{"id":10138,"date":"2015-03-24T18:49:14","date_gmt":"2015-03-24T18:49:14","guid":{"rendered":"https:\/\/baixacultura.org\/?p=10138"},"modified":"2015-03-24T18:49:14","modified_gmt":"2015-03-24T18:49:14","slug":"produtoras-colaborativas-e-uma-tecnologia-digital-social","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/baixacultura.org\/2015\/03\/24\/produtoras-colaborativas-e-uma-tecnologia-digital-social\/","title":{"rendered":"Produtoras colaborativas e uma tecnologia digital social"},"content":{"rendered":"
Quem trabalha com os princ\u00edpios da cultura livre, especialmente a partir do software livre e das licen\u00e7as Creative Commons, j\u00e1 passou pela situa\u00e7\u00e3o: voc\u00ea apresenta seu projeto\/pesquisa\/produto pra algu\u00e9m (ou um grupo de pessoas), \u00e9 aplaudido, recebe os parab\u00e9ns, v\u00e1rios “muito legal!”. Em determinado momento, depois ou mesmo durante os parab\u00e9ns, surge algu\u00e9m a questionar: “muito interessante o trabalho de voc\u00eas, mas como voc\u00eas se sustentam, se tudo \u00e9 livre?<\/em>” como ‘ganham dinheiro<\/strong>‘, se o software \u00e9 dado de gra\u00e7a?”.<\/p>\n A resposta varia de acordo com cada um, mas costuma fazer a pessoa questionada condensar, em poucas frases, muitas e muitas horas de conversas, pensamentos e estudos sobre os princ\u00edpios da cultura e do software livre. Por exemplo: software (e cultura) livre n\u00e3o significa software (e cultura) gr\u00e1tis, como diz Richard Stallman na sempre citada frase<\/a> “free speech<\/em>, not as in free beer<\/em><\/span>“; nem toda troca precisa<\/i> ter dinheiro envolvido – porque mesmo estando num sistema capitalista, em algum n\u00edvel \u00e9 poss\u00edvel sobreviver, sim, de trocas e moedas que n\u00e3o necessariamente o dinheiro; o sustento prov\u00e9m de atividades indiretamente relacionada aos servi\u00e7os prestados ou produtos oferecidos de maneira gratuita, como consultoria, capacita\u00e7\u00e3o, ensino, personaliza\u00e7\u00e3o; ou, ainda, n\u00e3o me sustento com isso, fa\u00e7o porque gosto e quero que seja assim.<\/p>\n Penso nisso porque o II Encontro das Produtoras Colaborativas<\/a>, que juntou mais de 10 coletivos na semana passada no NAEA<\/a>, em Bel\u00e9m, trouxe essa questionamento em diversos momentos. E, mais do que isso, trouxe alguns exemplos que podem fornecer respostas criativas \u00e0s perguntas j\u00e1 citadas. Por que desde que a internet cortou alguns intermedi\u00e1rios e ressignificou outros, a realidade \u00e9 clara: n\u00e3o existe mais um modelo \u00fanico, pronto pra aplicar sem esfor\u00e7o, que vai sustentar tua produ\u00e7\u00e3o cultural – seja ela cinema, m\u00fasica, software, eventos, etc. Como Gilberto Gil j\u00e1 dizia em 2009, aqui mesmo no BaixaCultura<\/a>: “A digitaliza\u00e7\u00e3o n\u00e3o exige que toda obra de arte seja de gra\u00e7a, mas que um modelo pr\u00f3prio de comercializa\u00e7\u00e3o seja criado para cada necessidade. A tend\u00eancia atual \u00e9 que pensemos n\u00e3o na propriedade, mas no comum, no compartilhado\u201d.<\/p>\n A tecnologia social das produtoras colaborativas<\/b><\/p>\n Pensar no comum e no compartilhado \u00e9 justamente a linha-mestra das produtoras colaborativas, que, por hora, podemos resumir como uma tecnologia social que re\u00fane um conjunto de metodologias baseados na cultura e no software livre, no cooperativismo e nas moedas sociais. S\u00e3o metodologias que come\u00e7aram a ser estudadas em 2006, nos pontos de cultura do Quilombo do Sopapo<\/a> e da Biblioteca do F\u00f3rum Social Mundial em Porto Alegre<\/a>, e aplicados pela primeira vez pelos pont\u00f5es de cultura iTEIA, CDTL e Caravana Arcoir\u00eds na Aldeia da Paz, realizada no Acampamento Intercontinental da Juventude dentro do F\u00f3rum Social Mundial de 2009<\/a>, em Bel\u00e9m.