Pedro Markun – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Thu, 05 Jul 2012 15:54:35 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg Pedro Markun – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Retratos do ciclo copy, right? https://baixacultura.org/2012/07/05/retratos-do-ciclo-copy-right/ https://baixacultura.org/2012/07/05/retratos-do-ciclo-copy-right/#respond Thu, 05 Jul 2012 15:54:35 +0000 https://baixacultura.org/?p=6798

Passaram pouco mais de uma semana do ciclo copy, right? em SP, tempo suficiente para digerir tudo do que aconteceu.

Mas como foram 4 dias de ciclo, 6 filmes exibidos, 7 convidados e muitas outras conversas aleatórias, deixemos as fotos e os vídeos do evento falar por si só. No decorrer dos próximos dias, meses e até anos vamos recuperando algumas das histórias ali ouvidas, conversadas, etc, e relacionando com outros temas factuais, subjetivos, afetivos, etc.

Uma possível constatação depois de tudo isso é: estamos bem informados sobre as batalhas “novo” e “velho mundo” da cultura/industria cultural/direitos autorais. A segunda, mais realista e pessimista, é que somos muito poucos: falamos de termos como copyleft e crowdfunding, para citar dois exemplos, como se fossem coisas que todo mundo sabe o que é – e não, a imensa maioria não faz nem ideia do que seja.

Daí que as duas conclusões se juntam numa só: precisamos ser didáticos para nos fazer ouvir. O mundo da cultura livre/digital é um ovo. E só quando deixar de ser é que vamos conseguir alterar a sociedade tal como a tecnologia (e a cultura) digital tem pedido.

[Leonardo Foletto]

P.s1: Ainda temos algumas imagens e especialmente vídeos para recuperar das palestras. Avisamos aqui.

P.s2: Há possibilidades concretas da próxima edição do ciclo ser em no FISL 2012, em julho deste ano, em porto alegre.

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1ºdia – 12/6
Centro Cultural da Espanha

“¡Copiad, Malditos! (2011)
“Produção audiovisual em cultura livre: Brasil X Espanha”
Stéphane M. Grueso (diretor do filme, videoconferência) e Rafael Frazão (Casa da Cultura Digital, Filmes para Bailar)

2ºdia – 16/6
Matilha Cultural

“Patent Absurdity” (2010), “Arduíno: o documentário” (2011).
“ Hardware & software livre: cultura e cidadania P2P
Rodrigo Rodrigues (Garoa Hacker Clube, MetaMáquina) e Bernardo Gutierrez (Future Media, 15M Espanha).
A apresentação de Bernardo foi gravada pela Raquel Diniz, sua esposa, e pode ser vista aqui. A do Rodrigo disponibilizamos aqui em breve.

3ºdia – 23/6
Matilha Cultural

“RIP: A Remix Manifesto” (2009)
Cultura remix, RIP & direito autoral: 2009-2012
Pedro Markun (Casa da Cultura Digital, Esfera e Transparência Hacker).

(Neste dia, estamos sem fotos; em breve vamos pegá-las com o pessoal da Matilha Cultural e colocamos aqui).

4ºdia – 26/6
Centro Cultural da Espanha

Feira do Compartilhamento
“Ctrl-V – Video Control (2011)”,  “Remixofagia – Alegorias de uma Revolução” (2011)
Produção e políticas públicas em cultura digital”.
Rodrigo Savazoni (Casa da Cultura Digital, Festival CulturaDigital.br) e Leonardo Brant (Cultura e Mercado, Empreendedores Criativos).

Créditos fotos: BaixaCultura (1, 2, 3, 5, 6, 7, 8,9, 11, 12); Regina Elias/CCE (4, 10, 13, 14, 15)
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Remix e políticas de cultura digital encerram o ciclo copy, right? https://baixacultura.org/2012/06/22/remix-e-politicas-de-cultura-digital-encerram-o-ciclo-copy-right/ https://baixacultura.org/2012/06/22/remix-e-politicas-de-cultura-digital-encerram-o-ciclo-copy-right/#comments Fri, 22 Jun 2012 10:55:10 +0000 https://baixacultura.org/?p=6786

Eis que nos encaminhamos para o fim do ciclo copy, right? em São Paulo.

O 3º dia (ou penúltimo dia) do ciclo é amanhã, às 16h30, novamente na Matilha Cultural. Exibiremos “RIP: A Remix Manifesto” (2009, 86 min) na sala de cinema (3º andar) da Matilha Cultural. Já quase um “clássico” da cultura digital, “RIP” é narrado em primeira pessoa pelo diretor, o canadense Brett Gaylor, e trata de discutir as tentativas de controle do arsenal cultural de hoje (e do passado) com a desculpa de proteção dos direitos do autor.

Para tocar no assunto, Brett ilustra seu filme com casos como o do DJ Girl Talk, do copyright do “Parabéns a Você”, dos filmes da Disney e até do funk carioca brasileiro. E traz para a conversa gente como Lawrence Lessig, o “criador” do Creative Commons; Cory Doctorow, um dos mais requisitados defensores da liberdade na rede; e Gilberto Gil, que tem seu trabalho no MinC brasileiro elogiadíssimo no filme – cita-se que a cultura do remix sempre fez parte da cultura brasileira e evoca-se até mesmo o grande Manifesto Antropofágo de Oswald de Andrade.

