Remix – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Fri, 25 Oct 2024 18:55:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg Remix – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Cópia & Desvio – parte I https://baixacultura.org/2024/10/25/copia-desvio-parte-i/ https://baixacultura.org/2024/10/25/copia-desvio-parte-i/#respond Fri, 25 Oct 2024 18:52:24 +0000 https://baixacultura.org/?p=15740  

A proliferação mundial dos sistemas de inteligências artificiais generativas quebrou um paradigma ao tornar a cópia ainda mais base para a criação. Tudo que está na internet e foi raspado – sem consentimento, aliás – por estes sistemas está sendo a base para a criação de inúmeras coisas, de cards de redes sociais a ilustrações de livros, passando por e-mails, artigos, filmes, textos e músicas. Se já no início do século XX a reprodução técnica, especialmente na fotografia e no cinema, tornava a cópia e o “original” não facilmente distinguíveis, o que dirá a partir de 2023, quando as IAs ampliam a reprodução digital e, cada vez mais, a separam de sua materialidade original, que passa a se transformar em mero dado, padrões de números a alimentarem grandes bancos onde não existe mais singularidade, apenas cópia.

Diante disso, qual é o papel da cópia na era da IA Generativa? O projeto Cópia & Desvio é uma série de conferências experimentais/performances sobre o direito para copiar e reutilizar o conhecimento humano. Organizado em atos, o objetivo é apresentar uma narrativa crítica sobre a cópia e sua relação com a política e a sociedade ao longo do tempo.

A primeira parte se chama “A cópia na era de sua proliferação técnica” e ocorreu ao vivo em 24 de outubro, às 19h (UTC-3). Nela, Rafael Bresciani e Leonardo Foletto remixaram artefatos sonoros e visuais em live-coding (no sistema Hydra, com a interface do Flok) para compor a narração da conferência, centrada nesta primeira parte nas práticas e reflexões de cópia no início do século XX. Teve participação nas vozes (e textos) de Walter Benjamin, Marcel Duchamp, Conde de Lautréamont e Tommaso Marinetti. Na música, Neu!, Talking Heads e Kaisoku Tokyo. Nas imagens, Pablo Picasso, Okumura Masanobu, Kunisada, J Borges, Louis Daguerre, Hugo Ball, Kurt Schwitters, Man Ray, Niepce, Abraham Salm, Marinetti, entre outros. As vozes de Duchamp, Benjamin e Lautréamont foram criadas a partir do treinamento do sistema de IA Generativa chamado Eleven Labs

O vídeo é parte de uma investigação que estamos fazendo desde 2023 sobre o papel da cópia ao longo dos últimos séculos na história da arte, o que passa pela questão histórica do desvio. Como se sabe, a arte é marcada pelo plágio, o roubo, o desvio, a cópia e apropriação. A segunda parte irá centrar na sgunda metade do século XX, período essencial da proliferação técnica das cópias a partir dos gravadores, samplers, fitas, fotocopiadoras, televisão, vídeos, computadores.

Assista abaixo. Após, um trecho do texto falado por Benjamin no vídeo:

 

“Tanto a poesia sonora, as colagens e o cinema são artes que foram potencializadas nessa primeira metade do século XX com a expansão da reprodução técnica. Os aparatos técnicos são protagonistas tanto como método de produção (caso das collages) quanto de gravação e apresentação ao público (poesia sonora e o cinema).

Eu não vou explicar hoje o que é Inteligência Artificial Generativa pois, como falei para vocês, ainda não sei bem. Intuo que elas ampliam a reprodução digital e, cada vez mais, a separam de sua materialidade original, que passa a se transformar em mero dado, padrões de números a alimentarem grandes bancos onde não existe mais singularidade.

Eu intuo também que as tecnologias digitais de reprodução tornam mais difícil a negação e a escolha. É como um loop da desintegração: o meio é abstraído na hiperconexão do e e e e e e e e e e e e e e, com menos possibilidade de ou ou ou ou. Às máquinas de reprodução técnica digital não é facultado a possibilidade de fim, mas sim a reprodução contínua e infinita de presente. Tudo passa a ser conectado ao propósito da reprodução contínua de cópias. Nada mais é criado, tudo passa a ser apenas repetição sem diferença. Todas as obras já existentes remixam as anteriores: tudo é cópia.” 

