torrent – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Sat, 06 Jul 2024 23:10:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg torrent – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 ViraCasacas: BaixemCultura https://baixacultura.org/2024/07/06/viracasacas-baixemcultura/ https://baixacultura.org/2024/07/06/viracasacas-baixemcultura/#comments Sat, 06 Jul 2024 23:10:24 +0000 https://baixacultura.org/?p=15679 Participei nesta semana de um dos podcasts mais conhecidos numa certa “bolha” progressista da internet brasileira: Viracasacas. O papo foi de Extinção da Internet à cultura hacker, passando por Mark Fisher, comuns, decrescimento, Napster e principalmente pela cultura livre e as implicações do download, do torrent e da pirataria na circulação da cultura no meio digital. Uma charla algo saudosista sobre como a internet era muito mais divertida, autônoma e livre antes da plataformização pode nos fazer lembrar de como ela ainda pode ser diferente. Segue abaixo o texto de divulgação do Viracasacas

“Saudações piratas! (“Abordar…navios mercantes…invadir, pilhar, roubar o que é nosso…”). Ou não, porque não há nada de errado – e tudo de muito certo – em liberar a cultura de amarras. Sobre as novas formas de trato com as guerras em função de uma cultura vista como propriedade material estática, e sobre como a internet virou uma vilã difusa nesse processo, trazemos Leonardo Foletto da Baixa Cultura, laboratório online que trabalha com documentação, pesquisa, formação e experimentação em cultura livre. O papo ficou fortíssimo, e com muita indicação de coisas para você conseguir grátis – como todas as outras coisas, aliás ;)”.

Dá pra escutar direto aqui abaixo e também nas principais plataformas de streaming.

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A importância do torrent para a cultura do compartilhamento https://baixacultura.org/2020/07/09/a-importancia-do-torrent-para-a-cultura-do-compartilhamento/ https://baixacultura.org/2020/07/09/a-importancia-do-torrent-para-a-cultura-do-compartilhamento/#respond Thu, 09 Jul 2020 21:57:15 +0000 https://baixacultura.org/?p=13212

Semana passada, uma (velha) polêmica voltou a circular no Twitter: baixar séries e livros em torrent traz vírus para seu computador? Para além do fato de que sim, traz vírus (mas quem usa GNU/Linux sabe que não existe vírus), a questão provocou defesas apaixonadas do livre acesso ao conhecimento que o torrent, tornado símbolo da pirataria na rede, possibilita como poucos.

Andressa Soilo, antropóloga doutora pela UFRGS, que já esteve por aqui justamente escrevendo sobre a cultura do compartilhamento e do torrent [Streaming e a “pirataria” digital atuam em parceria?, setembro de 2019], escreveu um texto em seu Medium sobre a polêmica envolvendo o tema. Republicamos aqui abaixo porque, além de ótimo, o artigo ressalta importantes aspectos sociotécnicos e culturais do torrent para a cultura do compartilhamento potencializada na rede. Vale lembrar que fizemos duas postagens recentes sobre torrent por aqui: Como compartilhar conteúdo e fazer backup por Torrent e Como usar e baixar conteúdo compartilhado grátis, dois tutoriais que também resgatam aspectos históricos do formato e trazem nossa posição sobre o tema.

A CULTURA DO TORRENT

Andressa Soilo

O torrent não é algo do passado. Também não equivale a uma tecnologia substituída pela popularidade do streaming. O protocolo P2P, do qual o torrent faz parte, existe e persiste, não apenas enquanto meio de acessar algum bem digitalmente, mas também enquanto cultura colaborativa e de acesso.

Comumente pensado como referência de práticas piratas, o torrent possibilita o compartilhamento não somente de conteúdo que viola leis de direitos autorais, mas também conteúdo categorizado como legal. Atenho-me, neste texto, a refletir brevemente sobre os usos, os significados, os laços, as éticas, as percepções que o protocolo torrent mobiliza entre aqueles que fazem seu uso junto à pirataria.

Busco apresentar ponderações que transcendam noções circunscritas ao campo do imoral, incorreto, desonesto e ilegal. Que superem o campo de um uso meramente motivado ao campo econômico (às vantagens econômicas da pirataria), assim como visões mais atreladas às lógicas do direito (restritivas ao acesso).

Em contraste às limitações dessas visões, existem milhares de vozes que se reconhecem mais humanizadas, incluídas, contempladas e até mesmo justiçadas no uso da pirataria através do torrent.

Não raro o protocolo, combinado à pirataria, é compreendido por seus usuários como sinônimo de acesso, como expressão da democratização do consumo, como uma via de protesto às noções e imposições do mercado. Ou seja, o torrent mobiliza mais do que comandos de leis, provoca modos de pensar e de reorganizar e ressignificar o mundo em que se vive.

Sobretudo, é sobre compartilhamento. É sobre uma cultura de compartilhamento. Compartilhar informações é um ato intrínseco à internet. Faz parte de sua estrutura, de como foi pensada, de como funciona, de sua ética. O torrent traz em sua operacionalidade uma lógica (e não somente uma técnica) similar à das redes que lhe possibilitam, que possibilitam a todos nós estarmos conectados.

No livro Counterculture to Cyberspace (2006), o autor, Fred Turner, argumenta que o surgimento da internet se deu a partir de duas ideologias distintas e em voga nos anos 1960: a ideologia militar que emerge da Guerra Fria e a contracultura hippie atravessada por ideais e noções de liberdade e compartilhamento.

Diferente do que se pode pensar, a tecnologia dos anos 1960 e 1970 não era dominada por hierarquias rígidas, pois era pensada e criada a partir da ideia de interação entre humanos e máquinas como um sistema em redes. Assim, o mundo das redes em conexão e a teoria dos sistemas ofereceram uma alternativa para a prática das ideias da contracultura: a cibernética apresentava um modo de vivenciar o mundo fora das hierarquias verticais, e em um looping de circuitos de energia e de informação.

Desde o princípio da internet, a fusão entre redes, éticas de liberdade e filosofias que se opunham à burocracia e à política tradicional alicerçaram o funcionamento e o modo como essas redes interagem entre si. Ou seja, a tecnologia é permeada e moldada pelo social, pelas ideias de quem as cria, de quem as pensa, e também de quem as consome — constantemente, mudanças advêm das criatividades que acompanham os usos da técnica.

O torrent reproduz essa dinâmica sociotécnica operando através de uma configuração relacional entre arquivos, peers, seeders e trackers. Também reproduz filosofias e lógicas de pensar o acesso a partir de experiências subjetivas, como mostro brevemente a seguir.

Vivenciando o torrent

 

Mesmo após duas décadas, o torrent persiste enquanto opção de acesso a conteúdo. Ainda que passe a dividir significativo espaço com as plataformas de streaming entre aqueles que buscam diferentes e melhores modos de experienciar conteúdo, a importância e as motivações sociais que levam usuários a fazerem seu uso não podem ser ignoradas (ou menosprezadas). As justificativas estão envoltas em percepções de mundo que dão valor ao que, e como, o torrent oferece acesso. Destaco algumas dessas razões.

O motivo econômico. Antes da (discutível) acessibilidade oferecida pelas plataformas de streaming, o torrent oferecia eficientes possibilidades de alcançar um mercado cultural seletivo em termos de acesso. Bens considerados caros e de aquisição inviável por meio de vias legais para muitos grupos sociais passaram a ser aproximados e consumidos por estes. Um novo cenário de possibilidades e de inclusão é instaurado.

Nos últimos dez anos, a popularidade das plataformas de streaming reconfigurou a influência do torrent junto ao acesso. Novos meios legais disputavam espaço com preços considerados interessantes se comparados ao custo de uma TV a cabo. A popularidade do streaming, no entanto, fez com que o mercado o multiplicasse, tornando, mais uma vez, o acesso uma oferta exigente e custosa — afinal, a cumulação do valor das assinaturas de serviços para assistir o que se deseja não é compatível com acessibilidade.

Assim, uma das razões para o uso do torrent reside, ainda, na disparidade das condições de oferta do mercado e na realidade de quem não pode arcar com as exigências da dimensão legalizada. Muitas vezes, há quem assine um serviço legal, mas se utilize do torrent para acessar conteúdo que não lhe é disponibilizado. Há aqui um gerenciamento entre legal e ilegal. Uma gestão do (in)acessível em que o balanço se dá a partir de negociações de escolhas entre os melhores serviços a serem investidos, e o conteúdo a ser alcançado ilegalmente. Uma composição que enreda legal/ilegal para o alcance de uma harmonia.

Neste cenário também protagoniza os sensos de justiça de quem quer consumir. A reflexão sobre o que é justo e injusto na dimensão da distribuição e do acesso permeia as motivações de quem recorre ao torrent. A condicionalidade da cultura e da informação ao econômico faz com que muitos questionem o espaço da justiça neste arranjo, tornando o torrent receptivo (e mais justo).

Em uma conjuntura de sentidos de justiça semelhante, há também aqueles que, mesmo podendo arcar com o acesso, não o fazem nos moldes do mercado e do direito. Várias questões pessoais podem nortear tal opção, saliento a que mais se sobressaiu em minhas pesquisas: a questão ideológica.

Nestes casos, os formatos de distribuição de conteúdo, baseados em leis e punições, assim como em preços considerados inacessíveis, produzem emoções de oposição ao modelo do mercado. Grandes corporações são interpretadas como exploradoras, a liberdade de acessar a cultura e a informação é vista como cerceada por configurações liberais percebidas como injustas. Nesses casos, o torrent é utilizado como rejeição da cultura de mercado, às assimetrias das relações de poder entre mercado e consumidor. O torrent se torna um mecanismo de objeção, oposição, resistência.

