matehackers – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Mon, 05 Dec 2022 22:39:17 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg matehackers – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Lançamento e debate sobre A Cultura é Livre no RS https://baixacultura.org/2022/11/29/lancamento-e-debate-sobre-a-cultura-e-livre-no-rs/ https://baixacultura.org/2022/11/29/lancamento-e-debate-sobre-a-cultura-e-livre-no-rs/#respond Tue, 29 Nov 2022 20:44:24 +0000 https://baixacultura.org/?p=15095 Depois de um lançamento do livro em Porto Alegre que não houve por conta de que peguei Covid, no Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas, na quarta-feira, dia 30 de novembro de 2022, a partir das 18 horas, vai finalmente ocorrer um debate e lançamento do livro na cidade, no mesmo Bar Sola no bairro Floresta que era pra ter sido em junho. O texto abaixo é o release escrito pelo jornalista e tradutor Augusto Paim para o evento.

No palco, Foletto conversa sobre propriedade intelectual e cultura livre com a deputada estadual Sofia Cavedon (PT) e com Joel Grigolo, membro do Matehackers, um hackerspace localizado na associação cultural Vila Flores. A mediação é de Augusto Paim, jornalista e tradutor. O debate começa às 19h. Logo após, a noite segue com o músico Estevan Hauser e com a cantora e compositora Eugênia, nova cara da cena musical porto-alegrense.

A Cultura é Livre: Uma história da resistência antipropriedade é um livro de Leonardo Foletto, editor do BaixaCultura, publicado pela Autonomia Literária em coedição com a Fundação Rosa Luxemburgo. Tem prefácio de Gilberto Gil, um dos maiores artistas da cultura brasileira, também ex-ministro da Cultura no Brasil entre 2003-2008, período em que ele e sua equipe, no governo do então presidente Lula, impulsionaram uma série de políticas a favor da cultura livre; texto da contracapa de Giselle Beiguelman, artista e curadora incentivadora e afim ao remix nas artes digitais, professora da FAU-USP; e orelha de Mariana Valente, doutora em direito pela USP, diretora do InternetLab, ex-coordenadora geral do Creative Commons Brasil e uma das maiores especialistas em direito autoral na internet no país.

 

Serviço:

Lançamento do livro “A cultura é livre: uma história da resistência antripropriedade” (editora Autonomia Literária, 2021).
Com o autor Leonardo Foletto, a deputada estadual Sofia Cavedon e o ativista digital e integrante do Hackerspace Matehackers Joel Grigolo. Mediação do jornalista Augusto Paim.
Atrações musicais: Estevan Hauser e Eugênia.
Onde: bar Sola Craft Bar (R. São Carlos, 725 – Floresta, Porto Alegre – RS, 90220-121)
Quando: dia 30/11, às 18h.

Veja alguns registros da conversa e o vídeo, gravado pelo Matehackers:

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A cultura livre é hacker e cooperativa em Porto Alegre https://baixacultura.org/2022/06/15/a-cultura-livre-e-hacker-e-cooperativa-em-porto-alegre/ https://baixacultura.org/2022/06/15/a-cultura-livre-e-hacker-e-cooperativa-em-porto-alegre/#respond Wed, 15 Jun 2022 23:39:46 +0000 https://baixacultura.org/?p=13989 Após quatro eventos on-line, o DigiLabour, por meio do Observatório do Cooperativismo de Plataforma, vai realizar o Seminário Presencial Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas, presencial, em Porto Alegre/RS, nos dias 21 e 23 de junho, na UNISINOS campus Porto Alegre.

O evento, apoiado pela Fundação Rosa Luxemburgo, reunirá formuladores de políticas, trabalhadores, acadêmicos, movimentos sociais e outras instituições interessadas para discutir caminhos alternativos para o futuro do trabalho por plataformas no país. Entre os confirmados estão Leo Pinho (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil – UNISOL), Joana Varon (Coding Rights), Aline Os (Senoritas Courier), Márcio Pochmann (Instituto Lula), Renan Kalil (MPT-SP), Pedal Express, Movimento dos Trabalhadores Sem Direitos, Núcleo de Tecnologia do MTST, ITS Rio / Platform Cooperativism Consortium, Direção Nacional da CUT, Camila Capacle (Prefeitura de Araraquara), Miguel Rossetto (PT-RS),  Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Privacidade e Proteção de Dados (COOPRODADOS), representantes da Fundação Mundukide/Mondragon, entre outros.  As inscrições gratuitas, com direito a certificado, podem ser realizadas no site da UNISINOS.