<\/p>\n De 2009 pra c\u00e1, a tecnologia tem sido testadas em diferentes lugares, principalmente em Pontos de Cultura – projeto criado dentro do Cultura Viva<\/a> e uma das maiores conquistas da hist\u00f3ria da cultura brasileira, refer\u00eancia internacional (olha\u00ed o relato basco aqui no Baixa em que ele \u00e9 destacado<\/a>) e que desde 2014 \u00e9, por lei, pol\u00edtica p\u00fablica brasileira<\/a>.<\/p>\n A Produtora Colabor@tiva.PE<\/a>, que integra 6 pontos de cultura da regi\u00e3o metropolitana de Recife mais um cineclube e um centro de recondicionamento de computadores, foi a primeira que aplicou de forma permanente, a partir de 2010, o conjunto das metodologias das produtoras colaborativas. Pedro Jatob\u00e1, um dos criadores da Colabor@tiva.PE, apresentou a tecnologia, em uma das falas do primeiro dia de encontro, a partir da met\u00e1fora da \u00e1rvore: assim como as \u00e1rvores precisam de nutrientes para gerar frutos, as produtoras necessitam de insumos para alimentar o processo de forma\u00e7\u00e3o continuada e, assim, fomentar os ciclos de amadurecimento de novos empreendimentos.<\/p>\n Assim, os tronco s\u00e3o as 6 \u00e1reas de atua\u00e7\u00e3o: mem\u00f3ria, gest\u00e3o, produ\u00e7\u00e3o, economia, educa\u00e7\u00e3o e comunica\u00e7\u00e3o. Os galhos s\u00e3o os n\u00facleos tem\u00e1ticos: fotografia, \u00e1udio, v\u00eddeo, comunica\u00e7\u00e3o, produ\u00e7\u00e3o cultural, cria\u00e7\u00e3o de p\u00e1ginas na internet, entre outros. As folhas s\u00e3o os produtos e servi\u00e7os (clipe, registro fotogr\u00e1fico, curso de fotografia, mapeamento, site, etc); os frutos s\u00e3o a forma\u00e7\u00e3o continuada, aquilo que cai e d\u00e1 fruto, replica; e, por fim, tudo est\u00e1 estruturado em seis ra\u00edzes s\u00f3lidas, que vale destacar aqui:<\/p>\n cultura popular<\/b>: atuar na divulga\u00e7\u00e3o e no fomento da cultura popular de cada local; ser a m\u00eddia livre da express\u00e3o cultural popular; [Recomendo ver a apresenta\u00e7\u00e3o completa<\/a> para entender e ver como funciona na pr\u00e1tica<\/em>]<\/p>\n M\u00e3e Beth de Oxum, do Centro Cultural Coco de Umbigada<\/p><\/div>\n \u00c9 a partir dessa ideia que os produtos e servi\u00e7os da Colabor@tiva.PE s\u00e3o estruturados. Eles incluem desde a digitaliza\u00e7\u00e3o de saberes e tecnologias locais at\u00e9 a produ\u00e7\u00e3o de videoclipes de bandas locais, passando por oficinas de capacita\u00e7\u00e3o em v\u00eddeo e \u00e1udio com software livre e produ\u00e7\u00e3o de eventos culturais. Um exemplo pr\u00e1tico apresentado por M\u00e3e Beth de Oxum (foto acima), do Centro Cultural Coco de Umbigada<\/a> (ligada \u00e0 colaborativa PE), foi o Contos de Ifa<\/a>, um site que ensina a cultura afro-brasileira a partir de jogos onde os personagens s\u00e3o orix\u00e1s (Ogum, Ex\u00fa, Od\u00e9 e Obadulai\u00e9). Do \u00e1udio ao design e a programa\u00e7\u00e3o, tudo feito em software livre.<\/p>\n Jader Gama (Puraqu\u00e9) e Larissa Carreira, da Produtora Colaborativa do Par\u00e1, no lan\u00e7amento do livro “Coralizando”<\/p><\/div>\n Hackear a universidade: o caso do Par\u00e1<\/b><\/p>\n Outro exemplo que vale destacar aqui \u00e9 o da Colaborativa do Par\u00e1<\/a> e do Coletivo Puraqu\u00e9, de Santar\u00e9m. A primeira, criada em 2009, funciona a partir da tecnologia social das colaborativas, e oferece principalmente servi\u00e7os de forma\u00e7\u00e3o em software livre e produ\u00e7\u00e3o de eventos (veja aqui a o portf\u00f3lio<\/a>). O segundo nasceu como um laborat\u00f3rio de inform\u00e1tica na casa da m\u00e3e de Jader Gama<\/a>, integrante do grupo, no in\u00edcio da d\u00e9cada passada, e de aulas b\u00e1sicas de inform\u00e1tica passou ao ensino de programa\u00e7\u00e3o, entrou para as redes da Metareciclagem <\/a>e dos telecentros, ajudou na organiza\u00e7\u00e3o de encontros regionais como o F\u00f3rum Amaz\u00f4nico de Software Livre (FASOL)<\/a>, F\u00f3rum Amaz\u00f4nico de Cultura Digital<\/a> e, sobretudo, colocou a bela e long\u00ednqua Santar\u00e9m<\/a>, no encontro dos rios Tapaj\u00f3s e Amazonas, oeste do Par\u00e1, no mapa da cultura digital brasileira.