O protocolo também mobiliza aqueles que percebem o conteúdo que querem acessar indisponível. Quando um bem passa de sua vida comercial, o torrent passa a dar uma sobrevida à cultura. É um modo de lembrar, de reintegrar, de existir. A recuperação da memória cultural é uma das prerrogativas de uma dinâmica distinta do mercado tradicional: a cultura não se dissipa em razão de lógicas comerciais e legais, ela é trazida à tona quando há vontade de compartilhá-la e vontade de acessá-la. Assim, motivações de restauração de um bem também atravessam o uso dos torrents.

O torrent também possibilita o acesso a bens difíceis de serem encontrados. Seja em razão de estarem banidos ou indisponíveis em determinadas regiões, ou mesmo raridades apreciadas por colecionadores. Um dos exemplos mais expressivos reside na disparidade de datas de estréias de conteúdo em diferentes localidades. Essa discrepância gera indignação e, mais uma vez, os sensos de injustiça são ativados para refletir os arranjos do mercado. O medo do spoiler, o sentimento de “ser deixado para trás”, de ser invisibilizado enquanto consumidor motiva um restabelecimento de uma justiça (simbolicamente violada) por meio do uso dos torrents.

Estes são apenas alguns exemplos que extrapolam noções que associam o uso do protocolo somente ao estigma da violação da lei, e à ganância. As motivações são permeadas por visões de mundo, sensos de justiça, emoções, valorização da cultura, entre outras reflexões sobre as configurações do mercado e do consumo. Ou seja, a cultura do torrent é mais complexa do que uma violação legal, é construída por vivências, pela experiência de seus usuários no mundo.

Mas, sobretudo, há um “espírito” de solidariedade/senso de comunidade nesta cultura.

Cultura do compartilhamento

Com o tempo, o compartilhamento dos arquivos via torrent ajudou a redefinir os modos de distribuição do entretenimento, assim como remodelou valores no campo do acesso, destacando a solidariedade como ética nas trocas, e reflexões contra a lógica dos direitos autorais.

Por vezes, quem faz uso do torrent acaba por compor uma rede permeada de dádivas, reciprocidades e obrigações. A colaboração não constitui apenas uma diretriz moral descompromissada, é um código de conduta que deve ser observado. Não basta somente receber arquivos, é importante que o usuário também os distribua a outros dispositivos em uma espécie de malha cooperativa.

A manutenção do sistema que mobiliza o torrent é baseada na lógica da reciprocidade. O sistema só sobreviverá, ou só operará de modo adequado e satisfatório se aqueles que recebem arquivos também os disponibilizarem proporcionalmente. Poucos compartilhadores, menos chances de fazer o download que se busca. Quanto mais pessoas possuem o arquivo, mais rápida será sua transmissão.

O equilíbrio entre dar e receber determina o êxito do acesso. Em termos de compartilhamento, algumas regras nos usos dos torrents reforçam o perfil colaborativo, ao mesmo passo em que produzem perspectivas, comportamentos e expectativas de reciprocidade.

De modo geral, espera-se que o usuário contribua com o upload de arquivos, e que apresente uma alta taxa de compartilhamento — indicativo de que está colaborando para o grupo, auxiliando ao menos uma pessoa a realizar o download. A etiqueta é importante: é esperado que doe a mesma proporção que recebeu. Quem se mostra mais generoso, é apreciado por seus pares. Em algumas ocasiões, quem compartilha mais é agraciado com downloads rápidos, em outras, a expressividade do compartilhamento passa a servir como moeda de troca para a entrada em grupos de trackers prestigiados. A ratio do compartilhamento também é medida para a manutenção do usuário em tal grupo.

Quem não colabora para o balanço da reciprocidade, é chamado de leecher, sanguessuga. São usuários que participam assimetricamente das dinâmicas de acesso, pois atuam de modo individual, sem compromisso com a comunidade. São percebidos como à margem do que é ser pirata.

Ser um pirata no cenário do torrent envolve mais do que acessar conteúdo ilegalmente. Compreende fazer parte de uma comunidade tecida e mantida por regras de cooperação em que a finalidade é compartilhar e servir à comunidade. É uma lógica de acesso parcialmente avessa à racionalidade do mercado. Enquanto que na cultura torrent a individualidade e o valor monetário não encontram amparo, no mercado convencional esses aspectos são valorizados.

Não se trata, assim, de questão que se esgote em dualidades de certo/errado. Não se resume a “pegar e tirar”. O torrent é sustentando por visões de mundo que dialogam constantemente com as inconsistências do mercado.

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Como compartilhar conteúdo e fazer backup por torrent https://baixacultura.org/2020/02/18/como-compartilhar-conteudo-e-fazer-backup-por-torrent/ https://baixacultura.org/2020/02/18/como-compartilhar-conteudo-e-fazer-backup-por-torrent/#comments Tue, 18 Feb 2020 13:54:06 +0000 https://baixacultura.org/?p=13149

Fonte: Oficina da Net

Quando escrevemos o texto sobre como usar torrent e baixar conteúdo compartilhado grátis, pensamos nesse título como uma espécie de clickbait: queríamos que, em pleno 2019, o torrent fosse capaz de atrair novos usuários usando a velha tática de prometer alguma coisa grátis. Afinal de contas, o modus operandi da internet na última década se baseia nessa ideia, casada com um gerador de receitas oculto: eu te dou algo de graça e de fácil acesso e você nem desconfia do que me dá em troca – seus dados de utilização, usados para alimentar bases gigantes com diversas finalidades: aprimorar inteligência artifial, machine learning, publicidade direcionada e todo tipo de personalização com dados, que seja capaz de aprender e prever o comportamento humano, como bem já foi revelado sobre o modelo de negócios do Rappi, o qual usa a entrega de mercadorias (com operação deficitária) como fachada para seu verdadeiro objetivo, coletar uma vasta quantidade de informação sobre usuários para gerar mais comércio direcionado, mais segmentação produtiva.

Pensei: se estamos habituados a entregarmos nossas vidas de graça para algumas empresas de redes sociais ou serviços, em troca de contato com amigos, familiares, flertes, ídolos e rivais, por que não poderíamos usufruir do torrent para acessar qualquer arquivo que gostamos, de graça, através da cópia de arquivos entre máquinas? De muitos já ouvi que a barreira é efetivamente usar o torrent, baixar o programa e achar os arquivos, e entender por que às vezes ele baixa e às vezes não.

Pois bem, agora que já expliquei como funciona o programa, como achar arquivos, como interpretar o cliente de torrent e por que ele baixa ou não, posso explicar a segunda parte importante sobre usar torrent: como compartilhar arquivos, ou seja, como criar um arquivo torrent, hospedá-lo num repositório e semeá-lo. Escrevo então sobre como dividir aquilo que mais gostamos com outras pessoas, desde amigos até completos estranhos do outro lado do mundo, e geramos impacto real na rede, através da cópia. De lambuja, ainda subimos pra rede nossos arquivos, e assim que eles são copiados, estão disponíveis em outras máquinas, e tornam-se acessíveis em outros computadores da internet, gerando uma espécie de backup – desde que alguém semeie o arquivo, claro.

Antes de mergulharmos de cabeça na ação prática, ou seja, começar a criar e compartilhar arquivos torrent, gostaria de trazer uma ideia sobre o uso da tecnologia e o ponto em que estamos hoje, onde parece que nada aconteceu na internet antes dos aplicativos facilitadores. Especialmente àqueles que ainda não se convenceram de que vale a pena usar a tecnologia p2p para navegar na rede. O bielorrusso Evgeny Morozov, no seu ensaio Por que estamos autorizados a odiar o Vale do Silício, um dos textos publicados no Brasil no livro “Big Tech – A Ascensão dos Dados e a Morte da Política“, da editora Ubu, elabora: 
    
“[…] O Vale do Silício destruiu a nossa capacidade de imaginar outros modelos de gestão e de organização da infraestrutura da comunicação. Podemos esquecemos os modelos que não se baseiam em publicidade e que não contribuem para a centralização de dados em servidores particulares instalados nos Estados Unidos. Quem sugerir a necessidade de considerar outras opções – talvez até mesmo modelos já publicamente disponíveis – corre o risco de ser acusado de querer “quebrar a internet”. Nós sucumbimos ao que o teórico social brasileiro Roberto Mangabeira Unger chama de “a ditadura da falta de opção”: espera-se que aceitemos que o Gmail seja a melhor e única forma possível de usar o correio eletrônico e que o Facebook seja a melhor e única maneira possível de nos conectarmos em redes sociais.”
Em um país onde sete em cada dez brasileiros se informam pelas redes sociais, parece quase utópico imaginar o uso de torrent para dividir e consumir livros, revistas, filmes, séries, softwares, e qualquer tipo de arquivo que o usuário imagine compartilhar. E parte disso é porque estamos cegos pela ideia de que não há opção, como dito por Morozov. Por todos os lados, a lógica do serviço mais cômodo faz com que os usuários comuns busquem cada vez menos dificuldades, e a famoso conceito da inclusão digital passa a ser deturpado: a inclusão é junto as Big Techs, e não ao digital.
Então que viremos o jogo aprendendo a criar torrents!