No encerramento do evento, 23/6 às 18h, o “A Cultura é Livre: uma história da resistência antipropriedade” vai ser lançado –  pela primeira vez presencialmente, depois de alguns lançamentos online em meio à pandemia. Será no Sola Craft Bar, Rua São Carlos, 725, ao lado do Vila Flores, no bairro Floresta, região do “4º distrito” de Porto Alegre, com participação e apoio do vizinho hackerspace Matehackers. Teremos exemplares GRATUITOS para distribuição (limitada), a partir do apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, co-editora do livro. A proposta do papo do lançamento é dialogar sobre a cultura livre a partir do resgate histórico feito no livro (da cultura oral, impressa, proprietária, recombinante, livre e coletiva) e detalhar a relação do conhecimento livre com as práticas hackers – o software livre e a ideia de copyleft, que popularizaram o entendimento contemporâneo do que é cultura livre, estão ligadas diretamente à Richard Stallman, criador do software livre, por sua vez o “último dos verdadeiros hackers”, como diz o livro de Steven Levy [“Hackers – Heroes of The Computer Revolution”, obra fundamental para entender as raízes da cultura hacker nos Estados Unidos; dá pra baixar grátis a versão em inglês].

Como boa parte dos hackerspaces pelo mundo, o Matehackers tem o conhecimento livre entre seus princípios fundamentais – a começar pela documentação de suas atividades, no site (ainda que meio desatualizado), no uso e defesa do software e do hardware livre e nas práticas de livre compartilhamento em seus espaços físicos e eventos. Quem já passou pelo apartamento de duas salas, uma cozinha, um banheiro e uma sacada no primeiro (ou segundo?) andar do Vila Flores, sede do grupo desde 2014, sabe que a colaboração é dominante; ir com algum problema técnico para lá tentar resolver significa tornar um problema e a solução questões coletivas – e às vezes voltar com problemas muito maiores que os iniciais (especialmente aos sábados, tradicional dia de mais gente). A aprendizagem colaborativa, a sede pelo conhecimento (especialmente técnico, mas nem sempre), a valorização do saber fazer (mais do que ostentar, seja por títulos ou pela fala), a colaboração pela curiosidade de resolver um problema e a ideia de que muita coisa pode ser resolvida pelos computadores fazem parte do ethos do grupo – e também dos hackerspaces/hacklabs que ainda se baseiam nos princípios de uma ética hacker.

Entre outros eventos ligados ao conhecimento livre que o Matehackers participou, um vale destacar: foi o Dia da Cultura Livre na Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), importante centro cultural da cidade, em 18 de maio de 2013. No dia, com organização da CCD POA e participação de vários integrantes do Matehackers, uma série de oficinas, debates e outras atividades teve como tema a cultura livre baseada em licenças livres (ou sem licença nenhuma). De design a música, de zines a RPG, foi uma pequena celebração da cultura livre e dos artistas que fazem uso dela. Algumas fotos abaixo:

 

Fanzines, cultura independente e compartilhamento com Jamer Guterres de Mello e Wender Zanon.

 

Alissa Gottfried, do coletivo Ecoaecoa, contando sobre a criação e utilização de MiMoSA’s como meio criativo para produção de conteúdos livres

 

Material de Divulgação do Dia da Cultura Livre em 18/5/2013

 

 

 

 

Material de Divulgação do Dia da Cultura Livre em 18/5/2013*

Mês passado rolou o debate em torno das tecnologias livre e o cooperativismo de plataforma, evento que encerrou a fase online da série de debates Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas, organizado pelo Digilabour e Observatório do Cooperativismo de Plataforma e apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.

