Resultados da pesquisa por “led zeppelin” – BaixaCultura https://baixacultura.org Cultura livre & (contra) cultura digital Mon, 25 Mar 2013 19:33:56 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 https://baixacultura.org/wp-content/uploads/2022/09/cropped-adesivo1-32x32.jpeg Resultados da pesquisa por “led zeppelin” – BaixaCultura https://baixacultura.org 32 32 Cineclube CCD em Porto Alegre https://baixacultura.org/2013/03/25/cineclube-ccd-em-porto-alegre/ https://baixacultura.org/2013/03/25/cineclube-ccd-em-porto-alegre/#respond Mon, 25 Mar 2013 19:33:56 +0000 https://baixacultura.org/?p=9638 221755_512355825476636_1474214883_n

 

 

Minha aportada por terras gaúchas, desde fevereiro de 2013, traz um primeiro evento aqui para falarmos no Baixa: trata-se do Cineclube Casa da Cultura Digital Porto Alegre.

O cineclube pretende exibir vídeos produzidos com base nos conceitos da cultura digital. São obras que discutem a questão dos direitos autorais, o copyleft, cultura livre, remix, redes sociais, cultura hacker, ciberativismo, software livre, liberdade na rede, compartilhamento, entre outros assuntos que entram no escopo da ideia de cultura digital. O BaixaCultura entra como parceiro da empreitada.

É uma espécie de continuidade do ciclo copy, right?, que foi realizado três vezes nos últimos anos, duas em Santa Maria-RS (primeira, segunda), em dois centros culturais locais, e uma em São Paulo, no Centro Cultural da Espanha. Agora: exibição de filmes (geralmente com menos de 1h30) seguido de comentários de algum convidado e/ou informado sobre o assunto do filme em questão.

A diferença dessa vez é ter uma periodicidade fixa (1x por mês), ser realizado num espaço maior (o teatro Bruno Kiefer, localizado no 6º andar da Casa de Cultura Mário Quintana, este prédio lindão logo abaixo onde a CCD POA está sediada) e ter sempre uma surpresa antes do filme.

A dessa estreia, dia 28 de março às 18h30, é a participação do  grupo Escuta, formado por mais de 30 compositores baseados em Porto Alegre que apostam nas composições autorais e num som baseado no violão e voz. Sediaram um primeiro festival ESCUTA, em dezembro de 2012 no Teatro de Arena, também em porto Alegre, e desde então vem crescendo em popularidade e qualidade em suas composições.

Kledir Ramil, ex-integrante dos grandes Almôndegas – a provável melhor banda de folk rock do país nos 1970 – escreveu recentemente, em sua coluna na Zero Hora, que a essência do grupo “é a mesma dos saraus: novos autores, mostrando suas canções, só de voz e violão. Tudo começou em apartamentos e evoluiu para espaços aberto ao público, não apenas para convidados.

Casa_de_cultura_mario_quintana_de_perto

Na estreia do Cineclube, o filme escolhido é “Tudo é Remix”, documentário em quatro partes (de aproximadamente 10 min. cada uma) dirigido e produzido por Kirby Ferguson, lançado entre 2010 e 2012 na rede. O filme traz para o debate a ideia de que copiar e recombinar é um elemento essencial de criatividade; para isso, discute desde os casos de plágio do Led Zeppelin até as citações constantes ao cinema dos filmes de Quentin Tarantino, passando ainda pela crítica ao sistema de propriedade atual, onde “as idéias são consideradas como propriedade, lotes únicos e originais, com limites distintos”.

Em entrevista ao Baixa, o diretor Kirby Ferguson diz que fez o filme para ”mostrar como copiar é um elemento de criatividade, e de uma forma ou de outra, todos somos cópias”. “Tudo é Remix”, foi financiado por financiamento coletivo (crowdfunding) através do site norte-americano “Kickstarter” e está disponível para exibição na nossa BaixaTV. A exibição no cineclube vai ser em cópia digital com legendas em português.

A segunda data do Cineclube está marcada para o dia 23 de abril, no mesmo local e horário, com a exibição do filme “Arduíno – o documentário”, documentário de 2011 sobre a placa de hardware livre homônima que está revolucionando a produção caseira de objetos e artefatos digitais.