Existem dois grandes passos no processo: criar o arquivo torrent e hospedar o arquivo torrent. Vamos abordá-los sob estes dois atos.

1) Criar o arquivo torrent

Fonte: Wikihow

Depois de decidir o que você quer dividir, seja uma pasta de músicas ou de fotos, um filme ou uma biblioteca de livros, entre no seu cliente de torrent (uTorrent, qBitTorrent, Transmission são alguns dos mais comuns, mas aqui tem uma lista recente com outros também) entre no menu Arquivo > Criar torrent.
Selecione a pasta ou arquivo, crie um nome, aponte onde deve ser salvo, aponte trackers (os rastreadores de arquivos, que mencionamos no artigo anterior) e gere o arquivo. Aqui uma lista de trackers que você pode usar, copiando os links e colando-os no espaço destinado a eles (como mostra a figura abaixo). Quanto mais melhor, pois mais deles vão encontrar o seu arquivo numa busca. 

Pois bem, aí está seu arquivo .tor! Você já pode enviá-lo para amigos, que podem abri-lo em seus clientes de torrent e baixá-los, desde que o seu cliente esteja aberto e copiando o arquivo para eles. Percebe: como criador do arquivo, você acaba sendo também o primeiro seeder, e é importante manter o torrent aberto e copiando para outros pelo menos nos primeiros dias, para o arquivo se espalhar pela internet.

2) Hospedar o arquivo torrent na internet

Com o primeiro passo seus amigos já podem desfrutar do seu arquivo torrent. Mas digamos que você tenha uma biblioteca que quer compartilhar, como no Baixacultura, onde geramos um compilado de todos os livros que foram referência durante o curso “Tecnopolítica e Contracultura” e disponibilizamos online. Nesse caso, há (pelo menos) duas opções: deixar ele em repositórios de torrent, como a baía pirata mais famosa e resiliente da internet, o Pirate Bay; ou começar a semear imediatamente, deixando o seu computador (e os próximos que baixarem) como semeadores e guardiões do arquivo, como mostra a figura acima,
Para compartilhar um arquivo no Pirate Bay, então: 
Crie uma conta; no menu de navegação, clique em “Upload Torrent”; procure o arquivo torrent que tu queres subir no seu computador; crie um nome para o arquivo no site (exemplo: Biblioteca do Baixacultura) – este é o nome que as pessoas vão achar quando procurarem pelo arquivo no site; escolha uma categoria (vídeo, livro, software, música, etc.); marque a opção ou não de subir o arquivo anonimamente; se quiser, marque o seu arquivo em tags para ser mais fácil de encontrá-lo; escreva uma descrição amigável, de preferência dizendo quais arquivos estão contidos no torrent, qual a qualidade e formato do arquivo, etc.

Aqui também vale de, ao enviar o arquivo, deixar seu computador “semeando” o arquivo por um tempo, pelo menos até que outros “leechers” já tenham baixado e passem a semear também; quanto mais semeadores, mais rápido o arquivo vai ser baixado e em mais computadores ele estará.

3) Divulgar o link na internet

Agora que você já criou o torrent, subiu na rede, semeou para outros e viu que outros já tornaram semeadores do arquivo também, espalhe ainda mais! Divulgue para todxs que queiram acessar o arquivo, mostre também que é importante que eles deixem seus programas de torrent um pouco para semear também para outros.

Fácil, não?

[Victor Wolffenbüttel]
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Como usar torrent e baixar conteúdo compartilhado grátis https://baixacultura.org/2019/09/18/como-usar-torrent-e-baixar-conteudo-compartilhado-gratis/ https://baixacultura.org/2019/09/18/como-usar-torrent-e-baixar-conteudo-compartilhado-gratis/#comments Wed, 18 Sep 2019 12:26:24 +0000 https://baixacultura.org/?p=12988  

Em setembro de 2019, o CGI liberou novos dados sobre o uso da internet no Brasil. Já chegamos a 70% da população com acesso à internet, e 97% desse grupo faz isso via celular. O número disparou desde os últimos levantamentos, considerando que o acesso via celular e rede móvel propaga-se com muito mais facilidade que a distribuição via estrutura de telefonia fixa e máquinas de mesa. Em alguns lugares do país, é muito provável que se tenha internet via smartphone e 3G mas não saneamento básico. A maioria das pessoas utiliza a rede pra solicitar carros, comida, ou consumir música e vídeo por streaming, conforme dados da mesma pesquisa, que pela primeira vez reportou também como é utilizada a internet.

Mas a rede nem sempre teve essa configuração de acesso e uso.

Depois do surgimento da banda larga, quando os usuários ainda eram equipados por computadores e notebooks, a rede viveu um período de explosão de compartilhamento gratuito entre usuários, e que muitas vezes configurava pirataria de músicas, filmes, séries, livros, software e jogos de videogame.

Durante anos, a indústria sangrou, sofrendo com a pirataria, lutando judicialmente em busca da derrubada de sites, retirada de links piratas dos buscadores, e até denunciando usuários, que infelizmente eram feitos de exemplo para o resto da rede e podiam acabar presos ou recebendo multas estratosféricas por consumir conteúdo protegido pelo tão injusto direito autoral.

Demorou, mas apoiados pelo aumento da capacidade de servidores e da velocidade de conexão, os estúdios cinematográficos e gravadoras aprenderam que o usuário pirata estava disposto a pagar se tivesse acesso a essa possibilidade e apresentaram os serviços de streaming, usados hoje nos mais diferentes produtos (inclusive piratas, como o conhecido Popcorn Time), provavelmente por resolverem a questão com a solução mais fácil de todas: clicar e consumir instantaneamente.

Com a popularização desses serviços de streaming, no entanto, os membros do seleto oligopólio do entretenimento começam agora a bater cabeça. Artistas passam a assinar contratos exclusivos com serviços de streaming (como Beyoncé no Tidal), os grandes estúdios de filme passam a criar seus próprios streamings e barrar seus filmes dos outros (como é o caso da Disney, prestes a lançar o Disney+), e o usuário é obrigado a escolher entre Amazon Prime, HBO, Globoplay, Netflix ou Disney+, pra ficar apenas no audiovisual recente.

Nesse cenário, por motivos diferentes dos quais originalmente fizeram o compartilhamento livre tão popular, uma velha tecnologia reaparece com importância: o torrent, capaz de nos entregar, pelas mãos de outros amigos usuários, o conteúdo que a indústria quer que sejamos obrigados a escolher dentro de seus muros pagos.

Como o boom de acesso à internet veio depois dessa nova era, equipada por redes e aparelhos móveis, uma geração inteira de usuários não aprendeu a usar o torrent, e nunca teve interesse pelo compartilhamento gratuito e acesso indiscriminado de conteúdo protegido por direito autoral, uma discussão que já deu muito pano pra manga, e está passando por um novo período no Brasil, com uma consulta pública aberta recentemente, afim de reformular a Lei do Direito Autoral do país, uma das mais restritivas do mundo.

Pois então, está na hora de aprender a usar o torrent.

O que é exatamente Torrent

“Torrent” acabou virando verbo e sinônimo, o nome da tecnologia, do arquivo, do programa, do site e do processo de baixar arquivos. Tudo é torrent na cabeça de quem usa a tecnologia, e talvez por isso ela pareça tão misteriosa para quem nunca aprendeu como funciona.

Em termos técnicos, torrent é um protocolo de comunicação para compartilhamento peer-to-peer (P2P), utilizado para transmitir arquivos eletrônicos (definição via tradução livre da Wikipédia em inglês). Mas o que importa desse conceito é saber que torrent é o meio pelo qual usuários compartilham arquivos uns com os outros, através de suas máquinas.

O grande diferencial desse meio é o fato dele ser descentralizado, e não depender da conexão com um servidor que hospede toda a informação que se deseja acessar. Através do P2P, a máquina que quer receber o arquivo se conecta com diversas outras que já possuem o arquivo, e recebe pequenas partes dele vindas de cada um até ter o arquivo inteiro.

Digamos assim: em vez de pedir pra um amigo trazer o fardo de cerveja para o churrasco, solicito uma lata pra doze amigos, dividindo o fardo entre todos. O churrasco recebe a mesma quantidade de cerveja, mas o risco do amigo não trazer a dúzia e deixar todo mundo na mão é pulverizado nos doze participantes, que além de dividirem os custos do fardo, dividem a responsabilidade de fornecimento, numa parcela reduzida.

Como funciona o P2P (peer-to-peer)

Comparativo: rede P2P vs rede com servidor centralizado

É diferente de como utilizamos a internet normalmente. Em vez de entrarmos no navegador ou aplicativo, digitarmos um endereço e solicitarmos uma conexão com o servidor do site que buscamos, o qual entrega essa conexão baseado na velocidade do servidor único, acontece mais ou menos o seguinte:

  1. Entramos em um site que hospeda torrents (aqui estou usando o termo genericamente);
  2. Procuramos por um link magnético daquele arquivo que queremos baixar;
  3. Esse link magnético contém um arquivo .torrent com um código (chamado hash) que é aberto em um programa (chamado cliente);
  4. O cliente abre o link magnético e solicita que se escolha onde se deseja salvar o arquivo e quais partes dele queremos baixar;
  5. O cliente, que está servido dos rastreadores (chamados trackers), usa o hash para buscar todos os usuários que possuem uma cópia do mesmo hash em seu computador e estão com seu próprio cliente de torrent aberto, podendo copiá-lo;
  6. O cliente de torrent faz a cópia do arquivo para a sua máquina no local onde escolheu salvar.