[Já dá para assistir na íntegra esta mesa – abaixo – e as outras no canal do Youtube do Digilabour]

 

 

A programação completa do seminário:

 

 

21 de junho (terça-feira)

09h – Café e Boas Vindas

10h – Abertura institucional

10h30: Conferência de Abertura: Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas: quais agendas construir?

Aline Os (Señoritas Courier)

Joana Varon (Coding Rights)

12h30-14h – Horário de almoço

14h – Coletivos e cooperativas de plataformas: quais experiências temos no Brasil?

15h30 – Exibição e debate: Documentário Señoritas Courier

16h-16h30 – Coffee break

16h30 – Sindicatos e cooperativismo de Plataforma

18h – Horário de Encerramento

 

22 de junho (quarta-feira)

09h – Café

09h30 – Workshop – Trabalho decente, cooperativismo de plataforma e políticas públicas

12h-14h – Horário de Almoço

14h – Apresentações de formuladores de políticas e movimentos sociais sobre cooperativismo de plataforma

16h – Coffee Break

16h30 – Apresentações de pesquisadores sobre cooperativismo de plataforma

18h – Horário de encerramento

 

23 de junho (quinta-feira)

09h – Passeio guiado a pé por cooperativas e Associação Cultural Vila Flores (encontro no centro de Porto Alegre, em lugar a ser definido)

12h-14h – Horário de almoço

14h – Discussão conjunta para produção de manifesto: Quais aprendizados sobre o futuro do cooperativismo de plataforma no Brasil?

15h30 – Lançamento do evento mundial do Cooperativismo de Plataforma (Platform Cooperativism Conference), que acontecerá em novembro no Rio de Janeiro

16h – Café

16h30 – Breve fala e convite: Tecnologias livres e cooperativismo de plataforma.

Leonardo Foletto (BaixaCultura/ LabCidade-USP)

17h – Fala de encerramento

18h – Happy Hour/ Lançamento do Livro “A Cultura é Livre: Uma História da Resistência Antipropriedade”, de Leonardo Foletto, em bate-papo com o hackerspace Matehackers.

O livro tem prefácio de Gilberto Gil e foi editado pela Autonomia Literária em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo. Os livros serão distribuídos gratuitamente no local (número limitado)

Local: Sola Craft Bar, rua São Carlos, 725, Floresta (4º Distrito), Porto Alegre-RS

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Diálogos Abertos #2: A Internet como conhecemos morreu. E agora? https://baixacultura.org/2018/05/31/dialogos-abertos-2-a-internet-como-conhecemos-morreu-e-agora/ https://baixacultura.org/2018/05/31/dialogos-abertos-2-a-internet-como-conhecemos-morreu-e-agora/#respond Thu, 31 May 2018 00:00:29 +0000 https://baixacultura.org/?p=12424

A Federal Communications Comission (a “Anatel” dos EUA) decidiu, em dezembro de 2017, acabar com a neutralidade da rede, princípio que obriga os provedores de internet a tratar igualmente todos os dados, sem poder discriminar ou privilegiar nada do que passa por suas redes. O Senado dos EUA, porém, rejeitou essa decisão, jogando agora para a Câmara de Representantes (a Câmara dos Deputados dos EUA) e o presidente Trump decidirem se a medida da FCC vai ser invalidada definitivamente e a neutralidade de rede seja efetivamente restaurada.

Muitos já dão como certa que Trump e os deputados vão reverter a decisão do Senado e pôr fim a neutralidade da rede  – o que ocorre também devido a afirmação da liderança republicana da Câmara expressando sua oposição em votar a neutralidade da rede agora. Se de fato a neutralidade for derrubada por lei, é a maior mudança da história da internet até aqui. Nos próximos anos, é grande a chance de nós usuários termos que pagar mais para acessar certos tipos de serviço – uma conexão que priorize a velocidade dos vídeos ou o desempenho dos games, por exemplo, o que é proibido por lei hoje. Sem a neutralidade da rede, as empresas de telecomunicações são donas da rede e podem definir o conteúdo que você irá acessar, como numa assinatura de TV a cabo.

