hackerspace – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Wed, 14 Sep 2022 23:40:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg hackerspace – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 A cultura livre é hacker e cooperativa em Porto Alegre https://baixacultura.org/2022/06/15/a-cultura-livre-e-hacker-e-cooperativa-em-porto-alegre/ https://baixacultura.org/2022/06/15/a-cultura-livre-e-hacker-e-cooperativa-em-porto-alegre/#respond Wed, 15 Jun 2022 23:39:46 +0000 https://baixacultura.org/?p=13989 Após quatro eventos on-line, o DigiLabour, por meio do Observatório do Cooperativismo de Plataforma, vai realizar o Seminário Presencial Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas, presencial, em Porto Alegre/RS, nos dias 21 e 23 de junho, na UNISINOS campus Porto Alegre.

O evento, apoiado pela Fundação Rosa Luxemburgo, reunirá formuladores de políticas, trabalhadores, acadêmicos, movimentos sociais e outras instituições interessadas para discutir caminhos alternativos para o futuro do trabalho por plataformas no país. Entre os confirmados estão Leo Pinho (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil – UNISOL), Joana Varon (Coding Rights), Aline Os (Senoritas Courier), Márcio Pochmann (Instituto Lula), Renan Kalil (MPT-SP), Pedal Express, Movimento dos Trabalhadores Sem Direitos, Núcleo de Tecnologia do MTST, ITS Rio / Platform Cooperativism Consortium, Direção Nacional da CUT, Camila Capacle (Prefeitura de Araraquara), Miguel Rossetto (PT-RS),  Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Privacidade e Proteção de Dados (COOPRODADOS), representantes da Fundação Mundukide/Mondragon, entre outros.  As inscrições gratuitas, com direito a certificado, podem ser realizadas no site da UNISINOS.

No encerramento do evento, 23/6 às 18h, o “A Cultura é Livre: uma história da resistência antipropriedade” vai ser lançado –  pela primeira vez presencialmente, depois de alguns lançamentos online em meio à pandemia. Será no Sola Craft Bar, Rua São Carlos, 725, ao lado do Vila Flores, no bairro Floresta, região do “4º distrito” de Porto Alegre, com participação e apoio do vizinho hackerspace Matehackers. Teremos exemplares GRATUITOS para distribuição (limitada), a partir do apoio da Fundação Rosa Luxemburgo, co-editora do livro. A proposta do papo do lançamento é dialogar sobre a cultura livre a partir do resgate histórico feito no livro (da cultura oral, impressa, proprietária, recombinante, livre e coletiva) e detalhar a relação do conhecimento livre com as práticas hackers – o software livre e a ideia de copyleft, que popularizaram o entendimento contemporâneo do que é cultura livre, estão ligadas diretamente à Richard Stallman, criador do software livre, por sua vez o “último dos verdadeiros hackers”, como diz o livro de Steven Levy [“Hackers – Heroes of The Computer Revolution”, obra fundamental para entender as raízes da cultura hacker nos Estados Unidos; dá pra baixar grátis a versão em inglês].

Como boa parte dos hackerspaces pelo mundo, o Matehackers tem o conhecimento livre entre seus princípios fundamentais – a começar pela documentação de suas atividades, no site (ainda que meio desatualizado), no uso e defesa do software e do hardware livre e nas práticas de livre compartilhamento em seus espaços físicos e eventos. Quem já passou pelo apartamento de duas salas, uma cozinha, um banheiro e uma sacada no primeiro (ou segundo?) andar do Vila Flores, sede do grupo desde 2014, sabe que a colaboração é dominante; ir com algum problema técnico para lá tentar resolver significa tornar um problema e a solução questões coletivas – e às vezes voltar com problemas muito maiores que os iniciais (especialmente aos sábados, tradicional dia de mais gente). A aprendizagem colaborativa, a sede pelo conhecimento (especialmente técnico, mas nem sempre), a valorização do saber fazer (mais do que ostentar, seja por títulos ou pela fala), a colaboração pela curiosidade de resolver um problema e a ideia de que muita coisa pode ser resolvida pelos computadores fazem parte do ethos do grupo – e também dos hackerspaces/hacklabs que ainda se baseiam nos princípios de uma ética hacker.

Entre outros eventos ligados ao conhecimento livre que o Matehackers participou, um vale destacar: foi o Dia da Cultura Livre na Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), importante centro cultural da cidade, em 18 de maio de 2013. No dia, com organização da CCD POA e participação de vários integrantes do Matehackers, uma série de oficinas, debates e outras atividades teve como tema a cultura livre baseada em licenças livres (ou sem licença nenhuma). De design a música, de zines a RPG, foi uma pequena celebração da cultura livre e dos artistas que fazem uso dela. Algumas fotos abaixo:

 

Fanzines, cultura independente e compartilhamento com Jamer Guterres de Mello e Wender Zanon.