Essa cópia de arquivo é feita simultaneamente em diversas máquinas, até centenas, caso seja algo que muitas pessoas estão compartilhando (digamos, o último episódio lançado de Game of Thrones).

Percebe-se que diversas partes desse fluxo que relatei acima não são realizadas pelo usuário, apenas fazem parte da tecnologia. O que o usuário precisa fazer mesmo é baixar um cliente de torrent, entrar num site de torrent, escolher o arquivo pra baixar, e selecionar onde salvar ele na máquina. Só isso basta pra começar a utilizar torrent, e são essas etapas que vou descrever abaixo.

Como usar: Passo 1 – Baixar um cliente de torrent

O cliente de torrent é o programa que tem que estar instalado no seu computador para abrir os links magnéticos de torrent. Como descrevi antes, é ele que consegue pesquisar o hash na rede e descobrir outros usuários que tem o arquivo que será copiado pra sua máquina.

Existem diversos clientes de torrent internet afora, sendo o mais famoso o uTorrent, o qual eu não recomendaria porque nos últimos anos teve alguns problemas de ramsonware em anúncios com Flash que rodavam dentro do programa, e por minerar criptomoedas no computador de usuários.

Utilizo o qBitTorrent, que é muito satisfatório, possui todas as funcionalidades necessárias, e não tem anúncios. Nessa lista temos ainda outras opções de clientes, o que pode ser útil para ajudar a escolher.

Como usar: Passo 2 – Entrar num site de torrents

Sites de torrents são como uma mato fechado que volta a se fechar muito rapidamente depois de aberta uma trilha. É preciso entrar a facão toda vez que se deseja utilizar, mas depois de certo tempo começamos a conhecer a rotina e fica fácil. O usuário de torrent acaba se acostumando com o fato de que sites são derrubados e reativados todos os dias, e aprende como pesquisar de forma a sempre achar o melhor arquivo.

Recomendo pesquisar sempre pelo site torrentz2.eu. Esse nome engraçado é porque é uma reanimação do finado site torrentz, que foi fechado por questões ainda desconhecidas.

O torrentz2.eu é um buscador de torrents. Pesquise por ali o arquivo desejado, e receba numa lista todos os sites que hospedam aquele arquivo. Eu recomendo sempre escolher aquele site que oferece o arquivo com mais seeds, que pode ser facilmente entendido olhando no número indicado ao lado direito do nome do arquivo.

A homepage do torrentz2. Podemos ver que ele contabiliza quantos arquivos .torrent estão sendo buscados por ele

Uma página de buscas do torrentz2. Nessa lista estão todos os arquivos torrent que tem algo a ver com o que você pesquisou. Após clicar, você é redirecionado para uma página que contém os sites que hospedam aquele arquivo. Aí é só escolher uma página e aguardar ser redirecionado.

 

Depois de selecionar um arquivo, ele abre esta página, onde aparecem todos os sites que hospedam o arquivo. Clique em um dos sites para ser redirecionado ao arquivo.

Confesso que depois que o torrentz renasceu com esse novo nome, me tornei meio dependente dele.  Durante alguns meses do ano passado, ele ficou desativado (também por razões desconhecidas até hoje), e passei algum apuro pra encontrar arquivos. Vida longa ao torrentz2.eu, portanto. Para evitar isso, aqui tem uma lista de sites variados de torrent.

É isso: você entrou no site, achou o arquivo desejado, clicou no link magnético, e escolheu o lugar pra salvar o arquivo. Agora deve-se aguardar o arquivo ser copiado pra máquina, conforme a velocidade de download que o cliente informa em tempo real.

Como usar: Passo 3 – Navegar em um site de torrents

Sites de torrent estão um tanto defasados, eu diria. É claro que como os mantenedores estão preocupados em manter o pescoço sobre a água, tentando manter no ar um site que serve de abrigo para muita pirataria, não sobra muito tempo pra pensar em user experience e layouts intuitivos. Provavelmente a vida de um mantenedor desses sites deve ser infernal – e tudo costuma ser feito por motivação pessoal e esforço próprio.

Aqui abro um parênteses: a perseguição contra os sites de torrent deve ser sempre combatida pelo usuário. Fundadores do Pirate Bay já foram até mesmo presos com acusações muito duvidosas de infringir o direito autoral, sendo que o site de torrent não é responsável por pirataria de forma alguma. Perceba que nenhum arquivo pirateado é mantido dentro dos servidores do Pirate Bay, por exemplo. Os arquivos estão nas máquinas dos usuários. O trabalho deles é fornecer a chave que conecta um usuário interessado em copiar de outro interessado em repassar o arquivo copiável. Depois de uma das derrubadas do Pirate Bay, que viriam a se tornar frequentes, surgiu o doc”Steal This Film”, onde fica clara a luta da indústria contra o torrent. Exibimos certa vez ambos os filmes no ciclo copy, right?, lá em 2009, em Santa Maria-RS.

Além do mais, o torrent não é pirata por natureza. Se o conteúdo for compartilhado com licença Creative Commons ou for de domínio público, ele também pode ser dividido por torrent. Nem todo torrent é arquivo pirata, e nem todo arquivo pirata é torrent. Aqui um adendo: com receio de ser rastreado, muita gente tem o costume de usar VPN ao baixar um arquivo de torrent. O VPN (em inglês, Virtual Private Network) cria uma conexão segura e criptografada, como um túnel, entre o seu computador e um servidor operado pelo serviço VPN

Uma explicação sobre o compartilhamento aberto está nesse outro documentário, “Good Copy Bad Copy”, que também exibimos no ciclo copy, right? em 2009.

https://www.youtube.com/watch?v=rJCBY_JerRk

Pois bem, voltando aos sites de torrent: é recomendável baixar uma extensão bloqueadora de anúncios no navegador para evitar de clicar em um lugar errado dentro do site. Também é sempre bom passar o mouse por cima dos links e observar no navegador pra qual lugar eles direcionam antes de clicar.

O link correto pro arquivo magnético normalmente tem o desenho de um imã ou escrito “Download Magnet”, e quando se passa o mouse por cima do link vai aparece o endereço no canto inferior esquerdo do navegador como “magnet:[código aleatório]”

Como usar: Passo 4 – Achar o link magnético, abrir o arquivo no cliente de torrent e escolher onde salvar

Quando clicar no link, o navegador vai pedir para abrir no seu cliente de torrent. Aí é só aceitar e aguardar o seu cliente achar o arquivo na rede. Depois selecionar a pasta onde deseja baixar e clicar ok.

Depois de clicar no link, seu navegador pede pra abrir o tipo de arquivo com o programa de torrent do seu computador

Várias informações no cliente de torrent, mas destaco: qual arquivo virá dentro do torrent (só tem um, que é o episódio da série) e onde ele vai ser salvo.

É isso: você entrou no site, achou o arquivo desejado, clicou no link magnético, e escolheu o lugar pra salvar o arquivo. Agora deve-se aguardar o arquivo ser copiado pra máquina, conforme a velocidade de download que o cliente informa em tempo real.

Essa velocidade de download depende da quantidade de usuários online que estão te deixando copiar o arquivo naquele momento. E aí entra o conceito importante da utilização do torrent: seeds.

Como usar torrent corretamente (entendendo seeders e leechers)

Nesse ponto, consegui explicar como começar a copiar arquivos por torrent. O que foi explicado basta para o processo funcionar, mas para ele dar certo de verdade, é importante entender o próximo conceito.

Seeders e leechers (semeadores e sanguessugas) são como são referidos os usuários (peers) de torrent. Ao entrar no site de torrents e procurar o arquivo desejado, nota-se a quantidade de um e de outro que aquele arquivo possui.

SEEDERS são os usuários que possuem o arquivo completo e mantém o cliente de torrent aberto para que outros usuários possam copiá-lo.

LEECHERS, os sanguessugas, são os usuários que não tem o arquivo completo e não conseguem copiá-lo, e ao mesmo tempo também são aqueles usuários que não compartilham seus arquivos normalmente, seja porque diminuem a velocidade de upload ou porque não deixam o cliente de torrent aberto.

Ser um semeador ou sanguessuga depende de quanto tempo seu cliente de torrent fica aberto, e quantos arquivos você deixa outros usuários copiarem do seu computador. Ser um seeder faz com que você tenha prioridade nas filas de download, e ao baixar um arquivo ao mesmo tempo que diversas pessoas estão fazendo isso, você recebe o arquivo antes.

Ao deixar seu torrent aberto, você permite que outros usuários copiem arquivos do seu computador, e quando você precisar copiar, vai ter prioridade na fila.

Mas perceba que ter prioridade para baixar é apenas um bônus de ser um seeder. A verdade é que o torrent simplesmente não funcionaria se os usuários não deixassem o cliente de torrent aberto para outros poderem copiar.

Muitas vezes só encontramos aquele filme italiano dos anos 70 online porque algum usuário da Dinamarca deixou ele em seu cliente de torrent e manteve o programa aberto tempo o suficiente para que você possa copiar. E se você deixar aberto no seu computador também, já são dois usuários para que o terceiro possa copiar ainda mais rápido, e assim sucessivamente.

É por isso que baixamos arquivos quentes, como o episódio mais recente da série mais famosa, em até dois minutos. Muitas pessoas estão semeando esse arquivo ao mesmo tempo. Filmes e séries mais raros podem demorar mais, mas mesmo assim o torrent pode ser o único jeito de ter acesso aquela conteúdo que nos interessa. Eu mesmo só consegui terminar de assistir a série Friday Night Lights, uma série americana de 2004 que passava na televisão aberta, pela benevolência de algum usuário que até hoje mantém aquele arquivo semeado em seu computador.