O cerceamento da internet por empresas privadas como o Google, Facebook, Amazon e Apple também tem ajudado a tornar a internet livre, descentralizada e gestionada por pessoas (ou comitês com participação da sociedade civil), uma realidade cada vez mais distante. Cerca de 70% dos brasileiros acessam a rede pelo celular e, não raro, só entram em serviços como o Facebook, WhatsAPP e Instagram quando conectados. A internet tem virado o que muitos de nós ativistas por uma internet livre temíamos: um grande jardim murado, onde quem dá as cartas do que e como acessar são grandes empresas privadas com sede nos EUA.

Diante desse cenário, vamos, novamente junto com a CCD Porto Alegre e o hackerspace Matehackers, debater no segundo Diálogos Abertos o que (e se) ainda é possível ser feito para manter a internet livre e descentralizada, como ela foi pensada inicialmente e como ela funcionava até anos atrás, e sobre como podemos lidar com mais essa situação distópica. Há gente, como Peter Sunde, um dos criadores do The Pirate Bay, que já desistiu: “Ainda pensamos na internet como esse novo Velho Oeste. Nada está escrito em pedra ainda, então não ligamos. De alguma forma tudo vai dar certo. Mas não é por aí. Nunca vimos tanta centralização, desigualdade e capitalismo extremos. Porém, de acordo com o marketing feito por gente como Mark Zuckerberg e empresas como o Google, tudo é feito para ajudar a rede aberta e promover democracia, e por aí vai. Ao mesmo tempo, são monopólios capitalistas. É como confiar no vilão pra fazer boas ações. É bizarro.” Outros, como Tim Berners-Lee, criador-chefe da Web, diz que devemos nos preocupar com a regulação, porque se deixarmos para o mercado regular a internet a situação pode ficar ainda pior do que já está.

Nossa conversa também vai trazer outras perspectivas mais, digamos, otimistas, que apontem para novos caminhos de (re) construção da internet, como as redes livres. Teremos como convidados Rodrigo Troian, ativista de software livre desde 2004 e que desde 2008 vem pesquisando e fazendo redes em malha por wifi utilizando roteadores de baixo custo – as chamadas redes livres, como ele comentou na BaixaCharla. Além dele, vão participar da conversa integrantes das organizações participantes e quem mais quiser; a roda de conversa é aberta a todxs que quiserem participar (falar, escutar e/ou só observar)

O evento será novamente no Vila Flores, às 18h30. Como da primeira vez, vai rolar transmissão ao vivo no nosso canal no YouTube.
UPDATE 19/6: Tivemos um problema na conexão de internet, então o vídeo transmitido ao vivo vai até os 22min49s, e aos 22min53s entra a segunda parte, não transmitida, mas gravada – por isso uma pequena diferença na qualidade de imagem/som.

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Diálogos Abertos #1: O Caso facebook https://baixacultura.org/2018/05/01/dialogos-abertos-1-o-caso-facebook-por-que-devemos-nos-preocupar-com-isso/ https://baixacultura.org/2018/05/01/dialogos-abertos-1-o-caso-facebook-por-que-devemos-nos-preocupar-com-isso/#comments Tue, 01 May 2018 14:46:45 +0000 https://baixacultura.org/?p=12398

Junto com o Hackerspace Matehackers e a Casa da Cultura Digital Porto Alegre, começamos na última quinta-feira, 26 de abril,  uma série de debates sobre temas ligados à cultura digital, tecnopolítica, direitos digitais, cultura livre, ética hacker e outros do nosso cotidiano digital. Nosso intuito foi, e continuará sendo com os próximos, dissecar esses temas num momento em que a internet que conhecemos está acabando, e que novas “internets” estão sendo construídas, num campo em ferrenha disputa que acontece hoje.

O primeiro assunto dos Diálogos Abertos não poderia deixar de ser o recente caso envolvendo o Facebook, que supostamente vazou (compartilhou, melhor dizendo) dados de cerca de 87 milhões de pessoas para a empresa de marketing político Cambridge Analytica por meio de testes de personalidade. A situação levou o criador da rede social, Mark Zuckerberg, a defender sua empresa no Congresso dos Estados Unidos e despertou um sonoro “eu já sabia” nos meios do ciberativismo de proteção de dados e antivigilante, além de queda do valor das ações da empresa na Bolsa de Valores e alterações na política de proteção de dados da rede social, que vão afetar os mais de 1 bilhão de pessoas com perfis no Facebook.