[Leonardo Foletto]

SERVIÇO

Estreia do Cineclube Casa da Cultura Digital Porto Alegre
28 de março – 18h30
(Abertura: Escuta! – O som do compositor, exibição de “Tudo é Remix”, seguido de debate)
Teatro Bruno Kiefer – 6º andar, Casa de Cultura Mário Quintana (Rua dos Andradas, 736 – Centro)

]]> https://baixacultura.org/2013/03/25/cineclube-ccd-em-porto-alegre/feed/ 0 Anonymous e a nova ordem musical: o Anontune https://baixacultura.org/2012/04/24/anonymous-e-a-nova-ordem-musical-o-anontune/ https://baixacultura.org/2012/04/24/anonymous-e-a-nova-ordem-musical-o-anontune/#respond Tue, 24 Apr 2012 02:33:01 +0000 https://baixacultura.org/?p=6559

Que o mundo da música mudou com o advento do digital tu já deve estar cansado de saber, de tanto que falamos por aqui na série Notas Sobre o Futuro da Música.

Que estamos num mundo sem respostas únicas prontas e cheio de oportunidades para todos criarem as suas respostas, de acordo com suas especificidades, tu também deve saber: Gilberto Gil falou disso aqui, em 2009, e nós reiteramos sempre que pudemos – tipo agora.

Uma das últimas novidades nessa seara, que busca uma alternativa ao compartilhamento de músicas na rede, e que ainda está em vias de se concretizar, tem o nome de “Anontune” e está sendo desenvolvida pelos Anonymous. É uma plataforma que “puxa” músicas em streaming de outros lugares – como YouTube e o SoundCloud –  e permite que o usuário coloque e compartilhe essas músicas em playlists pessoais do modo que bem entender, segundo informações da Wireddo qual o Pitchfork e a revista paulistana NegoDito se basearam.

O pontapé inicial do desenvolvimento foi dado por volta do dia 23 de fevereiro deste 2012, um mês depois do fechamento do MegaUpload. Nessa ocasião, como tu bem lembra se acompanha esta página, o Anonymous promoveu um ataque ao departamento de justiça dos EUA, a Universal e a RIAA – além de ter disponibilizado vários links para download de discos e filmes do conglomerado Universal/Sony.

A new way to find music

Mas a ideia da plataforma é mais antiga. Segundo informações que a Wired obteve por e-mail de um dos criadores do Anontune, o projeto foi iniciado por um grupo de desenvolvedores há seis anos, quando o Anonymous em si nem passava de uma brincadeira.

Diz este desenvolvedor que a ideia veio de um papo qualquer sobre músicas, artistas favoritos e modelos de negócio. “As pessoas realmente usam o YouTube como um player de música. No entanto, ele é realmente uma droga para isso, é muito desorganizado”. O que aconteceria se você pudesse combinar músicas de sites como o MySpace, Yahoo, YouTube e outros e criar playlists mais robustas e organizadas?

Foi o que mais ou menos pensaram os criadores do Anontube  – e devem ainda estar pensando como viabilizar totalmente isso, porque o site está em modo very beta, 20% pronto, segundo infos da Wired.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=LGHN_8Ay04A&feature=player_embedded]

Apesar dos 20% finalizado, o Anontune já tem muita coisa a se notar. É uma plataforma de música social, focada na busca e no consumo de música. Lembra um pouco o GrooveShark, a principal plataforma de música livre – pelo menos por enquanto.

Três frases explicativas pipocam do site very beta:

Completely free, no charge.

_ Ever wanted to instantly share the music on your iPod with your friends, without having to upload all of it somewhere? Simply upload your iPod music database and Anontune will do the rest – and it will only take a few minutes!

[Você sempre quis compartilhar instantaneamente a música em seu iPod com seus amigos sem ter que carregar tudo isso em algum lugar? Basta fazer upload de seu banco de dados de músicado iPod e o Anontune fará o resto – e levará apenas alguns minutos!, em tradução livre – e rápida]

Import playlists right from your iPod.

We don’t charge you anything for the use of Anontune. It’s completely and entirely free to use. No catch, no hidden costs, no “premium” subscriptions.

[Nós não cobramos nada pelo uso de Anontune. É completa e inteiramente livre. Sem pegadinhas, sem custos ocultos, sem assinaturas “Premium”.]