Ou seja, para o sistema funcionar bem, é importante deixar o cliente de torrent aberto no computador. É claro que para não degradar a qualidade da sua navegação, é possível limitar a velocidade de upload, para digamos 100 kB/s. Dessa forma, você deixa a pessoa copiar o arquivo da sua máquina com no máximo essa velocidade, e a sua navegação não é prejudicada.

Retomar a independência online é importante

Usar serviços de streaming, como Netflix ou Spotify, se tornou um conforto incontornável. São milhares de músicas e filmes disponíveis para o usuário a um clique de distância. E muitas vezes não é preciso nem procurar: ele te sugere o que ver ou ouvir. E é no momento em que abdicamos de escolher ativamente o que queremos que perdemos a independência.

Mas apesar de oferecer milhares de filmes, é muito difícil sair da centena que o Netflix apresenta na primeira página. Alguns artigos na internet já surgiram distribuindo códigos para pesquisar mais profundamente nos anais do acervo, mas fazendo isso, perdemos toda a lógica de conforto que o serviço propõe (apesar de já ser melhor do que ficar olhando as mesmas séries banais recomendadas).

Mudando de mídia, imagine como era antigamente: ao adquirir um vinil, investíamos nosso dinheiro no valor que aquele álbum nos traria, e ele era nosso. O esforço se transformava em valor quando ouvíamos o disco, e podíamos escolher entre todos aqueles que estavam na nossa coleção, comprados por nós.

Agora, ao nos depararmos com a página inicial do Spotify, temos centenas de playlists indicando o que é mais ouvido, o que parece mais com nós, o que foi feito recentemente. Nosso gosto interessa levemente pra ele, o máximo suficiente para que paguemos pela sua atenção. Não é mais pela música que estamos pagando, e sim pelo serviço de nos dizer o que ouvir.

Mas como sabemos que o interesse de nos dizer o que ver ou ouvir é voltado pra nós?

Através do torrent, temos a liberdade de consumirmos o que quisermos, ao tempo que quisermos (sem a frustração do Netflix tirar a série que estávamos olhando) e podemos compartilhar o que quisermos, como retribuição.

Victor Wolffenbüttel

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https://baixacultura.org/2019/09/18/como-usar-torrent-e-baixar-conteudo-compartilhado-gratis/feed/ 2
Por dentro do caso Livros de Humanas X ABDR https://baixacultura.org/2012/06/05/por-dentro-do-caso-livros-de-humanas-x-abdr/ https://baixacultura.org/2012/06/05/por-dentro-do-caso-livros-de-humanas-x-abdr/#comments Tue, 05 Jun 2012 10:07:51 +0000 https://baixacultura.org/?p=6667

A esta altura, quem acompanha este blog no Twitter e no Facebok já está sabendo do fechamento do site do Livros de Humanas, biblioteca digital que mantinha um rico acervo dedicado às ciências humanas (linguística, literatura e filosofia, principalmente).

Já sabe também que um grupo cada vez maior de pessoas (professores, escritores, estudantes) está manifestando seu apoio em um site chamado Direito de Acesso, que, por enquanto, tem compilado matérias, artigos e entrevistas sobre o caso.

Se tu já sabe o que de fato aconteceu, pule para o asterisco. Se não, continue aqui e confira uma breve retrospectiva do caso.

O que você encontra se for acessar o Livro de Humanas hoje

A informação completa, postada inicialmente, dentre outros lugares, no blog da repórter da Folha Raquel Cozer, jornalista requisitadíssima por escritores brasucas:

O site livrosdehumanas.org saiu do ar anteontem (quinta, 17/5) após ser notificado de ação judicial movida pela Associação Brasileira de Direitos Reprográficos. Com 2.322 livros em PDF gratuitos, o blog que se descreve como “difusor de conhecimento produzido pelas humanidades” representa, para a ABDR, “o maior caso de pirataria de livros digitais em dez anos”. Na quinta, iniciou-se no Twitter campanha em defesa do blog e contra as editoras Forense e Contexto, destacadas na notificação. A ABDR afirma que a ação partiu dela própria e que só usou títulos das casas como exemplos. Pelo número de livros, o site poderia ter de pagar mais de R$ 200 milhões, mas em geral chega-se a acordo. A instituição destaca o prejuízo ao autor e diz usar o dinheiro arrecadado em campanhas antipirataria –o valor arrecadado no ano passado não foi divulgado.

A ação movida pela ABDR pedia inicialmente que fossem removidos links de dois livros, um da editora Forense e outro da editora Contexto. Mas, como explica o texto da seção Entenda o Caso do Direito de Acesso, o juiz deferiu o pedido liminar, ordenando a retirada, e, em um acréscimo ao pedido inicial, a ABDR pleiteou que todos os links para os mais de 2000 livros que estavam na biblioteca fossem igualmente removidos, argumentando que os 2 livros mencionados a princípio eram apenas exemplos – pedido que o juiz atendeu, sem maiores considerações, simplesmente estendendo a ordem inicial, não atentando nem que grande parte deles foram publicados por editoras não-associadas à ABDR, que, portanto, não tinha sequer legitimidade para pedir sua retirada, nem que muitas obras estava lá por autorização expressa ou tácita de seus autores e editores.
[Vale ressaltar que não foi a primeira vez que o Livros de Humanas foi “atacado”. Na outra situação, ainda como Letras USP, o site foi desativado duas vezes, e suas 2.496 postagens – com links para arquivos de livros digitalizados – foram para o brejo. O fato inclusive nos motivou a escrever um artigo no jornal Diário de Santa Maria chamado “Páginas Digitalizadas“, em que ressaltávamos a necessidade de ser desmistificada a ideia de que o livro digital e o livro impresso são concorrentes, dentre outras questões exacerbadas nesse contínuo debate.]
Depois da notificação e da saída do ar do site, uma das primeiras matérias a ser veiculada sobre o assunto foi “Suspensão de site gera indignação no meio acadêmico, do site Opinião e Justiça. Nela, se repercutia a, de fato, indignação de um grupo de escritores, professores, alunos e intelectuais – entre eles nomes conhecidos com o Eduardo Viveiros de Castro, Pablo Ortellado, Eduardo Sterzi, Ricardo Lísias, Idelber Avelar – com a retirada de todo o site do ar sob a alegação do blog ser o “maior caso de pirataria de livros da história recente”.

Capa da revista Sopro, da editora Cultura e Barbárie

Como consequência quase imediata, saiu um manifesto da editora Cultura e Barbárie, escrito pelo seu editor, Alexandre Nodari, em apoio ao Livros e contrário a ABDR. A editora tinha três livros no site, que constavam também na lista das obras cujos direitos estariam sendo “violados pela sua reprodução no Livros de Humanas” – sendo que a Cultura e Barbárie nunca foi filiada a ABDR e autorizava expressamente a reprodução de seus livros no site.
Thiago Cândido, acadêmico de Letras da USP e principal responsável pela manutenção do site, deu, em seguida, uma entrevista a jornalista da Folha Josélia Aguiar, do blog Livros & ETC. Ali, ele disse, dentre outras coisas, que “quem baixava no livrosdehumanas.org é basicamente o mercado consumidor destas editoras. O PDF não substitui o livro impresso”. É um caso parecido ao clássico Metallica X Napster, em que aquele que se sente lesado processa aqueles que fazem a sua fama. Tiro no pé total.
Formou-se um grupo de trabalho para discutir e apoiar o caso do Livros de Humanas, inclusive com um grupo de advogados amigos que passaram a trabalhar no caso e preparar a contestação, que vai acontecer até dia 11 deste mês. Como situação nova no direito nacional, interessa e muito a nossos queridos advogados que, a pretexto da defesa do Livros de Humanas, podem preparar um contra-ataque mais forte do que o ataque, exigindo que se abra diversos dados das editoras e das “pesquisas” que dizem que quem baixa pdf não compra livro.

*

A partir do fato inicial, muita gente tem manifestado apoio ao Livros – vá ao Direito de Acesso (imagem acima) e veja quem, quando e como manifestou seu apoio, e como tu pode fazer o mesmo. Das inúmeras manifestações apresentadas, remixamos trechos de algumas que nos ajudam a entender o caso e o embate que está por trás: a oposição entre compartilhamento de informações e a dita “pirataria”, e que tipo de alterações são necessárias na legislação de direitos autorais para fazer frente à realidade da cultura digital.
Entrevista com Ronaldo Lemos, no blog Mundo Livro, da Zero Hora (por Carlos André Moreira):
“Há na verdade um problema de relação públicas que é também um problema jurídico, porque o site foi retirado contendo livros que podem não estar cobertos pelos direitos representados pela ABDR como entidade. O repertório total do site tem livros sobre os quais ela não comprovou nenhum direito de representação.”
ML – O fato de todo o site ter sido tirado do ar mosta que a Justiça ainda não encontrou a medida justa e sutil para julgar demandas típicas da contemporaneidade altamente tecnológica?
Lemos – A questão principal é que a lei de direitos autorais brasileira é uma das mais restritivas do mundo. Ela praticamente veda quaisquer condutas que não seja a compra integral do livro. Ela proíbem inclusive a disponibilização dos chamados “livros órfãos”, aqueles fora de catálogo há muito tempo, esgotados ou com representações incertas ou que não se pode encontrar. Em outras leis de outros países, há exceções que incluem a liberdade de publicação de livros nessa categoria.