Walter Benjamin (Benja), remixado no vídeo

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A cópia na era de sua proliferação técnica https://baixacultura.org/2024/10/11/a-copia-na-era-de-sua-proliferacao-tecnica/ https://baixacultura.org/2024/10/11/a-copia-na-era-de-sua-proliferacao-tecnica/#respond Fri, 11 Oct 2024 20:16:34 +0000 https://baixacultura.org/?p=15723 Muito já se falou sobre as mudanças que a internet e as tecnologias digitais trouxeram para o compartilhamento de informação: a era da “liberação do polo emissor da informação” propiciou o acesso fácil a maior quantidade de informação disponível na história da humanidade, para o maior número de pessoas já existentes no planeta até aqui. 

É normal que o debate tenha o foco na recepção das informações digitalizadas. As práticas de consumo e circulação de informação dizem respeito a toda a sociedade, enquanto que as práticas criativas dizem respeito a um grupo mais seleto de pessoas que, de forma assumida, afirma que cria – embora saibamos que a criação está em muito mais lugares do que imaginamos. As mesmas tecnologias que nos levam a conversar sobre novos modos de consumir e compartilhar informação colocam, também, em relevo práticas criativas ligadas ao roubo. Identificamos um sampler em menos de 3 s, uma imagem através de uma busca simples de comparação num buscador da web; usamos qualquer obra para criar outras.

As práticas de (re) criação ligadas à abundância de informação potencializada nos últimos 30 anos por objetos técnicos não fazem outra coisa que não coletar, armazenar, processar e difundir dados. Estes objetos, que você reconhece em todos os hábitos cotidianos de uma pessoa do século XXI, tem por essência a cópia. Isso significa dizer que eles só existem porque copiam; não há ação no uso da internet e de objetos digitais que não seja, em essência, uma combinação gigantesca de números copiados. São os 0 e 1 recombinados a exaustão que fazem brotar, às vezes como mágica, imagens, sons, textos, que vão ser captados pelos nossos sentidos e fruídos como arte, jornalismo, entretenimento – ou simplesmente mentira.

A proliferação mundial dos sistemas de inteligências artificiais generativas (ChatGPT, MidJourney, Stable Diffusion, Gemini, etc) em 2023 quebra um paradigma ao tornar a cópia ainda mais base para a criação. Tudo que está na internet e foi raspado – sem consentimento, aliás – por estes sistemas está sendo a base para a criação de inúmeras coisas, de cards de redes sociais a ilustrações de livros, passando por e-mails, artigos, filmes, textos e músicas. Se já no início do século XX a reprodução técnica, especialmente na fotografia e no cinema, tornava a cópia e o “original” não facilmente distinguíveis, o que dirá a partir de 2023, quando as IAs ampliam a reprodução digital e, cada vez mais, a separam de sua materialidade original, que passa a se transformar em mero dado, padrões de números a alimentarem grandes bancos onde não existe mais singularidade, apenas cópia – a hiperconexão do E E E E E em vez do OU OU, já que às máquinas não é facultado a possibilidade de fim, mas sim a reprodução contínua e infinita de presente. 

Diante disso, qual será o papel da cópia na criação artística na era da Inteligência Artificial Generativa? Estamos em uma investigação, desde 2023, para entendermos o papel da cópia ao longo dos últimos séculos na história da arte, o que passa pela questão histórica do desvio: como se sabe – e nós já tratamos um pouco aqui, nos “momentos da história da recombinação” – a arte é marcada pelo plágio, o roubo, o desvio, a cópia e apropriação. Estamos nos encaminhando para o encerramento desse processo, que vai resultar num livro a ser publicado pela SobInfluencia em 2025.

Em paralelo e complementar ao processo de produção do livro, nasceu o projeto Cópia & Desvio. É uma série de conferências experimentais/performances/lives sobre o direito para copiar e reutilizar o conhecimento humano. Organizado em quatro atos, o objetivo é apresentar uma narrativa crítica sobre a cópia e sua relação com a política e a sociedade ao longo do tempo. Em diálogo com o processo de escrita do livro, as quatro sessões vão abordar temas, pessoas, grupos e movimentos históricos onde a cópia ganhou destaque, sempre em diálogo com a história das tecnologias que permitiram transformações na reprodução técnica. 

Vamos examinar momentos como a criação do rádio e da arte sonora do surrealismo e do dadaísmo; o détournement situacionista e o cut-up dos 1960; a arte xerox e a mail art dos anos 1970 e 1980; os samplers e a cultura hip-hop, os remixes e os memes potencializados na internet; até chegar, por fim, a criação na era da IAs generativas.

As conferências/performances se desenvolvem em um formato experimental, ao vivo, como lives, em que a narração irá acompanhar um live coding com elementos visuais e sonoros, além de outras intervenções ao vivo. Serão gravadas e transmitidas, via canal do Youtube do BaixaCultura.