A conversa realizada no miolo do Vila Flores, condomínio cultural criativo que abriga o Matehackers, girou em torno desse e outros temas correlatos, e teve a condução de Janaína Spode, integrante da CCD POA, produtora cultural e ciberativista nas lutas pelos avanços políticos para reforçar os Direitos Humanos no mundo digital;  Fabricio Solagna, doutorando em sociologia pela UFRGS com pesquisa focada em governança da Internet e Marco Civil na Internet e que já realizou projetos de participação digital no governo do RS e na presidência da República; e Leonardo Feltrin Foletto, doutor em comunicação pela UFRGS, integrante do Matehackers, da CCD POA e editor desta página.

Diálogos Abertos marcou também o lançamento da Newsletter quinzenal CCD POA + BaixaCultura (inscrição e todas as infos aqui), e da campanha de financiamento contínuo do BaixaCultura no Apoia.se. Teve a presença de cerca de 20 pessoas e outras tantas online, na transmissão que fizemos no YouTube e que está disponível aqui abaixo. As fotos são de Sheila Uberti. A 2º edição será realizada em maio.

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Hackerspaces, makers e caixas-pretas em charla https://baixacultura.org/2018/01/29/hackerspaces-makers-e-caixas-pretas-em-charla/ https://baixacultura.org/2018/01/29/hackerspaces-makers-e-caixas-pretas-em-charla/#respond Mon, 29 Jan 2018 12:54:42 +0000 https://baixacultura.org/?p=12136

A BaixaCharla #5 teve como convidado Joel Grigolo, sociólogo, integrante do Matehackers, hackerspace situado em Porto Alegre criado em 2012, e do Machinarium, laboratório criativo de projetos na área digital. O papo girou em torno de assuntos nos quais Joel transita e fala com naturalidade – e de forma crítica: cultura hacker, maker, conhecimento livre, faça-você-mesmo, Porto Alegre, questões tecnológicas, políticas e de ensino no Brasil, ciência, objetividade… Além do próprio Matehackers, espaço do qual Joel está desde os primórdios.

A charla foi gravada em 12 de dezembro de 2017 no próprio Matehackers, na sala do Machinarium e na outra sala que compõe o espaço do matehackers, com a parceria da Sheila Uberti na câmera. Diferente das anteriores, nessa optamos por não transmitir ao vivo; gravamos em uma câmera digital com melhor qualidade de imagem. Esta foi a última charla da primeira série de entrevistas, um ciclo focado em pessoas de Porto Alegre. Em fevereiro de 2018 começamos um novo ciclo de charlas, dessa vez com pessoas da cultura livre/hacker/digital de São Paulo.

Joel é um “fazedor” nato. Desde a infância gosta de abrir caixas-pretas, fuçar em eletro-eletrônicos, montar e desmontar para ver como funcionam. Mas caixas-pretas não dizem respeito só a objetos técnicos, mas também a sistemas, como a sociedade: daí um dos motivos que fez Joel parar nas Ciências Sociais da UFRGS, e lá se envolver com a cibercultura, o movimento estudantil e a economia solidária. Lá sacou que a universidade é engessada e hierárquica demais para fazer circular um conhecimento livre, então foi trabalhar na Prefeitura de Porto Alegre, depois emalgumas ONGs (participou da fundação de duas), em trabalhos dedicados à geração de renda para adolescentes e trabalhadorxs na cidade, em especial na região da Vila dos Papeleiros, uma área com diversos problemas de tráfico, sujeira e violência situado na região centro norte de POA, próximo à Rodoviária.

Nas instituições públicas e partidárias, se desgostou da hierarquia extrema, do apagamento da voz individual em nome de uma (suposta?) voz coletiva, que não dava a oportunidade de decisão do discurso. Em meados de 2011, descobriu uma lista de pessoas interessadas a montar um hackerspace na cidade, “um bando de gurizada”, nas palavras dele, que foi a base do surgimento do primeiro hackerspace do Estado, o Matehackers, ainda no espaço conhecido como Bunker, uma (depois duas) salas num prédio da Avenida Independência, centro de Porto Alegre. Ali muitas das ideias que Joel buscava se encontraram: um espaço coletivo, autônomo, focado em tecnologia, funcionando a partir dos princípios da cultura hacker e que, agora sim, tratava e fazia de fato conhecimento livre. “Hackerspaces nao existiriam se a academia cumprisse seu papel” é uma frase muito falada por ele que sintetiza essa busca, agora (parcialmente?) encontrada no Matehackers.

