes. H\u00e1 o conhecimento da ci\u00eancia, da arte e da religi\u00e3o, todas elas subdivididas em muitos tipos como s\u00e3o as disciplinas cient\u00edficas, as linguagens e movimento art\u00edsticos, e as cren\u00e7as religiosas, cada uma com perspectivas e enfoques pr\u00f3prios. Al\u00e9m disso, se considerarmos que os saberes e conhecimentos partem da experi\u00eancia, enquanto reconstru\u00e7\u00e3o mental dos est\u00edmulos que recebemos do mundo exterior, ent\u00e3o reconhecemos que tamb\u00e9m s\u00e3o estruturados pelas condi\u00e7\u00f5es locais, culturais, tecnol\u00f3gicas, de classe, de g\u00eanero, de \u00e9poca e mesmo subjetivas de indiv\u00edduos \u00fanicos que tem uma experi\u00eancia \u00fanica no mundo. Tudo isso forma uma pluralidade de camadas de saberes e conhecimentos que podem ser complementares ou antag\u00f4nicas, que se ajustam reciprocamente, entram em conflitos e disputam hegemonia. Um tal entendimento deve servir para manter um pensamento cr\u00edtico e ao mesmo tempo uma consci\u00eancia ampliada da realidade.<\/p>\n Por meio da Biblioteca do Comum, algu\u00e9m que tenha interesse ou esteja pesquisando sobre agricultura urbana ou economia colaborativa, por exemplo, pode encontrar o que se produz em diferentes pa\u00edses, sobretudo iberoamericanos, e por diferentes grupos de pesquisa. E, assim, conhecer as v\u00e1rias possibilidades de abordagens e tend\u00eancias.<\/p>\n Plataforma e Licen\u00e7as Livres<\/strong><\/p>\n A Biblioteca do Comum utiliza a plataforma de c\u00f3digo aberto Omeka<\/a>, destinada ao desenvolvimento de bibliotecas virtuais, que funciona analogamente a um blog, disp\u00f5e de uma variedade de interfaces e pode ser facilmente manuseada.<\/p>\n<\/a><\/p>\n
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\nOs conte\u00fados da Biblioteca do Comum concentram-se especialmente \u00e0 uma produ\u00e7\u00e3o iberoamericana, mas n\u00e3o exclusivamente. Com isso, visa possibilitar interc\u00e2mbios de trabalhos com distintas abordagens e enfoques sobre um mesmo assunto, conforme os variados contextos nacionais e culturais ou de grupos de pesquisa.<\/p>\n<\/a><\/p>\n