A primeira destas conferências será chamada de “A cópia na era de sua proliferação técnica” e vai ocorrer no 24 de outubro, às 19h (Brasil, UTC-3). Rafael Bresciani e Leonardo Foletto vão criar artefatos sonoros e visuais para compor a narração da conferência, centrada nas práticas e reflexões de cópia no século XX, de Walter Benjamin a Lev Manovich, passando por Marcel Duchamp, Guy Debord, William Burroughs, Hugo Pontes, Paulo Bruczky, Moholy-Nagy, Rosalind Krauss, Yoko Ono, Andy Warhol, Sherrie Levine, Devo, Talking Heads, Neu!, entre outros.

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Ética da pirataria e o tráfico de cultura https://baixacultura.org/2024/09/06/etica-da-pirataria-e-trafico-de-cultura/ https://baixacultura.org/2024/09/06/etica-da-pirataria-e-trafico-de-cultura/#respond Fri, 06 Sep 2024 21:38:00 +0000 https://baixacultura.org/?p=15718 Como era a internet antes do Twitter? Ou melhor, como era a internet antes dos monopólios das redes sociais e das plataformas de streaming?

O que um dia pareceu oferecer um horizonte de descentralização na produção e distribuição de informação e arte definhou e se transformou em uma máquina de especulação, vigilância, roubo de dados e um terreno fértil para a extrema-direita.

Já sabemos que a internet como a conhecemos acabou, e torcemos para que o que ela se transformou também acabe – ou mude radicalmente. Mas, enquanto isso não acontece, conversei com Rodrigo Corrêa, do podcast Balanço e Fúria (e editor da SobInfluencia), sobre pirataria e a internet da subversão. Desvio, expropriação, cópia, roubo: são muitas as formas de qualificar a prática da pirataria, que desde muito tempo desempenha uma função fundamental de descentralizar e redistribuir cultura, algo que nunca deixará de ser necessário, com ou sem copyright.

Dos piratas do século XV às práticas de colagem surrealista ou détournement situacionista; das rádios livres na Itália dos anos 70 às rádios piratas do Brasil dos anos 90; do boom da internet e da popularização das práticas de difusão de conteúdo que burlam o direito à propriedade intelectual ao revés centralizador dos monopólios de streaming:
falamos um pouco disso tudo e mais um pouco. Balanço e Fúria, aliás, é um dos podcasts mais interessantes a falar de música e política, do punk reggae party ao jazz afropindorâmico, passando por cumbia, Sistas grrrl’s riot, hip hop hackers, música experimental e atonal, free jazz, blaxploitation, punk chinês, queercore, entre outros muitos temas. Não perca também o projeto paralelo deles de Memória Gráfica da Contracultura

Dá pra ouvir direto aqui, além das plataformas habituais.

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Criação e cultura livre na era da inteligência artificial generativa https://baixacultura.org/2023/12/29/criacao-e-cultura-livre-na-era-da-inteligencia-artificial-generativa/ https://baixacultura.org/2023/12/29/criacao-e-cultura-livre-na-era-da-inteligencia-artificial-generativa/#respond Fri, 29 Dec 2023 14:57:05 +0000 https://baixacultura.org/?p=15609  

No final do 2023, publiquei um artigo chamado “Criação e cultura livre na era da inteligência artificial generativa” na revista acadêmica Aurora, da PUC-SP, no Dossiê “Inteligência Artificial: questões éticas e estéticas”[ parte 1; parte 2]. É um primeiro texto mais filosófico, em que faço uma revisão de bibliografia (acadêmica, mas também jornalística) sobre implicações estéticas e filosóficas na criação e na cultura a partir da popularização de sistemas de Inteligência Artificial (IA) generativa em 2023 como o ChatGPT. Parte do debate em torno do conhecimento e  da  cultura  livre  e  do  status  remix  da  criação  com  a  ascensão  das  tecnologias  digitais e da internet nos anos 2000 para, então, problematizar consequências do uso massivo dos sistemas de IA generativas para a criação artística hoje.

Por fim, em tempos de disputa acirrada sobre direitos autorais nas IAs generativas, busco pontuar que a exploração privada do conhecimento não necessariamente precisa ser um motivo para restringir seu amplo acesso, mas disputá-lo enquanto um comum. Aponto também para a construção de uma agenda para discutir a criação em tempos híbridos, que busque afirmar as tecnologias a partir de sua característica protética, termo usado pelo Yuk Hui num texto lançado ano passado (a imagem acima vem da versão em mandarim desse texto), já que desde os primórdios da humanidade o acesso à verdade sempre dependeu da invenção e do uso de instrumentos. Qual o tipo de criatividade que emana de um paradigma de abundância de informação, e não escassez? E qual seria um modelo jurídico que daria conta de substituir o paradigma da propriedade intelectual, baseado na escassez e na propriedade privada, por um mais baseado no amplo acesso? Nesse sentido, valeria entender a centralidade da cópia no processo de aprendizado humano para, então, compreender de que forma o ChatGPT e outras IAs generativas estão a potencializar o modo remix de criação. Se, de fato, geram pastiches a-históricos que apenas repaginam o “velho” e potencializam um “modo nostalgia” que só consegue atentar ao presente e ao passado e não ao futuro. Ou se observamos isto porque não estamos acostumados a olhar a criação sem o humano no centro e no comando do processo, o que remete novamente à necessidade de buscar respostas para a pergunta de Simondon: qual o papel que o humano pode desempenhar quando ele deixa de ser o organizador da informação?