Listen to music from multiple sources.

Anontune itself does not host any music files. It simply searches for music on YouTube, Soundcloud, and other websites. The development of Anontune never stops, and in the future many more sources will be added!

[O Anontune em si não hospeda nenhum arquivo de música. Ele simplesmente procura por música no YouTube, Soundcloud, e outros sites. O desenvolvimento do Anontune nunca para, e no futuro muitos mais recursos serão adicionados!]

O Anontune trabalha num conceito esperto: automatizar o que a maioria das pessoas fazem manualmente. Depois de configurar uma conta, os usuários podem criar listas de reprodução – basta digitar os nomes das músicas a ouvir para acessá-las – ou escolher entre os nomes das músicas importadas de seus players. Fizemos a primeira opção na imagem acima: digitamos Led Zeppelin e apareceu alguns vídeos da banda inglesa.

Há um “motormusic”, executado no navegador do usuário, que busca a música na rede. Por enquanto, a maioria das músicas vem do YouTube e do SoundCloud, mas existe a intenção de  incluir MySpace, YahooMusic e outros serviços.

A ideia é fornecer uma plataforma flexível e aberta para usuários ouvirem música sem ter de “piratear” nada. Como? Sem hospedar nada, apenas direcionando para os links certos em outros sites e permitindo reorganizar essas músicas em formas de listas, sem download – e isso tudo podendo ser feito também de forma anônima.

[Este paper explica as intenções da ferramenta]

Resta saber 1) onde este site conseguirá ser hospedado e 2) como a polícia do copyright vai encarar uma iniciativa desse tipo do Anonymous. Se hoje já não há nenhuma simpatia com os “piratas da internet” – como a televisão sempre insiste em taxar os hackers & crackers – é certo que a força contra o grupo aumentará quando o Anontube estiver finalizado.

Ainda assim, eles não parecem ter medo. Diz o anon à Wired. “We need to think bigger. This is Operation Mozart”.

Créditos: 1 (Anonymous), 2, 3 (Anontube), 4.
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https://baixacultura.org/2012/04/24/anonymous-e-a-nova-ordem-musical-o-anontune/feed/ 0
Arte ilegal de Disney a Zeppelin https://baixacultura.org/2012/04/04/arte-ilegal-de-disney-a-zeppelin/ https://baixacultura.org/2012/04/04/arte-ilegal-de-disney-a-zeppelin/#comments Wed, 04 Apr 2012 10:09:51 +0000 https://baixacultura.org/?p=6498

Esse post era para iniciarmos a (re) publicação dos textos da Biblioteca Rizomática de Ricardo Rosas. O primeiro escolhido instigava já no título – Afinal, o que é originalidade? – e foi publicado na coletânea “Recombinação“, do Rizoma.

Acontece que o texto é uma matéria de 10 anos atrás (!) escrita pela jornalista Kendra Mayfield para a revista Wired a respeito da exposição “Illegal Art: Freedom of Expression in the Corporate Age” (Arte Ilegal: A Liberdade de Expressão na Era Corporativa), realizada em Nova York e Chicago em 2002.

Ao investigar a exposição (que tem um site ainda vivo, embora capenga), achamos um material tão interessante que deixamos de lado a íntegra do texto de Mayfield para destacar, justamente, a exposição.

A ideia de “Illegal Art” foi fazer um panorama da “arte degenerada” da era das grandes corporações (pré-internet), apresentando obras e idéias que ficam à margem das leis de propriedade intelectual.

A mostra engloba uma grande variedade de meios – da colagem ao áudio, passando pelo cinema – e inclui trabalhos que desafiam as leis de propriedade intelectual, violando direitos autorais e marcas registradas. Na página dos vídeos, traz personagens da Disney assassinados, uma paródia da logomarca da rede Starbucks e uma estampa de guardanapo feita com logomarcas de companhias de petróleo.

Site da exposição, de 2002

Quase todas as obras de arte são, até certo ponto, não-originais“, disse a curadora da exposição e editora da revista Stay Free Carrie McLaren à Mayfield. “Num ambiente onde se pode ter a livre troca de idéias, a arte sempre tem mais qualidade“.