No final de 2013 e início de 2014 o hackerspace migrou para o Vila Flores, então começando a se articular enquanto um centro cultural (e um empredimento comercial focado na economia criativa). Ali o Mate começa a agregar gentes diversas e se torna a referência, no Vila e na cidade, em questões voltadas à tecnologia, cultura hacker, conhecimento livre. A organização não-hierárquica, a liberade de atuação, a inter (trans) disciplinariedade –  que atrai de jornalistas à programadores, de produtores culturais à técnicos em eletrônica, de anarquistas à apoiadores do Bolsonaro – e a propensão ao compartilhamento de ideias e saberes faz do lugar ser um inusitado e divertido espaço de diversidade e de educação, como as escolas poderiam ser. Faz-se realidade uma certa utopia de vida de Joel.

Mas que chato seria se uma busca de vida encontrasse um fim. E o Matehackers não é uma utopia, mas uma realidade que traz desafios cotidianos. Não há “modelo de negócio” nem renda fixa para o lugar, mas custos fixos sim: aluguel, luz, água, manutenção de equipamentos, etc. Não há ninguém para limpar o espaço, mas todxs devem se responsabilizar por isso – o que exige uma atenção diária que na maior parte do tempo as cerca de 20 pessoas que frequentam o lugar toda semana (mais os 60-100 que conversam nos canais online do grupo) não conseguem ter. Os desafios de pagar o aluguel, manter o espaço organizado & ainda ser esse lugar para compartilhar o conhecimento são frequentes, difíceis e reais, muito reais.

Joel sabe disso tudo, e a charla não podia deixar de de pincelar algumas ideias sobre hackerspaces, sobrevivência, ética, política, tecnologia. O pai do Fabrício (15 anos) e parceiro da Maria também exerce na conversa sua veia crítica & irônica, conhecida por todxs que vão ao hackerspace e se deparam com o cabeludo/barbudo em frente a um computador, fumando e/ou tomando uma cerveja.  Conhecedor profundo da cultura hacker e maker, ele não gosta da apropriação que no Brasil se faz dessa última. “É o único lugar que se traz os nomes, se despe eles completamente de seus significados originais e os torna hypes. Olha o caso da comida de rua: aqui é o único lugar que comer na rua se torna mais caro do que em restaurantes, sendo que o movimento surgiu justamente para ser o contrário!”. Felizmente, diz ele, passou o hype sobre a cultura hacker, o que faz com que os hackerspaces que existam hoje, por exemplo, não tenham esvaziado tanto assim o significado original presente nos princípios da ética hacker: “O movimento hacker assusta. Ele é disruptivo, e há uma disputa na sociedade por ele. Não posso nem botar “hacker” no nome de uma empresa porque pode ser considerado apologia ao crime. O próprio desconhecimento do que é hacker nos ajudou, no final das contas”.

Assista a conversa abaixo.

Oficina de Pizzas no Matehackers

mascote do Machinarium

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Redes, software e cultura livre em charla https://baixacultura.org/2017/10/31/redes-software-e-cultura-livre-em-charla/ https://baixacultura.org/2017/10/31/redes-software-e-cultura-livre-em-charla/#comments Tue, 31 Oct 2017 17:26:21 +0000 https://baixacultura.org/?p=12045

Nosso convidado para a BaixaCharla #3 foi Rodrigo Troian, ativista de software livre desde 2004 e que desde 2008 vem pesquisando e fazendo redes em malha por wifi utilizando roteadores de baixo custo – as chamadas redes livres.