O filme foi lançado oficialmente em 2008, no Canadá, mas disponibilizou material online muito antes, através do  Open Source Cinema, um projeto criado por Brett Gaylor que busca facilitar a circulação e o remix de vídeos online. A ideia original era que o filme fosse uma produção colaborativa, onde o público pudesse contribuir com material ou mesmo baixar, editar e remixar o filme de acordo com a sua vontade, seguindo a ideia da propagada pela cultura do remix.

Em seguida à exibição, faremos uma conversa com Pedro Markun – sócio da Esfera Hacks Políticos, integrante da comunidade Transparência Hacker e da Casa da Cultura Digital – sobre o que mudou no mundo da propriedade intelectual e da cultura digital desde a produção de RIP (2008) até hoje, dentre outros assuntos a surgir na hora. Infelizmente, tivemos um problema técnico na internet e não teremos mais a participação de Brett via Skype; pedimos desculpa sinceras.

“RIP” está disponível para download, para ver no YouTube (em 9 partes) e no Vimeo – mas te garanto que ver na bela sala de projeção do Matilha é bem melhor…

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Para encerrar o ciclo, na próxima terça-feira, 26 de junho, às 19h15, no Centro Cultural da Espanha, serão exibidos dois filmes sobre a produção audiovisual/digital recente: “Remixofagia – Alegorias de Uma Revolução” (2011, 16 min), realizado por Rodrigo Savazoni e a produtora Filmes para Bailar, ambos da Casa da Cultura Digital; e “Ctrl-V – Video Control” (2011, 56 min), de Leonardo Brant.

Remixofagia é um remix de trechos de filmes, entrevistas e músicas que faz uma espécie de “arqueologia” da cultura digital brasileira recente, com destaque para a luta pelo conhecimento livre e a presença das práticas de apropriação e reciclagem ao longo de nossa história. É uma realização de Savazoni, Rafael Frazão e Paula Alves, da Filmes para Bailar, e faz parte do projeto 5X Cultura Digital – cinco ensaios sobre a cultura contemporânea realizado por coletivos de audiovisual do Brasil.

Já “Ctrl-V” é um doc, dirigido por Leonardo Brant e produzido por uma extensa equipe, fruto de uma pesquisa sobre convergência audiovisual que explora as relações de poder e efeitos da indústria audiovisual sobre as sociedades contemporâneas. Traz entrevistas com pesquisadores/pensadores da indústria audiovisual internacional, como Edward Jay Epstein, Neil Gabler (EUA), Gilles Lipovetsky, Yvon Thiec (França), Massimo Canevacci (Itália) Octavio Getino (Argentina), Orlando Senna, Ismail Xavier, Newton Cannito (Brasil) e remixes de vários filmes hollywoodianos.

A pesquisa que originou o filme foi financiada pela Aecid (Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento), e o documentário tem o apoio do Sesc e co-produção da TV Cultura. Já fizemos uma espécie de “resenha” dele por aqui, caso queira saber mais do filme/projeto.

Depois da exibição, Rodrigo Savazoni – integrante da Casa da Cultura Digital e da nova CCD Santos, diretor do Festival CulturaDigital.br e mestrando em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC – e Leonardo Brant, coordenador da plataforma Empreendedores Criativos e editor do site Cultura e Mercado, vão falar mais sobre seus filmes e também sobre políticas públicas de cultura digital, audiovisual em tempos de convergência, cultura livre, indústrias culturais (ou “criativas”) e outros assuntos decorrentes desses.

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Feira do Compartilhamento

Nesta terça 26 de junho, a partir das 16h, estaremos promovendo uma “Feira do Compartilhamento” no Centro Cultural da Espanha, a partir das 16h até o encerramento da exibição e dos debates. Uma estrutura montada com um HD externo, um roteador e um HUB com entradas USB facilitarão a troca de arquivos digitais presencialmente: basta levar seu HD, Notebook, pendrive e escolher o arquivo a compartilhar ou copiar. A intenção é poder reproduzir o ambiente de troca de arquivos comum na rede também presencialmente. Vale lembrar que todos os seis filmes exibidos no ciclo estarão disponíveis para compartilhar neste HD.

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Um remix brasileiro sim senhor https://baixacultura.org/2011/05/25/um-remix-brasileiro-sim-senhor/ https://baixacultura.org/2011/05/25/um-remix-brasileiro-sim-senhor/#comments Wed, 25 May 2011 15:24:19 +0000 https://baixacultura.org/?p=4882

Saiu um novo vídeo sobre “essa coisa toda que tá aí” que ora costumamos chamar de cultura digital, ora de cultura livre, ora ambas e outras coisas mais.

Chama-se “Remixofagia – Alegorias de uma Revolução” e foi produzido pela Casa da Cultura Digital, remixado/dirigido por Rodrigo Savazoni e pela produtora Filmes para Bailar.