 

Alissa Gottfried, do coletivo Ecoaecoa, contando sobre a criação e utilização de MiMoSA’s como meio criativo para produção de conteúdos livres

 

Material de Divulgação do Dia da Cultura Livre em 18/5/2013

 

 

 

 

Material de Divulgação do Dia da Cultura Livre em 18/5/2013*

Mês passado rolou o debate em torno das tecnologias livre e o cooperativismo de plataforma, evento que encerrou a fase online da série de debates Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas, organizado pelo Digilabour e Observatório do Cooperativismo de Plataforma e apoio da Fundação Rosa Luxemburgo.

[Já dá para assistir na íntegra esta mesa – abaixo – e as outras no canal do Youtube do Digilabour]

 

 

A programação completa do seminário:

 

 

21 de junho (terça-feira)

09h – Café e Boas Vindas

10h – Abertura institucional

10h30: Conferência de Abertura: Cooperativismo de Plataforma e Políticas Públicas: quais agendas construir?

Aline Os (Señoritas Courier)

Joana Varon (Coding Rights)

12h30-14h – Horário de almoço

14h – Coletivos e cooperativas de plataformas: quais experiências temos no Brasil?

15h30 – Exibição e debate: Documentário Señoritas Courier

16h-16h30 – Coffee break

16h30 – Sindicatos e cooperativismo de Plataforma

18h – Horário de Encerramento

 

22 de junho (quarta-feira)

09h – Café

09h30 – Workshop – Trabalho decente, cooperativismo de plataforma e políticas públicas

12h-14h – Horário de Almoço

14h – Apresentações de formuladores de políticas e movimentos sociais sobre cooperativismo de plataforma

16h – Coffee Break

16h30 – Apresentações de pesquisadores sobre cooperativismo de plataforma

18h – Horário de encerramento

 

23 de junho (quinta-feira)

09h – Passeio guiado a pé por cooperativas e Associação Cultural Vila Flores (encontro no centro de Porto Alegre, em lugar a ser definido)

12h-14h – Horário de almoço

14h – Discussão conjunta para produção de manifesto: Quais aprendizados sobre o futuro do cooperativismo de plataforma no Brasil?

15h30 – Lançamento do evento mundial do Cooperativismo de Plataforma (Platform Cooperativism Conference), que acontecerá em novembro no Rio de Janeiro

16h – Café

16h30 – Breve fala e convite: Tecnologias livres e cooperativismo de plataforma.

Leonardo Foletto (BaixaCultura/ LabCidade-USP)

17h – Fala de encerramento

18h – Happy Hour/ Lançamento do Livro “A Cultura é Livre: Uma História da Resistência Antipropriedade”, de Leonardo Foletto, em bate-papo com o hackerspace Matehackers.

O livro tem prefácio de Gilberto Gil e foi editado pela Autonomia Literária em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo. Os livros serão distribuídos gratuitamente no local (número limitado)

Local: Sola Craft Bar, rua São Carlos, 725, Floresta (4º Distrito), Porto Alegre-RS

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Hackerspaces, makers e caixas-pretas em charla https://baixacultura.org/2018/01/29/hackerspaces-makers-e-caixas-pretas-em-charla/ https://baixacultura.org/2018/01/29/hackerspaces-makers-e-caixas-pretas-em-charla/#respond Mon, 29 Jan 2018 12:54:42 +0000 https://baixacultura.org/?p=12136

A BaixaCharla #5 teve como convidado Joel Grigolo, sociólogo, integrante do Matehackers, hackerspace situado em Porto Alegre criado em 2012, e do Machinarium, laboratório criativo de projetos na área digital. O papo girou em torno de assuntos nos quais Joel transita e fala com naturalidade – e de forma crítica: cultura hacker, maker, conhecimento livre, faça-você-mesmo, Porto Alegre, questões tecnológicas, políticas e de ensino no Brasil, ciência, objetividade… Além do próprio Matehackers, espaço do qual Joel está desde os primórdios.

A charla foi gravada em 12 de dezembro de 2017 no próprio Matehackers, na sala do Machinarium e na outra sala que compõe o espaço do matehackers, com a parceria da Sheila Uberti na câmera. Diferente das anteriores, nessa optamos por não transmitir ao vivo; gravamos em uma câmera digital com melhor qualidade de imagem. Esta foi a última charla da primeira série de entrevistas, um ciclo focado em pessoas de Porto Alegre. Em fevereiro de 2018 começamos um novo ciclo de charlas, dessa vez com pessoas da cultura livre/hacker/digital de São Paulo.

Joel é um “fazedor” nato. Desde a infância gosta de abrir caixas-pretas, fuçar em eletro-eletrônicos, montar e desmontar para ver como funcionam. Mas caixas-pretas não dizem respeito só a objetos técnicos, mas também a sistemas, como a sociedade: daí um dos motivos que fez Joel parar nas Ciências Sociais da UFRGS, e lá se envolver com a cibercultura, o movimento estudantil e a economia solidária. Lá sacou que a universidade é engessada e hierárquica demais para fazer circular um conhecimento livre, então foi trabalhar na Prefeitura de Porto Alegre, depois emalgumas ONGs (participou da fundação de duas), em trabalhos dedicados à geração de renda para adolescentes e trabalhadorxs na cidade, em especial na região da Vila dos Papeleiros, uma área com diversos problemas de tráfico, sujeira e violência situado na região centro norte de POA, próximo à Rodoviária.