Embora publicado numa revista acadêmica, busquei fugir do academiquês na hora da escrita. Acesso livre.

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Arte/desvio – colagens, samples e ressignificações contra a propriedade intelectual https://baixacultura.org/2023/05/11/arte-desvio-colagens-samples-e-ressignificacoes-contra-a-propriedade-intelectual/ https://baixacultura.org/2023/05/11/arte-desvio-colagens-samples-e-ressignificacoes-contra-a-propriedade-intelectual/#respond Thu, 11 May 2023 19:20:57 +0000 https://baixacultura.org/?p=15246 **
UPDATE 23/5: Aqui um roteiro aberto da fala, que transitou por isso e outros papos, sobretudo música, sampler, DJs, torrent, pirataria, Soulseek, IA…

O próximo encontro do Processo de Pesquisa, projeto da editora/livraria/espaço cultural SobInfluência na Galeria Metrópole (centro de SP), será o “Arte/Desvio – colagens, samples e ressignificações contra a propriedade intelectual”, com a participação minha (Leonardo) e de Tiago Frúgoli para apresentar nossas respectivas pesquisas e a pertinência do uso das técnicas de recombinação, sampling e colagem em um mundo cada vez mais vigiado e pautado por condições algorítmicas.

Um trecho do texto de divulgação:

A arte, em sua história, é marcada pelo plágio, o roubo, o desvio, a cópia e apropriação. Alguns movimentos históricos, artísticos e musicais, deram conta de elaborar essas práticas, que ocorrem a partir de resíduos visuais e sonoros já existentes, para desenvolver e criar algo novo. O Dadaísmo, o Surrealismo, os Situacionistas, com o desvio de símbolos e reutilização de imagens e textos, a música eletrônica e o hip hop, com uso de samples, são expressões que nos colocam para pensar sobre o que significa lidar com a arte, o insconsciente, seus desvios simbólicos e a propriedade privada que envolve esses territórios.

Leonardo Foletto é jornalista, pesquisador e doutor em comunicação (UFRGS). Desde 2008 edita o BaixaCultura, laboratório online de cultura livre e (contra) cultura digital. Seu último livro é “A Cultura é Livre: uma história da resistência antipropriedade”, de 2021.

Tiago Frúgoli é músico e educador de São Paulo. No seu trabalho, transita entre os beats, jazz, experimentalismo e música brasileira. Seu álbum “Casa” foi lançado pela YB Music, Fresh Selects (EUA) e King Records (Japão). É responsável pela curadoria do selo Ukiyo Beat Tapes.

O evento é gratuito e, se possível, inscreva-se pelo formulário. Os eventos da Sobinfluencia são gratuitos, mas para que eles continuem com a realização desse trabalho, apoiar mensalmente é muito importante.
Dia 17/05, às 19 horas, na Galeria Metrópole – Rua São Luis, 187 – sala 12, primeiro andar – República, São Paulo

LEMBRANDO QUE: desde 2018 buscamos recursos para seguirmos nosso trabalho de discussão, propagação e documentação em cultura livre, (contra) cultura digital e tecnopolítica no BaixaCultura, que em setembro de 2023 completa 15 anos de vida.

Não temos patrocinadores; o pouco que recebemos vem de pessoas que acreditam no nosso trabalho e querem que ele continue. Você pode ser um deles fácil, basta apoiar a partir de R$5 mensais em https://apoia.se/baixacultura ou doar qualquer quantia via PIX: info@baixacultura.org. O dinheiro que recebemos vai para custear nosso servidor (site e e-mail), pagar gastos com impressões do selo editorial e remunerar algumas (das muitas) horas necessárias para fazer o BaixaCultura seguir adiante.