Entrevista com Eduardo Sterzi, poeta e professor da Unicamp, no mesmo Mundo Livro:

“Há tempos, simpatizo e, na medida do possível, apoio o site Livros de Humanas, no qual reconheço uma das mais democráticas bibliotecas públicas do nosso país. Conheço vários estudantes e professores brasileiros e estrangeiros que encontraram nessa biblioteca textos fundamentais para a realização de suas dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos e livros: textos esgotados ou simplesmente não encontráveis nas bibliotecas físicas dos lugares onde moram. Eu mesmo já digitalizei e enviei links de vários textos, meus e alheios, para serem disponibilizados no Livros de Humanas”

“Há um descompasso trágico entre o desejo de conhecimento e cultura de nossos estudantes e pesquisadores e os meios de que dispõem para satisfazer tal desejo. Foi essa carência de boas bibliotecas que levou à formação de toda uma estrutura alternativa de fotocópias, cujas matrizes são realizadas, na maioria das vezes, a partir de livros dos acervos pessoais dos professores. Vale lembrar que o Livros de Humanas surgiu de uma situação específica envolvendo a central de fotocópias do prédio de Letras da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP): de um dia para outro, a cópia de uma página, que custava R$ 0,10, passou para R$ 0,15. Ou seja, já se trata de uma alternativa à alternativa.

“Temos que revisar as leis de direitos autorais, mas temos também de criar uma política consistente de formação de bibliotecas públicas – e, sobretudo, precisamos discutir os preços dos livros no Brasil. Também temos de ver com clareza, na discussão sobre “direitos autorais”, o papel das editoras de livros didáticos na perseguição aos sites de livre compartilhamento. A ABDR, que move o processo contra o Livros de Humanas, está dominada por tais editoras. O livro didático é um negócio milionário em nosso país, um negócio cujo principal financiador são os governos federal, estaduais e municipais. O que o Ministério da Educação tem a dizer sobre o assunto? Nem falo do Ministério da Cultura, que, na atual administração, com os lamentáveis vínculos entre a ministra e o ECAD, sofreu um terrível retrocesso em relação à administração anterior, de Gilberto Gil-Juca Ferreira.

ML – A disponibilização online ajuda ou prejudica a carreira de um livro – ou talvez não tenha influência tão determinante nem em um sentido nem em outro?

Sterzi – Talvez tenhamos de distinguir, antes de tudo, duas concepções de “carreira de um livro”. Se acreditamos que o fundamental na carreira de um livro seja sua leitura pelo maior número possível de pessoas, a disponibilização online só pode ajudá-la. Se, porém, acreditamos que o essencial seja converter o número de leitores em valores monetários, a situação não é tão clara. No entanto, temos o testemunho de autores como Paulo Coelho, que dizem que passaram a vender mais livros depois que tiveram suas obras disponibilizadas na internet. Há também o caso da editora Hedra, que, depois que deixou alguns de seus livros disponíveis integralmente no Google Books, passou a vender mais exemplares.

Eu mesmo, que, como a imensa maioria dos poetas e ensaístas, estou longe de ser um grande vendedor (embora tenha dois livros com primeiras edições esgotadas), percebo que a maioria dos leitores que me contam ter comprado meus livros o fizeram depois de ter lido ao menos algum de meus textos na internet. Para além de qualquer discussão comercial, o importante, porém, é perceber que o livre compartilhamento veio para ficar, porque ele é a realização de um ideal de busca do conhecimento e de comunhão cultural que sempre esteve na base dos grandes momentos de afirmação de nossa humanidade. Estamos diante de uma nova Renascença, de um novo Iluminismo – nada menos do que isso. Pouco me importa que esse livre compartilhamento ajude ou prejudique as vendagens de meus livros ou de qualquer livro. Pouco deveria importar também aos autores conscientes de sua função no mundo, aqueles que sabem, como bem disse o cineasta Jean-Luc Godard, que um autor não tem direitos: tem deveres.

Idelber Avelar, em seu blog na Revista Fórum:

A coleção de leituras de um verdadeiro leitor não é nunca um jogo de soma zero: compras, cópias impressas, empréstimos e cópias digitais coexistem e se reforçam. Mas os patrimonialistas dos direitos autorais, cuja atuação não supõe a defesa dos autores, e sim a preservação de monopólios de intermediários, querem nos impor uma ordem de coisas dentro da qual fazer cópia de um livro é crime, xerocar um capítulo é crime, digitalizar um romance é crime. Se é assim, que fique claro: todos nós, leitores, somos criminosos. Não há um único que não seja.

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Por fim, um texto coletivo escrito pelos apoiadores e publicado no Caderno Prosa e Verso de O Globo do último sábado, 2 de junho, é um possível resumo argumentativo do porquê nós, defensores da cultura livre, somos contrários aos arroubos patrimonialistas de uma Indústria da Cultura que não quer se adaptar aos tempos atuais.
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Em defesa de uma biblioteca virtual 

Alexandre Nodari, Eduardo Sterzi, Eduardo Viveiros de Castro, Idelber Avelar, Pablo Ortellado, Ricardo Lísias e Veronica Stigger

A liberdade de expressão moderna é indissociável da invenção da imprensa, ou seja, da possibilidade de reproduzir mecanicamente discursos e imagens, fazendo-os circular e durar para além daquele que os concebeu. A própria formação da esfera pública, bem como do ambiente de debate científico e universitário, está umbilicalmente conectada à generalização do acesso aos bens culturais. Sem a disseminação da diversidade e do confronto de opiniões e de teorias, a liberdade de expressão perde seu sopro vital e se torna mero diálogo de surdos, quando não monólogo dos poderosos.

A internet eleva ao máximo o potencial democrático da circulação do pensamento. E coloca, no centro do debate contemporâneo, o conflito entre uma visão formal-patrimonialista e outra material-comunitária da liberdade de expressão. Tal cisão, bem real, pareceria manifestar-se no conflito entre direitos autorais e direito de acesso. Estes não são, porém, necessariamente antagônicos, pois o prestígio moral e econômico de um autor ou de uma obra está, em última análise, ligado à sua visibilidade. São incontáveis os exemplos de escritores e editoras que não só se tornaram mais conhecidos, como tiveram um incremento na venda de suas obras depois que estas apareceram para download. O público que baixa livros é o mesmo que os compra.

Assim, o verdadeiro conflito não é entre proprietários e piratas, mas entre monopolistas e difusionistas. A concepção monopolista-formal dos direitos autorais está embasada na ideia de que aquilo que confere valor à obra é a sua raridade, o seu difícil acesso; já a difusionista-democrática se ampara na inseparabilidade de publicidade e valor. A internet favorece a segunda concepção, uma vez que a existência física do objeto cultural que sustentava a primeira vai sendo substituída por sua transformação em entidade puramente informacional. Desse modo, também se produz uma transformação da natureza das bibliotecas. As novas bibliotecas virtuais se baseiam no armazenamento e na disseminação tais como as antigas bibliotecas materiais, mas oferecem uma mudança decisiva porque a estocagem depende da distribuição e não o contrário: é a difusão que garante o armazenamento descentralizado dos arquivos.

É uma biblioteca sem fins lucrativos e construída nesses moldes modernos e democráticos que se acha sob ameaça devido ao processo movido pela Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), sob o pretexto de infringir direitos autorais. O alto preço dos livros, o desaparelhamento das bibliotecas públicas e o encarecimento do xerox levaram um estudante universitário a disponibilizar online textos esgotados ou de difícil acesso para seus colegas. A iniciativa cresceu, atraiu a atenção de estudantes e professores de todo o país e se tornou a mais conhecida biblioteca virtual brasileira de textos acadêmicos, ganhando prestígio comparável ao site “Derrida en castellano”, que sofreu processo semelhante e foi absolvido nas cortes argentinas, como esperamos que o “livrosdehumanas.org” o será pela Justiça brasileira.

Os defensores da concepção patrimonialista dos direitos autorais costumam pintar cenários catastróficos em que a circulação irrestrita de obras gera esterilidade criativa. No entanto, ignoram, ou fingem ignorar, que os textos nascem sempre de outros textos e que o autor é, antes de tudo, um leitor. Hoje, lamentamos a destruição das grandes bibliotecas do passado, como a de Alexandria, e das riquezas que elas protegiam. Poupemo-nos de chorar um dia pela aniquilação das bibliotecas virtuais e pela cultura que elas podiam ter gerado.

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Atualização 5/6:

O professor José Luiz Fiorin, autor de um dos livros da Editora Conxtexto que estavam na lista dos livros “pirateados” pelo site,  informou a interlocutores do movimento em defesa do site Livros de Humanas que não sabia que ele e seu livro eram citados na documentação reunida pela Associação Brasileira de Direitos Reprográficos-ABDR.

Fiorin disse que não autorizou nenhuma ação jurídica em seu nome nem de seus livros. E  também afirmou ser contrário à ação da ABDR e a qualquer iniciativa que perturbe a difusão do conhecimento.

P.s: A propósito, aqui tem o acervo do Livros de Humanas no Pirate Bay, via torrent.