Troian participa desde 2010 da comunidade Latino Americana de Redes Livres, palestrando e organizando eventos em diferentes países da América do Sul. Entre 2011 e 2013 desenvolveu implementações de redes comunitárias na região sul do Brasil e no Chile. Desde 2016 atua como consultor externo para organizações nacionais e internacionais construindo redes e ministrando oficinas no Brasil e no exterior. É um dos integrantes do coletivo da Coolab – laboratório cooperativo de redes livres, colaborando na instalação e no modelo de sustentabilidade de provedores comunitários de Internet no Brasil.

Justo na hora da entrevista, tivemos um problema com a rede do Vila Flores/ Hackerspace Matehackers e não conseguimos fazer a transmissão ao vivo. Coisas que só acontecem quando o papo é, justamente, sobre redes…

Fizemos a charla igual e gravamos. Nela, nosso convidado contou de toda sua experiência desde os 2000 com a política & técnica na instalação de redes livres mundo afora, e como aquilo que já foi uma utopia apenas para “escovadores de bits” (a expansão das redes livres, seja para quem não tem acesso a internet, seja praqueles que querem ter uma rede paralela à internet) tem se tornado, nos últimos anos, uma realidade global. Terminamos o papo de forma otimista – sim, não só é possível como está acontecendo (it’s happening!): há redes livres enormes, redes mistas (com acesso a internet), intranets de comunidades inteiras, redes geridas por associações/cooperativas e muito mais.

Assista o vídeo. Abaixo dele e das fotos temos bonus tracks!

Alguns dos links das organizações/iniciativas citadas: Artigo 19, Nupef, AlterMundi, Libremesh, LibreRouter.

Instalação de uma rede livre em Juruti Velho, no Oesta do Pará, na Amazônia.

Em meados de 2013, fizemos um texto sobre redes livres aqui no Baixa que nunca conseguimos terminar, por uma série de fatores que não cabe aqui falar. Como ele trata de redes livres e é uma boa contextualização sobre o assunto, publicamos aqui abaixo, para complementar o relato já cheio de informações da BaixaCharla.

ASCENSÃO E QUEDA DAS REDES LIVRES COMUNITÁRIAS

Para você ler este texto aqui, seja de um notebook, desktop, smartphone ou tablet, o esquema costuma ser o seguinte: você adquire um dispositivo que permite a conexão à rede e contrata um plano de alguma das operadoras a disposição, que vai fazer a ligação da sua casa, ou do seu dispositivo, à internet através de uma porta disponibilizada na sua rua, no caso de internet a cabo e nas possíveis redes wifi criadas a partir daí, ou possibilitar o registro a um “espaço” no ar criado por uma antena 3G ou de rádio, por exemplo.

Com este aparato físico de ondas ou cabos por trás é que você, de posse de um identificador de sua rede (o “IP”), vai ligar seu dispositivo, abrir um navegador e digitar “https://baixacultura.org” e ler esse texto, ou chegar a ele através de alguma pessoa nas suas redes sociais, principalmente Twitter e Facebook – hoje, disparada a opção mais comum de entrada em alguns sites. Me arrisco a dizer que todas as pessoas que você conhece se conectam a rede dessa forma.

Pois bem, saiba que esta não é a única forma de se conectar a uma rede digital. Uma opção cada vez mais popular no mundo inteiro são as redes livres (ou redes “mesh”), que funcionam basicamente como grandes redes sem fio abertas, montadas a partir de um grupo de roteadores sem fio interconectados que propagam o tráfego entre usuários e também emitem serviços em banda larga a partir de nódulos conectados à internet.

Elas costumam funcionar de duas maneiras: se não tem nenhum ponto conectado à internet, funcionam como grandes intranets, onde os usuários têm acesso a uma rede comunitária offline e podem se comunicar entre si da maneira que quiserem nessa rede, além de usufruir serviços da rede.

Se um dos pontos tem acesso a internet, então se tornam opções mais baratas de conexão à rede – o que propicia a criação de pequenos provedores comunitários estruturados em organizações sem fins lucrativos, que podem comprar seus equipamentos e terem até 35 pessoas ligadas a sua pequena rede, segundo a lei brasileira.