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Mais do mesmo, mas diferente https://baixacultura.org/2022/03/11/mais-do-mesmo-mas-diferente/ https://baixacultura.org/2022/03/11/mais-do-mesmo-mas-diferente/#respond Fri, 11 Mar 2022 15:32:26 +0000 https://baixacultura.org/?p=13922

De Nova York, o diretor canadense Kirby Ferguson tem revelado desde 2010 os segredos criativos da cultura pop através de uma série de vídeos chamada “Everything is a Remix” (Tudo é Remix). Muito popular na internet (ou em uma certa parte da internet) dos anos 2010, os vídeos ganharam em 2015 uma versão remasterizada e, ano passado, uma nova versão em quatro capítulos – não por acaso, remixada das anteriores.

O primeiro episódio dessa “nova temporada” (pode ser visto acima) foi lançado em setembro de 2021 e foca justamente no conceito de remix, com destaque para a música.

O segundo, apresentado no Youtube em dezembro de 2021, trata do principal símbolo da vitória do remix na produção e circulação cultural massiva hoje: os memes, estas bombas semióticas recombinantes que captam nossa atenção, nos fazem rir, sofrer, chorar. Em uma edição ágil, cheia de referências pop e uma narração informativa em off, Ferguson argumenta que tudo o que você faz e compartilha com o mundo na internet hoje é meme: roupas, tweets, sons, vídeos, tiktokers, gamers. No início do vídeo, a voz em off comenta: “mesmo que não se entenda exatamente o que se quer dizer com um meme, ele são profundos”, para logo contar a conhecida origem da popularização do termo no livro “The Selfish Gene” (“O Gene Egoísta”, 1976), do biólogo Richard Dawkins.

 

[Meme é uma palavra que designa “coisas imitadas”, originária do grego “mīmēma (μίμημα), por sua vez vinda de “mimeisthai” (μιμεῖσθαι, ‘imitar’), que foi usada por Dawkins para conceituar meme como a unidade básica da memória ou do conhecimento, aquilo que o ser humano transfere conscientemente para os seus descendentes – o equivalente cultural do gene da biologia, um segmento de uma molécula de DNA responsável pelas características herdadas de um ser humano.]


Depois, o vídeo fala de como hoje o cinema hollywoodiano está tomado de remakes, boa parte delas baseada na consagrada “jornada do Herói”, por sua vez inspirada pelas narrativas mitológicas antigas e recontadas para o século XX principalmente a partir de “O Poder do Mito”, de Joseph Campbell, influência na narrativa de 10 entre os 10 filmes mais vistos hoje. Afinal, por que isso ocorre? No fim das contas, porque buscamos o familiar, personagens e histórias que de algum modo já conhecemos; usamos elementos “velhos” para entender os “novos” – a começar pelas próprias palavras, tradicionalmente formadas a partir de outras já existentes (entender a origem a história das palavras ajuda a entender o mundo, sério). Copiamos, depois criamos; a imitação precede a criação, como há milênios os povos do extremo oriente (especialmente os chineses) sabem com mais clareza do que os ocidentais, como contei em detalhes no último capítulo de “A Cultura é Livre” ao falar da influência do confucionismo na cultura chinesa. Um trecho do livro:

“Nessa filosofia, desde muito pequenas as crianças eram ensinadas a pensar a partir da memorização e da cópia dos clássicos, procedimento que, segundo seus mestres, incutiria nos jovens valores familiares, piedade filial e respeito ancestral (…). Quando essas crianças cresciam, elas se tornavam mais compiladores que compositores. Memorizavam tantas histórias clássicas que passavam a construir suas narrativas a partir de um extenso processo de copiar e colar (cut-and-paste) frases, trechos e passagens desses textos antigos. Se aos olhos de um ocidental, especialmente do século XX e XXI, isso seria visto como plágio, para os chineses da época era visto como um traço distintivo de intelectualidade e conhecimento cultural. “Quando autores chineses tradicionais tomam emprestado trechos de um texto preexistente e, principalmente, de um clássico, espera-se que o leitor reconheça a fonte do material emprestado instantaneamente. Se um leitor é infeliz o suficiente para deixar de reconhecer esse material citado, é culpa dele, não do autor”. (..). O pensamento de Confúcio manifestaria uma visão de que “a capacidade de fazer uso transformador de obras preexistentes pode demonstrar a compreensão e a devoção ao núcleo da cultura chinesa, bem como a capacidade de distinguir o presente do passado através de pensamentos originais” (p.209-210, “A Cultura é Livre”)

 

Vale a pena assistir a série, mesmo pra quem já viu muitas vezes a primeira versão de “Tudo é remix” como eu (escrevemos sobre ela aqui no BaixaCultura, lá em 2011, e usei inúmeras vezes em sala de aula para falar de remix e criação). Assim como o assunto que trata, essa segunda versão do filme também não tem nada de “original”, mas a nova combinação de referências faz com que ele seja fresh e educativo para todos aqueles que querem entender os mecanismos da criação – ou simplesmente criar. Mostra novamente, agora para a Geração Tik Tok, que desde sempre novas ideias só surgem ao se copiar de antigas. O terceiro episódio dessa nova série está prometido para março de 2022.