Como explica a repórter Mayfield, “Se as atuais leis de direito autoral já existissem quando os músicos de jazz emprestavam riffs de outros artistas nos anos 30 e os ilustradores de Looney Toones criavam cartuns nos anos 40, gêneros artísticos inteiros, tais como o hip-hop, a colagem e a pop art talvez jamais houvessem surgido”.

Dick Detzner, "The Sacrifice of Sprout," "Original Sin (Barbie and Ken)" 1999-2000

O site da exposição ainda traz filmes e vídeos considerados ilegais porque se apropriam de propriedade intelectual alheia, seja  através do uso de vídeos encontrados por aí, músicas não-autorizadas ou imagens de material protegido. Uma pena que estes vídeos não estão mais disponíveis no site, mas nos próximos parágrafos catamos alguns deles em outros locais (como o YouTube, que na época da exposição nem tinha sido criado ainda!).

Os visitantes também poderiam escutar/baixar arquivos “ilegais” de MP3, incluindo a hilária paródia feita pelo grupo de rap 2 Live Crew para a música “Oh, Pretty Woman“, de Roy Orbison e  o hit “Ice Ice Baby“, gravado em 1990 por Vanilla Ice, cujo riff principal foi tirado da música Under Pressure, composta por David Bowie e o Queen.

Há ainda uma interessante seção sobre as “batalhas” de plágio na música pop, com os já citados 2 Live Crew X Roy Orbinson e Vanilla Ice X Bowie/Queen e outros causos históricos, como a Led Zeppelin X Willie Dixon por “Whola Lotta Love“, música que é um plágio “melhorado” de “You Need Love” que Dixou compôs e outro blueseiro de primeira, Muddy Waters, regravou com sucesso em 1963.

Dixon nunca ganhou um tostão dos direitos da música, nem mesmo os créditos da banda de Page & Plant. Sua brabeza com a história o fez criar a “Blues Heaven Foundation” para ajudar outros blueseiros a recuperar os direitos de suas músicas e, com isso, preservar o blues de raiz.

Vale lembrar que o Led Zeppelin “roubou” (ou seria melhorou?) tantas músicas que existe até um mini-doc dando conta desses “plágios”, do qual a primeira parte tu pode ver (e escutar) a seguir para tirar suas próprias conclusões:

[Por ironia, uma música “do” Zeppelin foi o motivo para o YouTube retirar um vídeo nosso tempos atrás. A música em questão era “Gallows Pole”, que, por sinal, é uma das muitas versões de The Maid Freed from the Gallows, uma velha e tradicional canção folk que teve origem na Europa e foi trazida para o inglês pelo cantor folk  Huddie Ledbetter, em 1939. O Zep ia fazer sua versão somente em 1970]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JyvLsutfI5M&feature=player_embedded#!]

Tendo sido realizada em 2002, numa era pré-rede sociais e em que a internet engatinhava rumo a sua presença constante no cotidiano global, é até difícil imaginar como seria “Illegal Art: Freedom of Expression in the Corporate Age” hoje. Muitos e muitos mais vídeos, imagens e músicas poderiam ser incluídos; o “mashup” poderia ter um destaque a parte, assim como os tantos remixes, paródias e “funks” criados a partir de qualquer coisa nestes últimos anos. Com a crescente digitalização de tudo, certamente enxergamos hoje bem mais aquilo que foi copiado, plagiado ou inspirado em outros do que em 2002.

A exposição aumentaria tanto de tamanho que, possivelmente, não faria mais sentido – afinal, como dizem por aí, hoje tudo é remix.

Dê uma olhada em mais alguns vídeos & imagens da exposição aqui abaixo. Mais infos sobre as imagens tem aqui. E artigos sobre a exposição, aqui.