Crédito imagem: captura de sites e aqui (foto de abertura do post).
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https://baixacultura.org/2012/06/05/por-dentro-do-caso-livros-de-humanas-x-abdr/feed/ 8
Estamos Vencendo: resistência global no Brasil e no Mundo https://baixacultura.org/2012/02/02/estamos-vencendo-e-a-resistencia-global-no-planeta/ https://baixacultura.org/2012/02/02/estamos-vencendo-e-a-resistencia-global-no-planeta/#comments Thu, 02 Feb 2012 17:18:47 +0000 https://baixacultura.org/?p=5746

Bem antes de Charlie Shen adotar o lema “Winning” ou de Mark Zuckerberg pensar em criar o Facebook, um movimento profético se rebelava contra a falência de um sistema (financeiro, político) em pleno coração do capitalismo.

Este movimento – que no subterrâneo existe desde sempre, seja nas mãos dos anarquistas, do movimento estudantil ou dos punks, situacionistas e outras redes culturais – tomou de “assalto” as ruas da capital grunge, Seattle, em 30 de novembro de 1999, na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), no que foi conhecido como a “Batalha de Seattle“.

Isso tudo tu já deve saber, pois explicamos brevemente neste texto. O que não falamos é que Seattle foi a ponta de lança de um movimento subversivo –  anticapitalismo, anti-globalização, ou o nome que se queira dar – que se espalhou pelo mundo nos anos seguintes. Especialmente no período de 2000 a 2003, cidades como Washington, nos EUA, Gênova, na Itália, Praga, na República Tcheca, Quebec no Canadá, e São Paulo, no Brasil, foram palco de manifestações contra as múltiplas facetas autoritárias/ maléficas que a $$, o preconceito e o individualismo podem trazer para a sociedade.

No Brasil, uma das melhores referências para entender o que aconteceu é o livro “Estamos Vencendo! – Resistência Global no Planeta“, de Pablo Ortellado e André Ryoki, publicado pela Conrad em 2004 na linda Coleção Baderna. Ele documenta, através das fotos do historiador Andre Ryoki, e reflete, com um texto do hoje professor da USP Pablo Ortellado, como se deram as manifestações “antiglobalização” em terras brasileiras, especialmente aquelas que ocorreram em São Paulo, Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba.

São as fotos do livro que tu encontra mais abaixo nesse post, colocadas em uma galeria do Picasa para facilitar a visualização. Clicando em cada foto, você é direcionado para o Picasa e poderá ver as fotos e as legendas originais que estão no livro.

Cartaz do Adbusters, que esteve em Seattle 1999 e Wall Street 2011

Qualquer semelhança de protestos no “coração” do sistema financeiro que foi (é) Occupy Wall Street não é mera coincidência. Como escrevemos anteriormente, existe (pelo menos) um elo que une estes dois momentos históricos: o Adbusters, revista/movimento anticonsumo com sede no Canadá, que esteve nas manifestações de Seattle em 1999 e convocou o Occupy Wall Street em 2011. [E que, em breve, vai ganhar mais destaque por aqui; aguarde].

Mas também há diferenças bem claras. Naomi Klein, escritora/ativista e autora de “No Logo” (traduzido aqui como “Sem Logo- A tirania das marcas em um planeta vendido“), livro essencial para entender o mundo hoje, fez um discurso no parque Zucotti, em Wall Street, em que ressaltou estas diferenças de alvo, tática e contexto – não sem antes afirmar que “amava” os manifestantes que ali acampavam. Publicamos o discurso na íntegra, em tradução do professor Idelber Avelar, e reproduzimos aqui os trechos em que ela traça o paralelo entre as diferenças entre os dois movimentos:

Em Seattle, em 1999, nós escolhemos as cúpulas como alvos: a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional, o G-8. As cúpulas são transitórias por natureza, só duram uma semana. Isso fazia com que nós fôssemos transitórios também. Aparecíamos, éramos manchete no mundo todo, depois desaparecíamos. E na histeria hiper-patriótica e nacionalista que se seguiu aos ataques de 11 de setembro, foi fácil nos varrer completamente, pelo menos na América do Norte.

O Ocupar Wall Street, por outro lado, escolheu um alvo fixo. E vocês não estabeleceram nenhuma data final para sua presença aqui. Isso é sábio. Só quando permanecemos podemos assentar raízes. Isso é fundamental. É um fato da era da informação que muitos movimentos surgem como lindas flores e morrem rapidamente. E isso ocorre porque eles não têm raízes. Não têm planos de longo prazo para se sustentar. Quando vem a tempestade, eles são alagados.

Mas a grande diferença que uma década faz é que, em 1999, encarávamos o capitalismo no cume de um boom econômico alucinado. O desemprego era baixo, as ações subiam. A mídia estava bêbada com o dinheiro fácil. Naquela época, tudo era empreendimento, não fechamento.

Nós apontávamos que a desregulamentação por trás da loucura cobraria um preço. Que ela danificava os padrões laborais. Que ela danificava os padrões ambientais. Que as corporações eram mais fortes que os governos e que isso danificava nossas democracias. Mas, para ser honesta com vocês, enquanto os bons tempos estavam rolando, a luta contra um sistema econômico baseado na ganância era algo difícil de se vender, pelo menos nos países ricos.

Dez anos depois, parece que já não há países ricos. Só há um bando de gente rica. Gente que ficou rica saqueando a riqueza pública e esgotando os recursos naturais ao redor do mundo.

Rodrigo Savazoni também lembra o discurso de Naomi e a relação Seattle 1999 Wall Street 2011 em um texto na revista Select deste bimestre (que entra no site na próxima semana), que também vale a leitura.

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Como diz o texto de divulgação de “Estamos Vencendo!”, “as fotos destacam três dimensões constitutivas desse novo movimento: a ação direta das ruas, a criatividade auto-expressiva das manifestações e a constituição de um novo tipo de coletividade onde a massa homogênea é substituída pela diversidade individualizada da multidão“. A maioria delas estão aqui abaixo, gentilmente cedidas por André Ryoki, a quem agradecemos imensamente. [O livro está em Copyleft].

“Sobre a passagem de um grupo de pessoas por um breve período da história”, texto de Pablo Ortellado que abre o livro, contextualiza de forma interessantíssima o que ocorreu nas ruas brasileiras daquele início de década passada. Traz inicialmente uma breve explicação de onde e como surgiu o movimento antiglobalização no Brasil – “da convergência de outros dois movimentos que surgiram ou re-emergiram nos anos 1980, o movimento estudantil independente e autogestionário e o movimento anarquista propriamente dito”.

Estas duas vertentes, continua Pablo, “convergiram, mais ou menos casualmente, atraídas pelos fascinantes acontecimentos de Seattle. Mas o movimento, claro, não começou em Seattle, como dizia o slogan das manifestações contra a ALCA em 2001. De fato, Seattle foi a vitrine midiática de um movimento que pode ter muitas origens, mas que, na sua vertente radical, remonta à inspiração da revolta zapatista em 1994 e à articulação dos dias de ação global em 1998.” [Para um estudo aprofundado dessas origens, ler Aproximações ao movimento ‘antiglobalização’“, do próprio Pablo]

A partir dessa contextualização inicial, o doutor em filosofia e hoje professor da USP Ortellado propõe reflexões sobre o movimento em torno de sete eixos: autonomia, anticapitalismo, redes, liderança, auto-expressão, mídias e alternativas. São páginas que todo movimento de hoje deveria ler para se fortalecer enquanto movimento e, principalmente, para aprender com as experiências anteriores, já que o texto é bem sincero e crítico quanto as agruras e maravilhas de se estar num convívio com pessoas diferentes de forma horizontal.

Na parte que trata das redes, por exemplo, ele as diferencia conceitualmente de outras formas semelhantes de organização e aponta características dessa relativamente nova forma de se organizar que são as redes. Uma das características aqui abaixo:

“As redes não precisam se desfazer e refazer a cada oportunidade, elas podem simplesmente adquirir diferentes formatos e composições. Se num determinado momento, um grupo tem um desentendimento pontual, ele não precisa abandonar a rede, mas pode simplesmente não colaborar naquele ponto, da mesma forma que, em momentos específicos, a rede pode incorporar a colaboração extraordinária de novos agentes que se interessam apenas por uma ação específica. Isso significa apenas levar o velho princípio anarquista da livre-associação até a sua conseqüência lógica: a livre dissociação.”

Por questões de espaço (o texto de abertura tem 15 páginas!), não vamos publicar aqui a íntegra. Pela mesma questão de espaço, não publicamos também a cronologia que o livro faz dos acontecimentos da época. Mas todas estas partes que não são fotos e imagens do livro podem ser lidas, baixadas e compartilhadas neste link.

É uma referência histórica importante para entendermos o ativismo do intenso 2011 que passou e do transformador 2012 que está começando.

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DA NECESSIDADE DE CONTINUAR OCUPANDO AS RUAS

[Clique nas fotos para ver o restante da galeria.]

O31, 2002. No dia 31 de outubro de 2002, ministros dos países envolvidos com o projeto da ALCA reuniram-se em Quito, Equador, para mais uma rodada de negociações. Houve manifestações em todo o continente americano. Em São Paulo, os manifestantes organizaram uma passeata desde as escadarias da Casper Líbero na Av. Paulista até o Largo do Patriarca, no centro da cidade. No final do percurso houve distribuição de feijoada vegan para o pessoal que saía do trabalho.

 

SE EU NÃO PUDER DANÇAR, NÃO É MINHA REVOLUÇÃO

 

N9, 2001. Uma rápida parada durante o McLanche Feliz.