[Leonado Foletto]

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A cultura livre é uma história da resistência antipropriedade https://baixacultura.org/2021/11/19/a-cultura-livre-e-uma-historia-da-resistencia-antipropriedade/ https://baixacultura.org/2021/11/19/a-cultura-livre-e-uma-historia-da-resistencia-antipropriedade/#respond Fri, 19 Nov 2021 13:39:52 +0000 https://baixacultura.org/?p=13847  

Na sexta doze de novembro de 2021, das 19h às 20h e pouco, o “A Cultura é Livre” foi tópico de uma conversa online na APPH POA dentro do projeto Biblioteca APPH. A proposta foi fazer uma conversa sobre alguns tópicos do livro, em especial as discussões contemporâneas sobre compartilhamento na internet e a partir de outras perspectivas que não a vinda da Europa-Estados Unidos, como as visões ameríndias e chinesa, para pensar e questionar a propriedade Intelectual e a produção e fruição da cultura. Participaram nosso editor e autor do livro, Leonardo Foletto (@leofoletto), a jornalista e pesquisadora Lívia Ascava, com mediação de André Araujo, pesquisador da APPH. O livro, prefaciado por Gilberto Gil, foi publicado em 2021 pela Autonomia Literária, com apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, e discute questões em torno da propriedade intelectual, traçando um caminho desde a circulação cultural na Grécia Antiga até o advento da Internet fissurando a dinâmica de posse dos bens culturais.

A APPH é uma associação autônoma, horizontal e sem fins lucrativos em atividade desde 2013 oferecendo uma vasta gama de atividades voltadas à produção e compartilhamento de conhecimentos em humanidades.

Assista:

asdahagha

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Glitch! o fim da internet continua https://baixacultura.org/2020/11/30/glitch-o-fim-da-internet-continua/ https://baixacultura.org/2020/11/30/glitch-o-fim-da-internet-continua/#respond Mon, 30 Nov 2020 18:40:40 +0000 https://baixacultura.org/?p=13304

O Projeto Xará, em parceria com Toar Produções e o BaixaCultura, apresentou “O Fim da Internet e Outras Histórias” no dia 27 de outubro, uma “superfície de eventos online” que jogou com a ausência (e a presença) da internet para as pessoas e outros seres vivos do planeta. Foram quatro histórias-lugares-presenças paralelas, transmitidas ao vivo, num experimento online com elementos teatrais, audiovisuais e da performance que dialogaram entre si e partiram de algum improviso para construir um laboratório de histórias e sensações sobre como é, ou poderia ser, um mundo em que a internet não mais existisse. Dá pra assistir aqui.

Como todo experimento, algumas coisas “não funcionaram”; alguns vídeos travaram e não foram exibidos em sua íntegra – embora a internet e o set de transmissão tenha sido testado antes e tudo tinha funcionado. O áudio de uma das câmeras estava baixo demais, uma outra travou faltando cinco minutos para começar (depois foi consertada, no meio da performance). Conversamos um pouco sobre isso e muito mais no debate no dia seguinte da transmissão, com a equipe que produziu, dirigiu e atuou em “O Fim da Internet”: Leonardo Foletto e Leonardo Roat na direção/produção/idealização, com Patrícia Garcia e Tiago Teles na atuação. E mais dois convidados: Camila Vermelho, artista visual, pesquisadora e mestranda em arte e tecnologia pela UFSM, e Pedro Markun, hacker da política.

Mesmo sabendo que eles poderiam acontecer e ser parte do processo, resolvemos trabalhar com os “erros” na primeira sessão de continuação dos experimentos, que estamos chamando de “Sessões Xará”. Vamos falar então sobre o que, na tecnologia, é entendido como falha: o glitch, aquela “pane no sistema” inesperada num aparato tecnológico que pode ser trabalhada inclusive enquanto arte – dá nome a um estilo visual, a Glitch Art, e de música eletrônica relativamente popular nos anos 1990, além de ser usado na pós-fotografia, como mostramos na primeira BaixaCharla com o artista visual e fotógrafo Leo Caobelli.