Nas instituições públicas e partidárias, se desgostou da hierarquia extrema, do apagamento da voz individual em nome de uma (suposta?) voz coletiva, que não dava a oportunidade de decisão do discurso. Em meados de 2011, descobriu uma lista de pessoas interessadas a montar um hackerspace na cidade, “um bando de gurizada”, nas palavras dele, que foi a base do surgimento do primeiro hackerspace do Estado, o Matehackers, ainda no espaço conhecido como Bunker, uma (depois duas) salas num prédio da Avenida Independência, centro de Porto Alegre. Ali muitas das ideias que Joel buscava se encontraram: um espaço coletivo, autônomo, focado em tecnologia, funcionando a partir dos princípios da cultura hacker e que, agora sim, tratava e fazia de fato conhecimento livre. “Hackerspaces nao existiriam se a academia cumprisse seu papel” é uma frase muito falada por ele que sintetiza essa busca, agora (parcialmente?) encontrada no Matehackers.

No final de 2013 e início de 2014 o hackerspace migrou para o Vila Flores, então começando a se articular enquanto um centro cultural (e um empredimento comercial focado na economia criativa). Ali o Mate começa a agregar gentes diversas e se torna a referência, no Vila e na cidade, em questões voltadas à tecnologia, cultura hacker, conhecimento livre. A organização não-hierárquica, a liberade de atuação, a inter (trans) disciplinariedade –  que atrai de jornalistas à programadores, de produtores culturais à técnicos em eletrônica, de anarquistas à apoiadores do Bolsonaro – e a propensão ao compartilhamento de ideias e saberes faz do lugar ser um inusitado e divertido espaço de diversidade e de educação, como as escolas poderiam ser. Faz-se realidade uma certa utopia de vida de Joel.

Mas que chato seria se uma busca de vida encontrasse um fim. E o Matehackers não é uma utopia, mas uma realidade que traz desafios cotidianos. Não há “modelo de negócio” nem renda fixa para o lugar, mas custos fixos sim: aluguel, luz, água, manutenção de equipamentos, etc. Não há ninguém para limpar o espaço, mas todxs devem se responsabilizar por isso – o que exige uma atenção diária que na maior parte do tempo as cerca de 20 pessoas que frequentam o lugar toda semana (mais os 60-100 que conversam nos canais online do grupo) não conseguem ter. Os desafios de pagar o aluguel, manter o espaço organizado & ainda ser esse lugar para compartilhar o conhecimento são frequentes, difíceis e reais, muito reais.

Joel sabe disso tudo, e a charla não podia deixar de de pincelar algumas ideias sobre hackerspaces, sobrevivência, ética, política, tecnologia. O pai do Fabrício (15 anos) e parceiro da Maria também exerce na conversa sua veia crítica & irônica, conhecida por todxs que vão ao hackerspace e se deparam com o cabeludo/barbudo em frente a um computador, fumando e/ou tomando uma cerveja.  Conhecedor profundo da cultura hacker e maker, ele não gosta da apropriação que no Brasil se faz dessa última. “É o único lugar que se traz os nomes, se despe eles completamente de seus significados originais e os torna hypes. Olha o caso da comida de rua: aqui é o único lugar que comer na rua se torna mais caro do que em restaurantes, sendo que o movimento surgiu justamente para ser o contrário!”. Felizmente, diz ele, passou o hype sobre a cultura hacker, o que faz com que os hackerspaces que existam hoje, por exemplo, não tenham esvaziado tanto assim o significado original presente nos princípios da ética hacker: “O movimento hacker assusta. Ele é disruptivo, e há uma disputa na sociedade por ele. Não posso nem botar “hacker” no nome de uma empresa porque pode ser considerado apologia ao crime. O próprio desconhecimento do que é hacker nos ajudou, no final das contas”.

Assista a conversa abaixo.

Oficina de Pizzas no Matehackers

mascote do Machinarium

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Festival CulturaDigital.br (3): notas pessoais e aleatórias https://baixacultura.org/2011/12/09/festival-culturadigital-br-3-notas-pessoais-e-aleatorias/ https://baixacultura.org/2011/12/09/festival-culturadigital-br-3-notas-pessoais-e-aleatorias/#respond Fri, 09 Dec 2011 19:36:40 +0000 https://baixacultura.org/?p=5971

Continuemos de onde parou o relato sobre o FestivalCulturaDigital.br: da festa no primeiro dia, logo após a conferência de abertura oficial do evento e da palestra de Benkler.

A festa serviu para lavar a alma e matar a fome de diversão de muita gente que estava li no Odeon. Cerveja, champanhes e canapés liberados, mas extremamente disputados pela multidão que se apertava no hall, mezanino e entrada do Odeon, a maioria entretida com o tete a tete com amigos/conhecidos/novos amigos –  afinal de contas, são essas conversas uma das coisas mais importantes de um Festival como o CulturaDigital.br.