<\/p>\n Na busca por recursos e sustentabilidade numa regi\u00e3o com pouco dinheiro e onde as dist\u00e2ncias dificultam e encarecem a produ\u00e7\u00e3o de qualquer evento\/oficina\/encontro, as duas produtoras\/coletivos fizeram, de 2010 pra c\u00e1, um movimento orquestrado de “hacker a universidade”. Jader Gama e Larissa Carreira – do Puraqu\u00e9 e da Produtora Colaborativa, respectivamente – entraram para o mestrado na UFPA, no N\u00facleo de Altos Estudos Amaz\u00f4nicos (NAEA), um centro de pesquisa acad\u00eamico voltado ao desenvolvimento regional da Amaz\u00f4nia<\/a>. Com membros de uma institui\u00e7\u00e3o organizada como o NAEA e ligados \u00e0 Universidade, tiveram a possibilidade de pleitear verbas de conv\u00eanios com diversos minist\u00e9rios do Governo Federal, e partir da\u00ed passaram a promover eventos de forma\u00e7\u00e3o e pesquisa tamb\u00e9m para o p\u00fablico de fora da universidade, atrav\u00e9s do grande guarda-chuva de projetos que \u00e9 a “Extens\u00e3o Universit\u00e1ria”. Relativamente desprezada dentro da p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o, a extens\u00e3o \u00e9 o mecanismo que as universidades brasileiras tem de interagir com a comunidade e sair de seus muros: passam por ela desde eventos culturais at\u00e9 incubadoras tecnol\u00f3gicas, oficinas de forma\u00e7\u00e3o e outros projetos que promovam a integra\u00e7\u00e3o do espa\u00e7o acad\u00eamico com a localidade a qual est\u00e1 inserida.<\/p>\n Foi assim que as produtoras se abrigaram dentro do NAEA, aproveitando-se tamb\u00e9m da maior possibilidade de interlocu\u00e7\u00e3o com outras \u00e1reas que um raro centro interdisciplinar de p\u00f3s-gradua\u00e7\u00e3o como o NAEA, criado em 1973, possibilita. E dessa maneira fizeram diversas oficinas formativas de software livre, de edi\u00e7\u00e3o de v\u00eddeos a cartografias digital, propuseram projetos de pesquisa em seus mestrados relacionados \u00e0s tem\u00e1ticas de seus trabalhos nas produtoras – Jader sobre transpar\u00eancia p\u00fablica nos munic\u00edpios paraenses, Larissa com comunica\u00e7\u00e3o comunit\u00e1ria e software livre – e, literalmente, ocuparam a Incubadora de Pol\u00edticas P\u00fablicas da Amaz\u00f4nia<\/a>, mecanismo de articula\u00e7\u00e3o institucional do qual o NAEA, junto de outros institutos de pesquisa e dos governos, faz parte. Vestiram a camiseta oficial da universidade para se relacionar de outra forma com a comunidade ao seu redor, promover a articula\u00e7\u00e3o efetiva entre esta mesma comunidade, o poder p\u00fablico e o espa\u00e7o acad\u00eamico, n\u00e3o raro centrado s\u00f3 em seu mundo – basta ver quantos estudantes de mestrado e doutorado voc\u00ea conhece que fazem algo de extens\u00e3o.<\/p>\n *<\/p>\n O II Encontro e a sustentabilidade Foi tamb\u00e9m atrav\u00e9s dessa parceria-ocupa\u00e7\u00e3o que o NAEA e a UFPA sediaram o II Encontro das Produtoras Colaborativas, entre os dias 19 e 21 de mar\u00e7o de 2015. Foi um momento das produtoras se conhecerem melhor, se familiarizar com a tecnologia social, para aquelas que n\u00e3o a usam integralmente, lugar de forma\u00e7\u00e3o – o 2\u00ba dia do evento contou com oficinas variadas – e, tamb\u00e9m, para promover o debate conceitual e institucional sobre produ\u00e7\u00e3o cultural e a cultura livre.