A origem do termo remonta ao alemão “glitschen” e o íidiche gletshn (“to slip”, escorregar, deslizar) e passou a ser usado no inglês a partir dos anos 1960, inclusive pelo astronauta John Glenn nas viagens à Lua, para se referir à “uma falha ou mudança na voltagem em um circuito elétrico que ocorre quando o circuito repentinamente recebe uma nova carga”. A partir da popularização do eletrônico e do digital nos anos 1980, passa a ser usado como termo no mundo dos videogames, dos computadores (onde também passou a ser chamado de bug), televisão, música. Onde houvesse um sistema técnico falhando, lá estava o glitch a trazer elementos “estranhos” a modificar uma imagem e um som e transformá-la em algo inesperado.

Memes usam e abusam do glitch também

A proposta dessa primeira conversa/experimento foi ser um teste para, em 2021, se tudo “der certo”, ou seja lá o que signifique isso, passar a acontecer uma vez por mês, como um processo de pesquisa com arte, teatro, poesia e tecnologias digitais de transmissão e gravação dentro do Projeto Xará. A ideia desse primeiro encontro é uma conversa mais informal sobre glitch com a exibição de alguns vídeos (seja os não inseridos em “O Fim da Internet” como outros) em modo de “jogo teatral”, como uma brincadeira de improvisação técnica/cênica.

Ocorreu na quinta-feira, 3 de dezembro, às 19h, no canal do BaixaCultura no Youtube, e você pode ver aqui abaixo. Dá também para assistir os vídeos feitos para compor o espetáculo e que “não entraram” na hora e, com isso, ganharam uma vida diferente posterior. Eles trazem um fiapo de narrativa a partir da voz sintetizada de um personagem-robô que adora poesia e está aprendendo a viver num mundo pós-humano que desconhece, mas acha muito bonito. Mais abaixo, algumas obras de artistas brasileiras que usam ou dialogam com o glitch.

Leo Caobelli, “Algum pequeno oásis de fatalidade perdido num deserto de erros“.

Leo Caobelli, “Algum pequeno oásis de fatalidade perdido num deserto de erros“.

 

Giselle Beiguelman, “Memória da Amnésia/ Deserto Rosso”, 2015

 

Giselle Beiguelman, Cinema Lascado

 

Giselle Beiguelman, Paisagem Ruidosa

 

Daniel Temkin

 

Daniel Temkin

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Insurreição Popular e tecnopolítica para Cineclubes https://baixacultura.org/2020/11/26/insurreicao-popular-tecnopolitica-e-contracultura-digital-para-cineclubes/ https://baixacultura.org/2020/11/26/insurreicao-popular-tecnopolitica-e-contracultura-digital-para-cineclubes/#respond Thu, 26 Nov 2020 20:08:54 +0000 https://baixacultura.org/?p=13287

Você sabia que existe uma escola de audiovisual pública com vários cursos gratuitos de formação na área, entre eles um de cineclubistas? Também não sabíamos, até conhecer a Vila das Artes, ligado à Secretaria de Cultura de Fortaleza, no Ceará. Ainda ano passado, fomos convidados a participar de um evento aberto ao público realizado pela escola, mas devido a diversos contratempos não conseguimos.

Nesse ano, com a pandemia a nos mostrar as possibilidades expandidas de participação remotas, conseguimos estar presente no curso de Formação de Cineclubistas e Exibidores Independentes. Foram seis horas de um curso/disciplina que, com a sugestão da secretaria da escola, chamamos de “Insurreição Popular: Tecnopolítica e ContraCultura Digital para Cineclubes“. Nela, fizemos um resgate da cultura livre e de uma certa contracultura tecnopolítica para discutir desde a propriedade intelectual e a história de alguns aparatos técnicos de exibição de cinema e vídeo até as formas livres de produção e circulação de bens culturais. Com um público muito diverso, gente de Fortaleza mas também do interior do Ceará, Bahia e Santa Catarina – possibilidades que o online permite.

Na primeira aula, o percurso foi guiado pela pergunta: “Como chegamos até aqui?”. Depois da apresentação de todxs e da disciplina, tentamos responder a esta pergunta nos debruçando sobre a história dos aparatos tecnopolíticos de acesso, produção, distribuição e exibição de filmes: cinema, vídeos, televisão; até chegar a internet. Aqui está a apresentação que guiou essa fala.

Na segunda, chegamos nos softwares e nos computadores para falar de software e cultura livre. Voltamos ao século XVII para falar das origens capitalistas e liberais da propriedade intelectual (copyright e direito do autor), para então comentar sobre práticas anti-copyright no século XX – Dada, Detournament, Rap, sampler, etc – chegando ao copyleft e as licenças livres, Creative Commons, ArteLibre e outras licenças, comentadas a partir dessa apresentação.

Por fim, falamos de Cultura P2P e Contracultura digital a partir da internet: formas de circulação e distribuição de filmes na internet, compartilhamento de arquivos, download livre e pirataria, tecnopolítica e ciberativismo do conhecimento livre, entre outros temas correlatos que dizem respeito à questões de hoje e que tiveram como guia essa apresentação.