O fato do Odeon ser localizado em plena Cinelândia – região central do Rio, onde, por exemplo, o OcupaRio estava acampado até domingo passado – trouxe algumas intervenções à festa. Em especial, teve um grupo de teatro, devidamente maquiado e paramentado para uma performance que não bem lembro qual, que ficaram na frente do cinema, aparentemente felizes por haver um público grande para suas ações. Depois de alguma tensão, dizem que até que entraram no coquetel e se misturaram à plebe do Festival. Não recordo se houve incidentes no Odeon, mas o certo é que o coquetel (que virou balada) foi divertido e serviu para desfazer um pouco a sisudez da abertura oficial.

Leonardo e Lucas no debate sobre teatralidade digital

O lançamento do “Efêmero Revisitado” e apresentação do Teatro para Alguém, que estava marcado para o sábado às 18h, acabou ocorrendo no domingo, ao meio dia. O que tinha tudo para ser uma troca negativa, já que às 18h de sábado o Festival estava fervilhando de ideias e pessoas circulando, acabou sendo uma troca muito boa.

O pessoal que esteve presente na tenda de Visualidades estava interessado, perguntou, pegou seus livros e, ao que parece, gostou muito dos vídeos que Lucas, do Teatro para Alguém, mostrou, com destaque especial para este mostrado logo abaixo, que diz muito sobre a dificuldade de se encaixar nesse mundão fazendo algo que se gosta.

Até o início da semana que vem, sem falta, o “Efêmero” estará para download. Aos que gostaram do TPA, vale acompanhar o site do grupo, que estreia novas produções semana que vem.

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Projeto dos mais interessantes da Mostra de Experiências do Festival é o chamado “Deleted City“, que propõe um estudo arqueológico da rede através de um backup gigante do Geocities, aquela ferramente de construir sites popular nos anos 1990 que tu deve ter conhecido.

[Não ouviu falar? tratava-se de um serviço de hospedagem gratuito de sites do portal Starmedia. Ele contava com um bom espaço de armazenamento para a época e agrupava as páginas em “bairros” e “cidades”, conforme seus temas. Em 1999, o serviço foi comprado pelo Yahoo! (por 3,5 milhões de dólares!), e acabou sendo descontinuado em 2009]

Mariel Zasso, repórter da Revista Select e companheira de cervejas festivas, fez uma matéria sobre o projeto que inclui, também, uma entrevista com o holandês Richard Vigjen, idealizador do Deleted City. Um trechinho da conversa vai aqui abaixo; antes, brinque tu também com o Geocities-Izer, que transforma seu site em um “lindo” Geocities, como fiz com o Baixa aqui abaixo.

Você comentou que a década de 1999-2009 foi um período em que a “world wide web” e seus netcitizens estava em busca de uma identidade. E hoje, quais você pensa que são as questões da web e dos seus webcidadãos?

Eu acho que a internet como um meio público é algo que foi tomando forma entre 1995 – 1999. Foi quando mais gente teve a oportunidade de participar, já que antes a internet era privilégio de grandes instituições. Quando a rede foi aberta ao público, ela passou a ser usada por pessoas cujo o primeiro interesse não era a tecnologia em si, mas o seu potencial de comunicação em relação a seus próprios interesses. E como a internet é um meio aberto por definição, as pessoas começaram a experimentar vários meios de fazer isso, baseados em metáforas como uma biblioteca digital, uma cidade virtual, e coisas do tipo – eram conceitos do mundo existente (ou da ficção científica) sendo aplicados a esse novo meio. A coisa mais importante para mim é isso, quando você compra o acesso a essa rede, como você deveria usá-la ou como ela deveria ser é deixado a seu critério. Os provedores não disseram como a internet deveria ser porque eles mesmos não sabiam.

Eu acho que hoje isso está mudando: ainda há uma evolução em como a internet é usada. De homepages para blogs, de redes sociais a pesquisas em tempo real. Mas esses conceitos cada vez mais vem sendo vendidos como um produto para você consumir. Especialmente com a internet migrando dos provedores de acesso, que apenas vendiam acesso, para celulares: o papel do usuário como consumidor está se tornando dominante. O mesmo acontece com a migração dos PCs de uso geral para dispositivos dedicados, como os tablets. E com os fabricantes e operadores de telefones e tablets vendendo a internet como um produto (quase como uma torradeira ou uma cafeteira), há menos espaço para seus usuários questionarem o sistema, para chegarem a novas soluções ou modelos alternativos.

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Umas das coisas mais inusitadas que aconteceu no FestivalCulturaDigital.br nada teve que ver (a priori) com o digital. Trata-se do “happening” da foto acima. Uma pessoa – não se sabe quem – surgiu nos jardins do festival com um pote com óleo e começou a girar, girar, até que soltou o pote contra as paredes do MAM. O que se formou foi um anel manchado de óleo, a que a pessoa acrescentou uma folha de papel com informações sobre o porquê do protesto – que tinha a ver com o vazamento de óleo na baía de Campos, interior do RJ, de um local explorado pela petroleira Chevron, ou com a Petrobras, uma das patrocinadoras do Festival, não se sabe ao certo.