<\/p>\n Participei da mesa sobre “Extens\u00e3o e comunica\u00e7\u00e3o comunit\u00e1ria”, no s\u00e1bado pela manh\u00e3, junto de Larissa Carreira, da colaborativa de Bel\u00e9m, Eduardo Lima e Pedro Jatob\u00e1 (media\u00e7\u00e3o), da colaborativa de Pernambuco e Daniel Luis (Umbigada no ar, um dos pontos da Colaborativa PE; foto acima). Falei um pouco da experi\u00eancia recente da Casa da Cultura Digital Porto Alegre<\/a>, em especial do Observatorio.cc<\/a> e dos projetos ligados aos dados abertos (como o Open Data Day<\/a> e o Hackday Tranporte P\u00fablico<\/a>), Daniel e Eduardo falaram das suas, com enfoque maior na experi\u00eancia de ambos com software livre – Daniel trabalha com \u00e1udio e Eduardo com v\u00eddeo. Larissa contou de sua pesquisa com comunica\u00e7\u00e3o comunit\u00e1ria e da rela\u00e7\u00e3o da produtora colaborativa com a universidade; um tanto do relato do t\u00f3pico acima foi baseado em sua fala. Mesa ampla, assuntos diversos, discuss\u00e3o boa.<\/p>\n Um dos debates mais instigantes foi o que encerrou a manh\u00e3 de s\u00e1bado, sobre arranjos produtivos locais, autonomia e pol\u00edticas p\u00fablicas. Ricardo Poppi, da Secretaria Geral da Presid\u00eancia, Ricardo Abramovay<\/a> (professor da FEA-USP), Lula Dantas (Comiss\u00e3o Nacional dos Pontos de Cultura), Ge\u00f3rgia Haddad Nicolau, do MinC (atualmente na secretaria de pol\u00edticas culturais, n\u00e3o mais na de economia criativa, que vai ser extinta), mediada por Luana Vilutis (Colaborativa.PE). Outra mesa bastante diversa, que teve por destaque o tom de cobran\u00e7a que a plateia fez aos dois representantes do governo, Poppi e Ge\u00f3rgia. Ela, em especial, destacou que al\u00e9m de “hackear as pol\u00edticas p\u00fablicas”, tema bastante apontado nas quest\u00f5es da plateia e tamb\u00e9m por Poppi, se faz necess\u00e1rio que a popula\u00e7\u00e3o acompanhe o que est\u00e1 sendo feito no governo, para assim pressionar e cobrar o funcionamento das pol\u00edticas que s\u00e3o criadas dentro dos mecanismos institucionais e, n\u00e3o raro, se perdem por falta de conhecimento ou de contribui\u00e7\u00e3o dos interessados.<\/p>\n Ela citou tr\u00eas temas centrais para acompanhar as pol\u00edticas culturais do MinC, agora sob o comando do ministro Juca Ferreira, um o\u00e1sis progressista<\/a> numa escala\u00e7\u00e3o conservadora e reacion\u00e1ria de minist\u00e9rios feita pelo governo Dilma. S\u00e3o eles: marco regulat\u00f3rio das organiza\u00e7\u00f5es da sociedade civil (MROSC<\/a>), que entra em vigor em julho de 2015; o sistema nacional do Procultura<\/a>, que est\u00e1 para ser aprovado nos pr\u00f3ximos meses; e a reforma da Lei de Direitos Autorais (LDA), que vai ser retomada agora com for\u00e7a e precisa de muita articula\u00e7\u00e3o da sociedade civil para conseguir barrar o forte (e bem pago) lobby da ind\u00fastria do copyright – quem acompanha esta p\u00e1gina j\u00e1 faz alguns anos<\/a> sabe da import\u00e2ncia de uma atualiza\u00e7\u00e3o da lei dos direitos autorais no cen\u00e1rio da tecnologia digital e da internet no Brasil e no mundo.<\/p>\n Ricardo Abramovay, refer\u00eancia no Brasil quando o assunto \u00e9 economia colaborativa, trouxe apontamentos sobre o cen\u00e1rio atual: nunca tivemos tantos instrumentos de coopera\u00e7\u00e3o social, mas, de fato, estamos sabendo cooperar ou estamos sendo soterrados pela avalanche de informa\u00e7\u00f5es e ferramentas pasteurizadas que as redes sociais nos jogam diariamente? Uma das falas que mais teve resson\u00e2ncia no encontro, e que se liga \u00e0 abertura desse post, \u00e9 a de que o ativismo precisa se organizar a partir da viabilidade econ\u00f4mica. Ele ressaltou a necessidade de pensar em empreendedorismo (no que pese o uso torpe dessa palavra pelos setores mais liberais da administra\u00e7\u00e3o) para viabilizar a\u00e7\u00f5es ativistas, pois esta \u00e9 um elemento fundamental para dar visibilidade a causas de interesse planet\u00e1rio, especialmente neste momento, que est\u00e1 mais vis\u00edvel do que nunca que o consumo exagerado e a busca por energia para alimentar esse consumo est\u00e3o destruindo DE FATO o planeta (se ainda tiver d\u00favida, leia “H\u00e1 mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins<\/a>“, de Eduardo Viveiros de Castro e D\u00e9borah Danowski, e tente n\u00e3o se preocupar).