MULTIDÃO

J20, 2001


ANEXOS (documentos, panfletos e cartazes de algumas das manifestações que ocorreram no período)

Cartaz de estudantes da USP chamando ao I Fórum Social Mundial em Porto Alegre.

[Leonardo Foletto, Marcelo De Franceschi]

Crédito da imagem: 1 [we are winning] 2 [adbusters]
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https://baixacultura.org/2012/02/02/estamos-vencendo-e-a-resistencia-global-no-planeta/feed/ 3
Ativismo (digital) em Conexão Global https://baixacultura.org/2012/01/24/ativismo-digital-em-conexao-global/ https://baixacultura.org/2012/01/24/ativismo-digital-em-conexao-global/#comments Tue, 24 Jan 2012 14:08:18 +0000 https://baixacultura.org/?p=6220

O ano é 1999.

O mundo pop assiste ao momentâneo desaparecimento do rock das paradas, que são tomadas por boy e girls band insossas. O planeta econômico vive um de seus auges do livre-comércio, mercado regulando a tudo e a todos e “só” desfavorecendo quem não pode entrar nesse jogo – 99% da população global.

Nos Estados Unidos, a OMC (Organização Mundial do Comércio), todo poderoso orgão do livre-mercado, escolhe Seattle como mais uma de suas reuniões anuais. Em 30 novembro de 1999, data da reunião, um inesperado levante de pessoas – entre 40 e 100 mil, estudantes, anarquistas, trabalhadores, pacifistas, dentre outros tantos – paralizam as ruas da cidade berço do grunge. Os manifestantes bloquearam os cruzamentos de Seattle de modo a não deixar os delegados dos governos chegaram ao local de encontro da OMC. A polícia responde com violência e o encontro é cancelado.

Quem imaginaria que, exatamente no momento em que o tal “poder” estava mais certo de que vencera a tudo e todos, eles apareceriam? Seattle se torna a vitrine de um movimento subversivo – anticapitalismo, anti-globalização, ou o nome que se queira dar – que, nas palavras do sociólogo francês Edgar Morin, inaugura o século XXI.

Corta para 2011. A primavera árabe, Occupy WallStreet e os ocupes que se espalharam pelo mundo, os Indignados da #spanishrevolution. “Cadê aquela juventude de tão saudável apatia?” Nós somos os 99%. De novo: quem imaginaria que, exatamente no momento em que o “poder” estava mais certo de que vencera a tudo e todos, eles apareceriam?

Apareceram. E com uma arma que, lá em 1999, ainda engatinhava em suas potencialidade de uso: a internet.

Conexões Globais, que começa amanhã (25/01) na Casa de Cultura Mário Quintana em Porto Alegre, tenta fazer uma ponte entre estas duas datas (e realidades) importantes. O Conexões está dentro da programação do Fórum Social Temático, versão 2012 para o Fórum Social Mundial criado em 2001, tendo por sede inicial Porto Alegre – e, por uma das inspirações, os movimentos do 30N de 1999 em Seattle.

[O Fórum e o Adbusters, movimento anti-consumo que esteve nas manifestações de Seattle em 1999 e convocou o Occupy Wall Street em 2011, são os possíveis elos perdidos entre os dois períodos.]

Mesmo que fazer a tal ponte não seja o objetivo declarado do evento, o paralelo é inevitável: as movimentações de Seattle em 1999 trouxeram novamente para a pauta do dia (e da “grande mídia”) a revolta contra um sistema (político, econômico) que tinha como principal produto a desigualdade (social, econômica).

O mundo de 2012 é outro. O ano passado trouxe novamente para a pauta do dia a movimentação e a revolta contra um sistema (econômico, social, político) que, como dizem os indignados espanhóis, “não nos representa”. Mas agora há a diferença de que a “grande mídia” não é mais aquela que escolhia sobre o quê todos deveriam falar. Com a rede e os computadores, todos nós, descontentes ou não com a imprensa, podemos noticiar e divulgar o que quisermos – e, tão importante quanto, temos a infinita possibilidade de escolher o que ver.

A internet taí, a diluir as barreiras do on e offline e a favorecer a diferença. É, enfim, a mais poderosa arma para realmente fazer crer o slogan do Fórum: um outro mundo é possível.

O Conexões Globais traz, em sua programação, palestras, desconferências, oficinas, shows e diálogos sobre ativismo, comunicação e cultura digital. Os Diálogos Globais (quarta a sábado, das 16 e 18h15), estabelecerão conexões diretas entre os presentes em Porto Alegre e participantes de movimentos ativistas em voga hoje, como a Primavera Árabe, os Indignados da Espanha, o Occupy em Nova York e Londres.

Além da presença de ativistas que participaram dos movimentos acima, alguns dos destaques da programação são Javier de la Cueva – advogado espanhol, especialista em direitos digitais, defensor do Ladinamo (primeira sentença que reconheceu o Copyleft), na quarta, às 16h15; Gilberto Gil, às 18h15 da mesma quarta, num painel com Olga Rodríguez, jornalista que acompanhou a movimentação da Primavera Árabe;  Stéphane M. Grueso, diretor do doc “¡Copiad, malditos!”, primeiro ducumentário exibido pela TVE (Televisão Espanhola) com licenças Creative Commons, na quinta às 18h15; Domenico de Siena, urbanista italiano que pesquisa o urbanismo e as cidades open codes, dos mais ativos atores no 15 M na Espanha; dentre outros participantes nacionais conhecidos na área da cultura digital, como Sérgio Amadeu, Ivana Bentes, Rodrigo Savazoni, Claudio Prado, Giuseppe Cocco, dentre outros.

[A programação completa do evento, que vai ser transmitido por streaming, você vê aqui].

O Conexões acontece numa hora movimentada para o ativismo digital planetário, principalmente pelos acontecimentos da semana passada. Só um pequeno balanço dos principais fatos da semana passada já rendem alguns parágrafos. Vejamos:

_Blecaute ao SOPA: Um grande número de sites aderiu ao bleucate, nos Estados Unidos e no Brasil. Nos país de Obama, o protesto não contou com os grandões da NetCoalition, Facebook e Google [que chegou a colocar uma tarja preta na homepage de seu site americano e, depois, postou, abaixo da linha de busca, o link “Diga ao Congresso: Por favor, não censure a internet!“], mas foi liderado pela Wikipedia, que em sua versão em inglês mostrava apenas a página acima quando se realizava alguma busca.

Os protestos conseguiram um primeiro objetivo: adiar a votação. O  deputado republicano Lamar Smith, autor da lei, decidiu adiar a votação do projeto até que “haja amplo acordo sobre uma solução”, segundo informações do Terra. O Protect IP Act (PIPA), projeto semelhante em andamento no Senado que seria votado hoje (24/01), também não foi votado. O senador Harry Reid afirmou que adiou em virtude dos “recentes acontecimentos”.

Mas não se engane: o lado de lá está se reorganizando. E vai voltar à carga em breve, “pois o que se conseguiu até aqui foi parar o trator, mas não impedir –de uma vez por todas- a demolição das bases sobre as quais usamos a rede”, como escreveu o professor Sílvio Meira em sua coluna no Terra.

Fechamento do Megaupload: um dos maiores sites de compartilhamento online do mundo, o Mega foi desativado pelo FBI na última quinta-feira (19/01). O fundador do site, o gigante alemão Kim DotCom, e três executivos da empresa foram presos na Nova Zelândia a pedido das autoridades norte-americanas. A acusação diz que o site lesou proprietários de direitos autorais em mais de US$ 500 milhões [Queríamos entender como o cálculo que chega a este número é feito] ao abrigar conteúdo pirateado, particularmente filmes e músicas.

A ação aconteceu um dia depois do blecaute contra o SOPA e PIPA, que estavam em discussão no Congresso dos Estados Unidos

Reação do Anonymous: Em retaliação ao fechamento do MegaUpload, o Anonymous pegou os discos e filmes da Sony/Universal – um dos principais conglomerados de entretenimento que apoia o SOPA – e disponibilizou tudo para download neste site, em torrents ou em outros sites que hospedam arquivos na rede, como o Deposit Files.

Além de uma bela jogada política, a ação do Anonymous facilitou e muito o acesso ao belo acervo da Universal, organizando-o todo em ordem alfabética. Ali tem desde toda a discografia do Pink Floyd a do Michael Jackson, para ficar só em dois nomes clássicos do rock/pop, até diversos filmes recentes do braço de cinema da Universal, divididos por ano de lançamento (de 2001 a 2011; corra até o fim da página para ver os links).

Não foi só isso que o Anonymous andou aprontando: no mesmo dia 19/1, quinta-feira passada, eles derrubaram temporariamente sites de grupos como a Warner até órgãos ligados ao governo norte-americano, como o FBI e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e da França, como o site do Hadopi, nefasta lei que pode cortar o acesso a rede para quem baixar conteúdo supostamente protegido por copyright no país do Asterix.

Sites que o Anonymous “derrubou” em 19/01

Será o início de uma guerra digital global?

A ver.

P.S: Nas próximas semanas, iniciaremos uma série sobre os protestos em Seattle 1999 e os que vieram a ocorrer inspirados por este. 

Créditos fotos: 1 (André Ryoki, Estamos Vencendo!); 2 (OccupyWallStreet); 4 (Wikipedia Blackout); 5 (Anonymous) e 6 (sites derrubados pelo Anonymous)

]]> https://baixacultura.org/2012/01/24/ativismo-digital-em-conexao-global/feed/ 8