A organização do MAM, por medo de estragar a fachada do prédio, mandou colocar areia para facilitar a retirada da mancha, como dá pra ver na foto abaixo, feito por Lucas Pretti, que, como diversos outros, não concordou com o “abafamento” do protesto.

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Outro dos muitos destaques da Mostra de Experiências que, aos poucos, vamos falando por aqui foi o “Mapa Sonoro do Estado do RJ“, uma plataforma para mapeamento das paisagens sonoras das cidades do Rio e de Niterói, produzido por uma equipe da  Universidade Federal Fluminense coordenada pela professora Simone Pereira de Sá.

A ideia, ainda em fase inicial de implementação, é tão simples quanto ótima: a pessoa grava um barulho característico de seu cotidiano (o cachorro chato da esquina, o chafariz de uma praça calma, o vendedor ambulante que vende Mate nas praias, etc), georeferencia no Google Maps, cria um pequeno texto explicando o porquê do barulho e publica um post na ferramenta. Juntando todos, temos uma interessante cartografia dos barulhos de uma cidade, dos afetivos aos incomodativos, dos tradicionais aos inusitados.

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Ginger Coons (na foto acima) foi uma das presenças internacionais na cobertura multimídia do evento. A moça veio de Toronto, no Canadá, especialmente para cobrir o Festival pela revista em que é a publisher, a Libre Graphics Magazine, revista de design e cultura focada alinhada com a filosofia do software livre. Ela fez diversos tuítes sobre o evento (@ossington, do dia 2 a 5 de dezembro), além de posts para o blog de sua revista. Destaco em especial dois: DIY and Criticality, em que ela começa dizendo ter se surpreendido com popularidade dos hackerspaces, e neste texto sobre Hugues Sweeney, seu compatriota, diretor de interatividade do National Film Board of Canada.

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Entrada do “estúdio” do Buraco Cavernoso

… e dentro do estúdio improvisado

Outra iniciativa deveras interessante que esteve no Festival foi o Buraco Cavernoso, um programa de uma webtv chamada Angu TV. Capitaneada pelo carioca Márcio Bertoni (o de amarelo à direita), o Buraco usa um sistema baratíssimo (pelo menos em comparação a outros sistemas audiovisuais) baseado em câmera de segurança, que, além de relativamente simples de mexer, dá uma estética interessante para a exibição na web.

No festival, o Buraco gravou diversas coisas na íntegra, especialmente os debates políticos da Arena. No terceiro dia, Bertoni montou seu estúdio numa salinha do espaço multimídia e, nele, fez diversas entrevistas – inclusive com este que vos escreve. Bertoni, figuraça flamenguista que não nega o sotaque chiado de sua terra, puxava as pessoas que estavam dando sopa pelos arredores e arrastava para uma conversa bem informal no estúdio improvisado, que tinha uma bandeira pirata como seu símbolo. Vale conferir os vídeos produzidos no festival no link http://www.ustream.tv/channel/buraco-cavernoso.

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Por fim, não dá pra esquecer a bela junção de encerramento do festival. Começou ali por volta das 17h, quando a Orquestra Voadora, um grupo/bloco de músicos do RJ que toca tudo quanto é música somente com instrumentos de sopro e percussão, se reuniu para um grande ensaio aberto nos jardins do MAM. Logo começou a juntar gente, mais gente depois do encerramento do Brasileirão 2011, no que culminou numa grande celebração alto-astral, coisas que só o RJ e a vista da baía da Guanabara conseguem dar o clima certo.

Ali pelas 19h30, a orquestra liderou o cortejo para uma tenda, onde a Spok Frevo Orquestra encarregou de fazer o show de encerramento, um frevo-jazz quase todo instrumental pra lá de dançante. Lindo desfecho para um belo Festival, que as fotos abaixo dão uma mostra.

[Leonardo Foletto viajou ao Rio para participar da cobertura colaborativa do festival].

Créditos fotos: Pedro Caetano (1, 5, 11), Rafael Vilela (8, 12) e Bruno Fernandes (9, 10, 12, 13), da equipe de fotógrafos oficiais do Festival (Flickr), e Leonardo Foletto (2), Francelle Cocco (3), Lucas Pretti (6).

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Festival Cultura Digital.br (2): um balanço geral e subjetivo https://baixacultura.org/2011/12/06/festival-cultura-digital-br-2-um-balanco-geral-e-subjetivo/ https://baixacultura.org/2011/12/06/festival-cultura-digital-br-2-um-balanco-geral-e-subjetivo/#comments Tue, 06 Dec 2011 19:51:48 +0000 https://baixacultura.org/?p=5939

Foi diferente do ano passado. Nem melhor nem pior, mas diferente.

Em 2010, a Cinemateca, com sua beleza cuidada a pão de ló, e São Paulo, com sua ordem e praticidade às vezes fria, tornaram as coisas mais geométricas, para remixar a metáfora da Estética do Frio de Vitor Ramil.