Os vídeos das três aulas estão logo abaixo. Foram editados para ressaltar a parte do conteúdo, cortando algumas apresentações e pausas comuns em um processo dialógico de sala de aula (mesmo online). Logo abaixo estão algumas das referências básicas usadas, todas elas disponíveis na Biblioteca do Comum, projeto que mantemos junto com o Instituto Intersaber para a disponibilização livre para download de obras ligadas à cultura livre, agroecologia, bens comuns, tecnopolítica, ciência cidadã, educação expandida, tecnologias sociais, entre outros temas.

REFERÊNCIAS (principais)

BELISÁRIO, A; TARIN, B (Org.). Copyfight: Pirataria & Cultura Livre. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2012. Disponível em: http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/39

COHN, Sérgio. SAVAZONI, Rodrigo (org.). Cultura Digital.br. Rio de Janeiro; Azougue, 2009. Disponível em: http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/40

FCFORUM. Cultura libre digital. Nociones básicas para defender lo que es de todxs. Barcelona; Icaria Editorial, 2012. Disponível em: http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/47

STALLMAN, Richard. Software libre para una sociedad livre (trad. principal aron Rowan, Diego Sanz Paratcha y Laura Trinidad). Madrid; Traficante de Sueños, 2004. Disponível em: http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/48

GARCÍA GAGO, Santiago (org.) 10 Mitos sobre la cultura libre y el acceso abierto al conocimiento. Guatemala; Radialistas.net, 2014. Disponível em: http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/45

LESSIG, Lawrence. Cultura livre: Como a grande mídia usa a tecnologia e a lei para bloquear a cultura e controlar a criatividade. São Paulo, Editora Trama Universitário, 2005. Disponível em: http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/47

VVAA. Copyleft: manual de uso. Madrid; Traficante de Sueños, 2006. http://www.bibliotecadocomum.org/items/show/2

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O Fim da Internet e outras histórias https://baixacultura.org/2020/10/15/o-fim-da-internet-e-outras-historias/ https://baixacultura.org/2020/10/15/o-fim-da-internet-e-outras-historias/#respond Thu, 15 Oct 2020 14:30:56 +0000 https://baixacultura.org/?p=13271

O que acontece no mundo quando a internet acaba?

Em época de pandemia do Coronavírus, onde a maior parte das relações pessoais e de trabalho migraram para telas conectadas à rede mundial de computadores, a mera possibilidade de não estar mais conectado traz angústia, desespero e problemas – reais ou virtuais – à maior parte das pessoas do Planeta Terra no século XXI. Mas será que a angústia é para todas?

A partir deste mote, o Projeto Xará, em parceria com Toar Produções e o BaixaCultura, apresenta “O Fim da Internet e Outras Histórias”, uma superfície de eventos online que joga com a ausência (e a presença) da internet para as pessoas e outros seres vivos do planeta. São quatro histórias-lugares-presenças paralelas, transmitidas ao vivo, num experimento online com elementos teatrais, audiovisuais e da performance que dialogam entre si e partem de algum improviso para construir um laboratório de histórias e sensações sobre como é, ou poderia ser, um mundo em que a internet não mais existisse.

“O Fim da Internet” ocorreu dia 27/10, às 20h, via transmissão no canal do YouTube do BaixaCultura, com duração de cerca de 50 minutos. No dia seguinte, 28/10, às 19h, no mesmo canal, haverá uma conversa com os participantes da superfície e convidados ligados à cultura hacker e a arte e tecnologia. O projeto foi contemplado pelo FAC DIGITAL RS, promovido pela Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul com apoio da Feevale.

Assista:

 

O FIM DA INTERNET E OUTRAS HISTÓRIAS
Dia 27 de outubro, terça-feira, 20h
No Youtube do BaixaCultura

QUEM

Projeto Xará é a junção de dois Leonardos, Foletto e Roat, que pesquisam e trabalham com o experimentos cênicos e audiovisuais em arte e tecnologia. O encontro se deu a partir da pesquisa de doutorado do ator e diretor Roat sobre a cena teatral expandida com a investigação que resultou no livro “Efêmero Revisitado” de Foletto, jornalista e pesquisador, ainda em 2011. Depois de alguns experimentos, ideias e planos compartilhados, nove anos depois o Projeto Xará nasce com uma proposta de experimentar a cena teatral-audiovisual expandida na internet. A estréia se dá com a superfície de eventos “O Fim da Internet e Outras Histórias”, primeiro projeto que pretende ser contínuo e frequente.

 

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