A produção começou no Fórum da Cultura Digital 2010, e é por isso que muitos dos depoimentos ali vistos tem aqueles tijolinhos bonitos da Cinemateca (local onde aconteceu o Fórum do ano passado) ao fundo. Entre os depoimentos, Pablo Capilé, do Circuito Fora do Eixo (em momento filósofo Capilé das Bolas), Pedro Markun, da Esfera e também da Casa da Cultura Digital, o provocador da cultura digital Cláudio Prado, Alfredo Manevy, ex-secretário executivo do MinC, John Perry Barlow, ativista e co-fundador da Eletronic Frontier Foundation, além dos ex-ministros Gilberto Gil e Juca Ferreira, entrevistados na Cinemateca mas numa sala sem os tijolinhos ao fundo, e diversos outros.

Comentávamos por aqui, e com os próprios produtores/diretores do curta e diversas outras pessoas, que faltava um tipo de video que tentasse explicar o atual momento pela via da cultura digital brasileira. Nos ciclos copy, right? (primeiro e no 2.0), quase todos os filmes exibidos eram de outros países por conta dessa carência – embora boa parte deles trouxessem casos brasileiros como exemplos. O único nacional passado foi Brega S/A, que, focado no criativo modelo de negócio do tecnobrega paraense, tangenciava a cultura digital sem tentar compreendê-la. Natural, pois não era esse o foco.

“Remixofagia” toca direto na questão da cultura digital pelo viés brasileiríssimo-antropófogo de personagens como Macunaíma – aqui na cara que acostumamos a vê-lo, como Grande Otelo no filme de Joaquim Pedro de Andrade de 1969 – e por causos como o dos índios caetés que, em 1556, comeram o bispo sardinha, no “acontecido que fecundou a terra e deu origem ao espírito do Brasil”, como diz as legendas no filme.

A mesma Caetés de onde saiu os comedores (literalmente) do Bispo Sardinha é terra de outro “filho antropófogo” brasileiro: Lula. A partir de então, é o ex-presidente que guia o vídeo com suas falas, aparições e, principalmente, com o seu proclamado resgate da ideia de que a antropofagia é a profissão de fé do povo brasileiro – o que é ilustrado com a presença de Gil, um tropicalista, no ministério da cultura.

Entra aí o digital, a internet, vinda dos “outros”, dos “estrangeiros”, como um “presente” para o Brasil deglutir e fazer um “banquete” próprio – ilustrado na boa (vá lá, partidários de todas as querências) metáfora da fala de Lula no FISL 2009 sobre o porquê da adoção do software livre no seu governo

nós tínhamos que escolher: ou nós íamos para a cozinha preparar o prato que nós queríamos comer, com os temperos que nós queríamos colocar e dar um gosto brasileiro na comida, ou nós iríamos comer aquilo que a Microsoft queria vender para a gente.  Prevaleceu, simplesmente, a ideia da liberdade.

A 2º parte do vídeo foca naquela ideia que aqui falamos desde os primórdios: de que as corporações correm atrás do velho lucro e tentam impedir a cultura de ser livre. Aí entram diversas falas para ilustrar os argumentos, especialmente dos defensores da cultura livre/digital. Destaque para os dizeres sempre lúcidos/viajantes de Gilberto Gil: “as corporações começam a se defrontar com o fantasma do custo zero, e aí o capitalismo entra em parafuso, onde é que nós vamos ganhar dinheiro?“.

E do pós-tudo Cláudio Prado:

O Brasil é o remix total. Por isso que quando bateu aqui as pontas dessa nova realidade colaborativa que estava pra nascer no mundo, ela encontra um terreno extremamente fértil no Brasil, e por isso se explica a demanda por uma política pública de banda larga“.

O raciocínio implícito da fala de Prado pode ser: se o Brasil já anda tomando a frente mundial em diversas frentes pró-cultura livre e digital com uma banda larga de quando muito 1 mega (!) que temos – que nem a todos lugares chega, e quando chega ainda pode ser muito caro – imagina quando se tiver um plano de acesso à rede decente, barato e acessível a (quase) todos, como já acontece em muitos lugares do mundo, como em Portugal, e se quer implantar aqui através do Plano Nacional de Banda Larga, ainda que com muitas restrições de velocidade, locais e preços.

Não vamos entrar em mais detalhes aqui que é para tu não deixar de querer o vídeo no final desse post. Independente de qualquer “tomada de partido” possível da narrativa, vale dizer que o curta não se furta em mostrar as questões políticas por trás da cultura digital, ainda mais salientes nesse momento de Trevas de Hollanda (e também nisso ele ajuda a ver como, de fato, estamos regredindo com o MinC 2011).

Remixofagia é um pequeno e necessário manifesto sobre a cultura digital brasileira, daqueles que conversávamos serem importantes para o Brasil deixar de ser apenas case dos docs dos outros e produzir a sua (uma?) visão sobre “essa coisa toda que tá aí” que ora costumamos chamar de cultura digital, ora de cultura livre, ora ambas e outras coisas mais.

P.s: Vale lembrar que o vídeo está em Creative Commons licença – termos 3.0 não adaptada.

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