Este ano o palco do agora Festival Cultura Digital.br foi o Rio de Janeiro – mais precisamente o MAM, às marges da baía de Guanabara. E o Rio é o clichê brasileiro: a malandragem, a desordem, a beleza incontestável e a espontaneidade convivendo juntas, as vezes num caos insuportável por sua ineficiência e as vezes num mesmo caos maravilhoso pela sua fricção – seguida de combustão – criativa.

O Festival este ano teve um pouco desses dois lados do caos, embora o lado bom do não previsto se salientasse mais que o da bagunça. A seguir, um panorama geral e subjetivo em alguns parágrafos e fotos sobre os dias 2 e 4 de dezembro de 2011, no MAM-RJ.

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Pátio do MAM-RJ à noite

O local escolhido como sede do Festival se revelou uma boa surpresa – pelo menos para quem desconhecia o MAM. Uma das principais obras modernistas do país, erguida em 1948 em projeto do arquiteto Afonso Reidy, o museu é, na verdade, um grande parque aberto, com pátio repleto de verde que se estende até a baía de Guanabara.

Com seus metros e metros de gramas e sombras de árvores para sentar debaixo, é um lugar convidativo, que muitos cariocas costumam frequentar espontaneamente no final de semana. Aliado a isso o fato de que o MAM é encravado no centro do Rio, a algumas quadras da Cinelândia, têm-se uma mudança quase radical de cenário para o evento no ano passado, a Cinemateca, espaço deveras bonito mas ermo e fechado.

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O Ônibus Hacker foi o grande xodó do Festival – se tu preferir, foi o destaque “hype” da programação, como bem apontou este infográfico que circulou no O Globo sobre a programação do evento.

[Caso tu ainda não conheça, aí vai: o ônibus é um projeto da comunidade Transparência Hackday e é, neste 2011, um dos maiores cases de crowdfunding no Brasil, com quase R$60 mil arrecadados via Catarse]

O busão teve sua chegada festejada na quinta à noite, promoveu oficinas e mini-cursos e, o principal de tudo, foi a atração turística do Festival. Todos que lá estiveram quiseram dar uma conferida nos seus interiores e ver de perto o que ali se passava. Inclusive Gilberto Gil, embaixador do Festival e que muito circulou pelos aposentos do MAM, acompanhado de Claudio Prado, Jorge Mautner e Nélson Jacobina, como mostra a foto abaixo.

Ainda que em fase embrionária, sem muitos apetrechos nos seus interiores, o busão destacou-se também por sua versatilidade. Nele que foi projetado a transmissão ao vivo dos jogos das rodada final do Brasileirão 2011, auxiliado pela internet wifi de 10 gigabits oferecida pela RNP e a Proderj e por aqueles sites que sempre “pirateiam” a transmissão dos jogos de futebol no Brasil.

Diga-se que o sinal não foi dos melhores, caía nas horas mais importantes, mas serviu para juntar pelo menos umas 30 pessoas a volta e ecoar alguns gritos de torcida rivais – caso de Corinthians e Palmeiras, que tinham o maior nº por ali. A foto abaixo dá um panorama geral da coisa.

Final do Brasileirão 2011 live at Festival Cultura Digital.br

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Sala onde ocorreu a Mostra de Experiências

A Mostra de experiências foi a única atividade no MAM realizada num lugar totalmente fechado – no caso, a Cinemateca do museu. É a que teve o maior número de projetos do exterior, de China a Holanda, passando por Estados Unidos, Colômbia, Inglaterra, França, Japão, Estônia, México, além de projetos de inúmeros locais do Brasil.

Funcionava de um modo semelhante aos congressos acadêmicos, com cada pessoa/grupo apresentando sua experiência em 15 minutos, só que sem o espaço para o debate, já que as experiências eram muitas e o tempo para isso pouco. Nessa estrutura, a mostra era como um grande mosaico de coisas, em que o púbico assistia e, se gostasse muito ou quisesse trocar uma ideia com  o palestrante da vez, procurava a pessoa em questão ao final da apresentação.

No último post apontamos alguns projetos que nos pareceram interessantes, e foi uma pena que conseguimos ver apenas alguns dos citados e falar com alguns dos envolvidos. Boa parte dos projetos apresentados merecem um post a parte, e é por isso que deixaremos para as próximos semanas para comentarmos um pouco mais de cada um deles. Enquanto isso, tu pode ter mais uma noção do que ali ocorreu nesse relato de Daniel Castro, monitor do streaming do lugar. Aliás: em breve, todos os vídeos deste espaço (que foram transmitidos ao vivo pela rede) estarão disponíveis no site do culturadigital.org.br.

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Fachada do Odeon na abertura oficial do Festival, na sexta 2 de dezembro

O Cine Odeon, maravilhoso cinema incrustado em plena Cinelândia, foi palco das Palestras, reservados aos nomes conhecidos da cultura digital, da literatura e da cultura em geral.  Não estivemos na maioria dos debates do Odeon, e, confessamos, também ouvimos pouco falar deles; das pessoas com quem conversamos, ouvimos ótimos comentários do velho conhecido Kenneth Goldsmith, do UbuWeb e de Hughes Sweeney, do National Film Board of Canada, que realiza os documentários interativos mais fantásticos do planeta, auxilados por uma estrutura que, infelizmente, só países como o Canadá parecem ter condições de ter hoje.