Naomi Uman, “Removed”
Naomi, , usa um “soft porn” dos anos 1970 e, com a ajuda de esmaltes, água sanitária e uma lupa,  transforma mulher nua em um buraco – um espaço vazio animado. [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=QEkMKdf_9Fs]

NegativeLand e Tim Maloney, “Gimme the Marmaid
Enquanto preparava a versão para a TV de “A Pequena Sereia, o animador Tim Maloney fez um clipe para os “pais do plágio musical”, a banda NegativeLand (que falaremos mais em breve, aguarde). A música escolhida foi a número quatro do disco/livro “The Story of the Letter U and the Numeral 2“. [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=9J6sEdlzjlk]

Phil Patiris, “Iraq Campaign 1991”
O artista visual de São Francisco Patiris mistura imagens de rede de notícias dos EUA, trecho de “Jornada nas Estrelas”, comerciais do Mc Donalds e outras imagens tipicamente americanas para fazer uma crítica da mídia durante a Guerra do GOlfo de 1991, numa espécie de avô dos mashups audiovisuais de hoje. [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tg7_ouYmO6Q]

Dick Detzner, "The Last Pancake Breakfast"

Kieron Dwyer, "Consumer Whore", 1999

Bill Barminski, "Mickey Gas Mask" (2001)

Michael Hernandez de Luna, "Viagra" (1996-1999)

The Residents, "Meet the Residents" (1974)

Diana Thorneycroft, "Mouse," "Boy," "Dog," "Man," "White Mouse," "Man with Large Nose" (2001-2)

Ray Beldner, "How Mao" (2002)

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https://baixacultura.org/2012/04/04/arte-ilegal-de-disney-a-zeppelin/feed/ 6
Tudo é Remix (e vice-versa) https://baixacultura.org/2011/03/01/tudo-e-remix-e-vice-versa/ https://baixacultura.org/2011/03/01/tudo-e-remix-e-vice-versa/#comments Tue, 01 Mar 2011 16:52:29 +0000 https://baixacultura.org/?p=4371

De Nova York, o diretor canadense Kirby Ferguson (foto acima) tem revelado os segredos dos mágicos da cultura pop através de uma série de vídeos/docs, muitos de comédia, reunidos no site GoodieBag.tv.

Um dos produtos centrais do diretor é documentário (prometido em quatro partes) Everything is a Remix, que teve o lançamento em setembro de 2010 e agora em fevereiro saiu a segunda parte. Por e-mail, Fergunson nos disse que queria “to show how copying is an element of creativity, and in one way or another, we all copy” [mostrar como copiar é um elemento de criatividade, e de uma forma ou de outra, todos somos cópias].

Na estréia da série, Kirby menciona o riff de Good Times, do setentista Chic, que foi sampleado trocentas vezes no hip hop, inclusive pelo citado Gabriel Pensador no hit dos anos 90 2345meia78. Depois são mostradas as popularíssimas apropriações que o Led Zeppelin fez de bluseiros e cantores de folk – que alias já citamos por aqui – e que podem ser conhecidas a fundo no site The Roots of Led Zeppelin. “A canção permance a mesma” é o nome de uma das músicas que dá nome a essa parte. Fala-se também do método cut-up do beat William Burroughs [tema de um próximo post aqui, já no forno], em que rearranjava trechos de textos e produzia novos – tivessem sentido, ou não – como tu pode ler nessa tradução disponível aqui.

A segunda parte é um pouco mais longa e foca nas reutilizações no cinema. Primeiramente, chama a atenção para a atual quantidade de adaptações, seqüências, refilmagens que fazem da produção de qualquer filme famoso , ou até mesmo alguns independentes, um filme padronizado, de gênero, com elementos em comum, cuja modificação é vital para a continuidade. Como o revolucionário Avatar, mundialmente comparado (e com razão) a Pocahontas.

A trama de Avatar também tem um padrão de etapas comparável a outro fenômeno da cultura pop: Star Wars. Ferguson narra, a partir do site Star Wars Origins, que a divisão da história de George Lucas se funda em “O Herói de Mil Faces“, de Joseph Campbell (disponível aqui), livro que, ao lado de “O Poder do Mito” do mesmo Campbell, é referência fundamental de boa parte dos (bons) roteiristas que se prezem, por mostrar, justamente, que toda jornada de um herói tem muito das mitologias milenares.

O doc ainda comenta o elemento da influência/referência de/a outros filmes, uma prática cada vez mais usual nos filmes de hoje dada à já citada facilidade de acesso a toda cinematografia mundial que o digital, e a internet, possibilitam. Para ilustrar, o cara em questão é Quentin Tarantino, talvez o mais notável representante do (bom) aproveitamento do que o próprio cinema já fez de bom nesse um pouco mais de um século de vida. Para expor as centenas de referências nos filmes, os fãs de Tarantino criaram o wiki The Quentin Tarantino Archives, do qual Kirby se utilizou para fazer o “bonus track” Kill Bill.