Mais do que isso, a opção se torna ilegal  (não é mais)– muito por, sabemos, pressões das grandes operadoras nacionais, que não vêem com bons olhos as iniciativas de redes domésticas oferecendo serviços que poderiam ser melhores que as redes tradicionais.

Apesar dessa ilegalidade, em época de vigilância na rede (vide caso NSA) e de restrição de colocação de novos pontos de internet tem potencializado sobremaneira a expansão das redes livres, como relata essa matéria publicada no New York Times (e republicada na Folha) semana passada.

Como as redes abertas (offlines) são autônomas em relação à internet, elas não podem ser fechadas por um governo. São também mais difíceis de vigiar porque os dados oscilam de maneira imprevisível entre os nós da rede, sem um polo centralizado. E, com a expansão dos nós da rede, as redes livres podem funcionar como uma pequena internet, com os mesmos serviços oferecidos.

É o caso da maior e mais antiga rede desse tipo, a Athens Wireless Metropolitan Network, criada na Grécia em 2002 e que, hoje, conta com mais de 2.500 usuários em toda a área metropolitana de Atenas e nas ilhas vizinhas – em algumas áreas, oferece velocidades de mais de 100 Mbps por segundo. A AWMN tem serviços próprios de busca, compartilhamento, chats e telefonia VoIP (voz sobre IP, a maneira que o Skype funciona), o que muitas vezes faz com que os usuários nem precisam se conectar a internet, segundo afirma Joseph Bonicioli, presidente voluntário da associação que supervisiona a AWMN.

No Rio Grande do Sul

Durante algum tempo, uma rede livre funcionou em Santa Maria, criada em setembro de 2011 junto ao Centro Marista de Inclusão Digital (Cmid), por sua vez vinculado à escola Marista Santa Marta, na região da Nova Santa Marta, oeste da cidade. A intenção de montar o sistema na cidade surgiu no 3º Encontro Latino Americano de Redes Livres, realizado no mesmo período do 12º Fórum Internacional Software Livre (Fisl), em Porto Alegre, nos dias 1 e 2 de julho de 2011.

Do evento, a Associação de Software Livre (ASL) e o Centro Social Marista (Cesmar) partiram para a construção da rede livre em Porto Alegre, no bairro Mario Quintana, onde fica a sede do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC). Ali surgia a Rede Livre Mário Quintana, a primeira que sem tem notícia no estado, que inspirou a criação da rede da Nova Santa Marta, a 2º, ambas construídas a partir de equipamentos – servidores, antenas de wi-fi, roteadores – doados pelo Ministério Público e o Governo Federal.

Aberta à comunidade e a visitantes, a rede (que era offline) tinha por objetivo armazenar e disponibilizar conteúdo próprio via wireless numa das áreas mais carentes da cidade. Continha blogs, dicionário, enciclopédia, fotos, vídeos, rádio online e material diático dos cursos oferecidos pelo Cmid. “Nós somos um fornecedor de conteúdo, não de internet, até porque legalmente nós não podemos ser um provedor de internet”, explicou em entrevista publicada aqui quando do lançamento da rede, o engenheiro eletricista Everton Bocca, engenheiro eletricista e um dos professores do Cmid na Nova Santa Marta. Instituição que, aliás, deveria ser um lugar mais reconhecido em Santa Maria, dado o trabalho de referência nacional que executa com os cursos que oferece a jovens de 5º a 9º séries (robótica, informática, meta-reciclagem e meta-arte; mais infos sobre eles aqui)

A rede livre, que funcionou durante alguns meses na cidade, era acessível gratuitamente para quem possuísse um computador com wi-fi nos 187 hectares da área do bairro cobertos por 12 antenas. Devido a população ser de baixa renda, à época muito poucos tiveram condições de utilizar o serviço, o que, somado a interesses particulares e a relação dúbia (à época) com a lei, acabou por fechar a rede. Uma pena.

A esperança é que, neste momento, com a ofensiva contra a espionagem comandada pelo governo brasileiro, as redes livres voltem com mais força a serem pautadas no país (e em Santa Maria). Iniciativas, como as citadas aqui, e o portal da nascente rede criada, são bons indicativos pra isso.

E hoje?

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Fotos: Flickr Colab, Sheila Uberti (do dia da transmissão)

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