[Sweeney organizou alguns vídeos no Festival para a chamada Mostra Tudo, e a Revista Select compilou alguns desses num post. Olha lá]

Assim como a Mostra de Experiências, as Palestras serão subidas para o site oficial, e esperamos vê-las para sacar o que rolou de legal nelas. Particularmente, queremos entender o que Paulo Coelho falou de pirataria e se ele, assim como o pessoal do Festival no guia de programação, também confundiu pirataria com copyleft, uma falha infelizmente comum.

Momento vergolha alheia na abertura do festival

A Sergio Mamberti, do MInC, coube ler a carta de Ana de Hollanda

A palestra de Abertura do Festival, na noite de sexta-feira, merece um comentário à parte. Iniciou com algum atraso, o que deixou impaciente o público que lotava os mais de 500 lugares do Odeon. E começou mal, com uma mesa composta de representantes da Petrobras, RNP, MAM, Secretaria de Cultura do RJ, MinC, além de Rodrigo Savazoni, diretor geral do Festival, e Ivana Bentes, professora da UFRJ (mas que não se sabe porquê esteve ali, ainda mais sendo a primeira a apresentar o Festival). Uma politicagem que, ainda que compreensível pelos arranjos feitos para a realização do Festival, se mostrou longa e desnecessária para a abertura de um evento.

O auge da coisa toda foi mostrar um vídeo de Eliane Costa, gerente de patrocínio da Petrobras. Ela comentou um pouco sobre a importância do festival e, a certa altura, falou que não estava presente ali por ter ido à França iniciar seu doutorado na Sorbonne. Perguntas de boa parte do público: que diabos eu tenho que ver com isso? Por que esse vídeo está sendo mostrado aqui, na abertura do festival, espaço dos mais nobres?

Na sequência de Eliane, aconteceu o momento mais polêmico da noite. Sérgio Mamberti, atual secretário de Políticas Culturais do MinC, leu uma carta de sua chefe, a ministra Ana de Hollanda – e por tudo que a gestão de Ana fez com a cultura digital neste ano, era mais que esperado que  haveria vaias da plateia na simples menção de seu nome.

Em resumo bem simplificado, a carta lida por Mamberti dizia que a atual gestão do MinC não “rompeu” com a cultura digital como alguns falam, e que ela, a cultura digital, teve avanços sim em sua gestão. A resposta de uma parte da plateia foi “Ministra do ECAD!”, seguida do coro “Não, não nos representa!“, o que causou algum constrangimento entre todos.

No fim das contas, há de se salientar a coragem de Sérgio Mamberti em ler até o fim a carta – justo ele, já um senhor de idade, muito simpático e mais alinhado aos avanços digito-culturais do que a ministra Ana.

O poderoso Benkler solito no palco

… e num papo arretado com Gil

Depois da abertura oficial, lá pelas 21h e pouco, iniciou a conferência de abertura propriamente dita, de Yochai Benkler, um dos principais teóricos do digital e autor de livros fundamentais como “The Wealth of Networks” e “The Penguin and the Leviathan“, que defendeu muito dos preceitos da internet livre e animou muita gente a fazer o mesmo.

Uma frase muito tuítada proferida na palestra, dita em resposta ao revelação de entrevistador Gilberto Gil, deu o tom da fala: “Manteremos a liberdade na internet? Benkler: Not if we don’t fight“.

[Leonardo Foletto viajou ao festival para participar da cobertura colaborativa].

 
Créditos fotos: Aloysio Araripe (1), Bruno Fernandes (2, 3,4, 5, 6, 8, 9), Rafael Vilela (12) e Pedro Caetano (10, 11, 13) da ótima equipe de fotógrafos do Festival (fotos disponíveis no Flickr oficial do evento) e Leonardo Foletto (7).

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O Festival Cultura Digital.br começa hoje amanhã, no MAM (Museu de Arte Moderna) e no Cine Odeon, no Rio de Janeiro, e vai até domingo, 4 de dezembro – e isso tu já deve saber, claro.

Também tu deve estar sabendo que o Festival é a 3º edição do que era o Fórum da Cultura Digital, e que ele migrou de São Paulo para o Rio – as duas primeiras edições foram realizadas na Cinemateca de SP, como você vê aqui.

O evento mudou de tamanho também: neste ano, teve 358 inscrições na chamada pública para participação nos quatro diferentes espaços (Mostra de experiências de cultura digital, Mão na Massa, Visualidades e Encontros de Redes). Foi feito uma triagem e os selecionados compuserem o grosso da programação, que está dividida em cinco grandes espaços: Arena, Encontro de Rede, Palestras, Laboratório Experimental e Visualidades.