<\/p>\n \u00c9 uma quest\u00e3o pol\u00eamica, que muitos ativistas torcem o nariz – anarquistas, ent\u00e3o, nem se fala. Mas talvez uma das melhores respostas atuais pra quest\u00e3o que abriu esse texto seja, justamente, a tecnologia social das produtoras colaborativas: ativista, sim, no uso do software livre, na propaga\u00e7\u00e3o do conhecimento aberto e das culturas populares atrav\u00e9s das m\u00eddias livres e no desenvolvimento de uma economia baseada em produ\u00e7\u00e3o org\u00e2nica e sustent\u00e1vel. Mas tamb\u00e9m com um p\u00e9 criativo na rela\u00e7\u00e3o com o “mercado”, em formas de viabilizar financeiramente a produ\u00e7\u00e3o da cultura livre, seja atrav\u00e9s de editais p\u00fablicos ou de outras formas a serem inventadas, para que n\u00e3o se torne ref\u00e9m de nenhuma forma de financiamento. Buscando, sempre quando poss\u00edvel, rela\u00e7\u00f5es menos baseada no lucro e mais na colabora\u00e7\u00e3o. Utopia? Em constru\u00e7\u00e3o.<\/p>\n [Leonardo Foletto<\/strong>]<\/p>\n Confira mais algumas fotos do evento na p\u00e1gina das colaborativas no ITeia<\/a>, portal criado para abrigar a produ\u00e7\u00e3o multim\u00eddia de centros culturais nacionais e internacionais, em especial os Pontos de Cultura. Vale conferir tamb\u00e9m a organiza\u00e7\u00e3o do evento, toda realizada de forma transparente dentro da plataforma corais<\/a>. O pr\u00f3ximo encontro est\u00e1 previsto para 2017, em vota\u00e7\u00e3o (tamb\u00e9m no Corais) se em Recife ou Porto Alegre. \n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Quem trabalha com os princ\u00edpios da cultura livre, especialmente a partir do software livre e das licen\u00e7as Creative Commons, j\u00e1 passou pela situa\u00e7\u00e3o: voc\u00ea apresenta seu projeto\/pesquisa\/produto pra algu\u00e9m (ou um grupo de pessoas), \u00e9 aplaudido, recebe os parab\u00e9ns, v\u00e1rios “muito legal!”. 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\nsoftware livre<\/b>: al\u00e9m de toda a quest\u00e3o social do software livre, ele \u00e9, tamb\u00e9m, a \u00fanica maneira legalizada de funcionar numa comunidade sem precisar pagar fortunas por licen\u00e7as de software.
\ncooperativismo<\/b>: ser autogestionado, sem “patr\u00e3o”, mas cooperativados; rela\u00e7\u00e3o horizontal;
\ncriatividade:<\/b> buscar formas alternativas e criativas de n\u00e3o fazer “empacar” os projetos;
\nempreendedorismo<\/b>: a necessidade de fazer a produtora funcionar, e minimamente pagar as contas;
\nmoeda social<\/b>: em muitas comunidades onde as produtoras atuam o dinheiro \u00e9 escasso; ent\u00e3o \u00e9 criada uma moeda social pra balizar trocas dentro da comunidade. Ela pode fazer servi\u00e7os pra fora da comunidade por dinheiro, mas dentro ela pode fazer servi\u00e7os na moeda social, trocar a cria\u00e7\u00e3o de uma p\u00e1gina na internet por almo\u00e7os, por exemplo. No caso da Colabor@tiva.PE, h\u00e1 a moeda social Concha, a primeira criada em Pernambuco, toda gestionada dentro da plataforma Corais.org<\/a>, que, ademais, \u00e9 um ambiente de cria\u00e7\u00e3o\/gest\u00e3o de projetos todo criado em software livre e que re\u00fane v\u00e1rias outras produtoras colaborativas e outras redes.<\/p>\n<\/a>
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