As Palestras são as conferências com grandes nomes da cultura digital – Yochai Benkler, Kenneth Goldsmith, Michael Bauwens, dentre outros – que serão realizadas no Cine Odeon, em plena Cinelândia, centrão do Rio. O restante da programação será nos amplos jardins do MAM-RJ, às margens da Baía de Guanabara. O Caderno TEC, da Folha de S. Paulo, fez uma matéria e um infográfico sobre a extensa e complexa programação do evento, que gentilmente copiamos abaixo:

Se tu quiser escolher o que assistir na programação, a melhor forma é estudar o Guia (baixe aqui) e ver o que lhe agrada. Num evento complexo e onde tudo acontece (quase) ao mesmo tempo como esse, uma planilha do Google Calendar também pode ajudar na escolha do que assistir.

Pra quem não estiver no Rio, as programações das Palestras e da Mostra de Experiências serão transmitidas por streaming, direto no site (culturadigital.org.br/aovivo).

Nós estaremos circulando pelo evento, à deriva, atrás de coisas interessantes para trazer para o BaixaCultura (o que for de imediato publicaremos em nosso Twitter ou Facebook; o que não, nas próximas semanas).

De início, apostamos fortemente na programação da Mostra de Experiência, em coisas do tipo:

 _ ‘Cultural Workers Exchange’, rede de centros culturais independentes que procura abrir canais de troca entre artistas e curadores que trabalhem com mídias digitais na Europa, às 12h25 de sábado

_ “The Deleted City“, instalação de “arqueologia digital” que é um mapa de visualização dos arquivos do extinto Geocities. “A navegação pelo mapa permite a visualização de páginas html e imagens do passado recente da web”, diz a apresentação do projeto que será apresentado às 14h15, também do sábado;

_  “Amigos de Januária“, projeto de jornalismo participativo que está ensinando jovens a usarem ferramentas digitais para o monitoramento da administração municipal na cidade de Januária (MG). Além de técnicas de jornalismo, os participantes do projeto “estão aprendendo como acessar informações sobre o município que já estão disponíveis na internet em bases de dados públicas como Portal da Transparência e DataSUS, por exemplo”, diz a apresentação. Na sexta, às 17h15.

_ AMCV (Alerta Móvil de Contra Vigilância), projeto de um grupo de mexicanos que desenvolveu um aplicativo com mapas e avisos para celulares e uma página web que permite que qualquer pessoa saiba a localização das câmeras de segurança de sua cidade. Na sexta, às 19h15;

_ Hackerspaces: Uma oportunidade para o conhecimento livre em Software e Hardware Livre, em que membros do Garoa Hacker Clube, localizado na Casa da Cultura Digital, apresentam um “passo a passo” para fazer um hackerspace, no domingo às 13h40.

_ E, para encerrar a mostra de experiências, no domingo às 16h50, vale conferir “Bitcoin: A construção da nova economia sem bancos e intermediários”;

Dá pra apostar também que as discussões da Arena vão ser interessantes. Em especial, destacamos “Biohacking: vida e propriedade“, sobre os limites para o avanço das novas tecnologias e os avanços da mobilização social e tecnológica para uma ciência tecnológica e cidadã, um tema tão instigante quanto desconhecido por nós, na manhã de domingo (10h30 às 12h).

Tecnofagia: Cultura Digital e Estéticas Contemporâneas“, que vai debater o eterno mantra “Nada se cria, tudo se copia” e as possibilidades da antropofagia como recriação, diversificação e distribuição da arte e da estética, às 16h30 do domingo.

E o inevitável painel “Ocupações, Revoluções, Redes: Articulação do Movimento Global“, sobre os recentes movimentos da Primavera Árabe, o Ocupe Wall Street e os outros “Ocupe” que estão se espalhando nesse já histórico ano de 2011, às 14 do sábado, 3.

Por fim, não poderíamos de fazer o nosso jabá. “Efêmero Revisitado”, o primeiro produto de nosso selo editorial, será lançado “oficialmente” neste próximo sábado, 3 de dezembro, às 18h30, no espaço Visualidades, logo após a apresentação de Lucas Pretti, do Teatro para Alguém.

Neste mesmo espaço há outras coisas deveras interessantes, tais como:

_ Integrarte/Entregarte, projeto que cria visualizações e sonorizações de movimentos corporais para a criação de uma instalação que explora o corpo no espaço com Kinect e Processing, das 14h às 19h30 da sexta,2 dez.

_ Céu de Palavra – Pipas brancas empinadas no céu durante as três  noites do festival, das 20h às 22h,  enquanto um projetor lança imagens de trechos de poema ao céu. Para lê-los, é preciso controlar as pipas.

_ SufferRosa, aclamado projeto de Dawid Marcinkowski, um produtor audiovisual independente da Polônia. Sufferrosa (2010) é considerado um dos maiores projetos de histórias narrativas online já produzidos – seja lá o que queira significar isso (veja o trailer). Será exibido às 20h de sábado, logo depois da apresentação do “Efêmero”.

_ “Inventário de Sombras“, curiosa perfomance em que um grupo de artistas negocia com os participantes a doação de sua sombra (?), às 11h30 do domingo.

P.s: Os cartazes no corpo do post fazem parte dos “Cartazes Colaborativos“, projeto do Festival que convidou a todos que quisessem fazer  seu cartaz e apresentar para a produção.

Créditos: 123, 45, 6.

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