Dando um exemplo de transparência proporcionada pela web, Kirby expôs todos os nomes das amostras de vídeos que utilizou na edição – com links para a compra dos filmes – e também as muitas referências online/bibliográficas/fonográficas nas quais se inspirou. Ainda disponibilizou no site EverythingisaRemix.info um sistema de legendas para que o público pudesse traduzir o texto dos vídeos. E para receber doações pelo esforço há até uma sessão de Doações, da qual ele diz receber várias.

Para a terceira parte, o diretor não revela muitos detalhes, mas diz que será sobre “where ideas come from and how creators innovate. In this section will explore how original works relying combining other works” [de onde as ideias vem e como criadores inovam. Essa seção vai explorar como obras originais dependem de combinar outras obras]. Segundo o canadense, deverá ficar pronta no início do nosso inverno ou no fim do outono. Sobre a quarta parte ele não quis revelar nada, nem mesmo o assunto que vai abordar.

De qualquer maneira, já dá pra dizer que Everything is a Remix é mais um pra endossar o coro que, sempre que possível, reiteramos por aqui: não há nenhuma “obra-prima”, nenhum “gênio” sem outras obras e autores por trás, como hiperlinks ligando as palavras a mais palavras misturando tudo para formar mais palavras/imagens/sons/videos. Se realmente ficarmos atentos, veremos que tudo é uma cópia, da cópia, da cópia.

Créditos foto: 1.
 

[Marcelo De Franceschi]

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A Heroína do Domínio Público https://baixacultura.org/2010/09/13/a-heroina-do-dominio-publico/ https://baixacultura.org/2010/09/13/a-heroina-do-dominio-publico/#comments Mon, 13 Sep 2010 16:59:06 +0000 https://baixacultura.org/?p=3540

O Centro de Estudos para o Domínio Público da Universidade de Duke, nos EUA, resolveu criar em 2006 uma simpática história em quadrinhos para tentar elucidar as tenebrosas fronteiras que separam o uso de material de domínio público daquele que tem uma “propriedade” intelectual, aqui especialmente focado na produção de documentários e nas leis dos Estados Unidos.

Para facilitar a didática, o desenhista Keith Aoki e os roteiristas/professores James Boyle e Jennifer Jenkins criaram a personagem Akiko – a Heroína do Domínio Público na imagem da capa que abre este texto –  uma documentarista que ousou captar a pulsação de um dia nas ruas de Nova York num documentário.

Mas nem tudo é tão fácil quanto parece, e Akiko vai se dar conta disso ao perceber que para tudo que sua câmera olha há uma restrição de nome “direito autoral”. Dentre várias perguntas e frases de ordem, ela questiona: “Quadros, música, escultura. Tudo isto está protegido pelos Direitos Autorais?“.

Diante da resposta positiva, ela prossegue com suas dúvidas, que se colocam cada vez mais imediatas para a produção do já citado documentário sobre Nova York. “Parece um Campo Minado. Tenho medo de descobrir o que está protegido por direitos de autor e o que não está da forma mais difícil: quando a distinção explodir na minha frente“.

Akiko fica então sabendo do triste óbvio: só não precisará se preocupar com direitos autorais se a obra que for usada estiver em domínio público, o que no caso americano significa 70 anos após a morte do autor, podendo chegar a até 95 anos após a publicação da obra em questão.

[Vale dizer que no Brasil, como comentamos no penúltimo post, este prazo também é de 70 anos, que inexplicavelmente deverá ser mantido mesmo com reforma da Lei de Direito Autoral. Para comparar, dê uma olhada nesta tabela que mostra os prazos do copyright em praticamente todo o planeta.]

É então que a HQ informa à documentarista que nem tudo está perdido: nos EUA, existe a questão do fair use, um dispositivo que deveria permitir a crítica, paródia, o comentário e o remix, usos efêmeros ou acidentais de obras protegidas por copyright – que, por sinal, não existe no Brasil e nem pretende existir com a reforma, ainda que alguns artigos tratem de usos semelhantes àqueles identificados no fair use americano.

Gravar programas na TV para ver depois (ainda) é considerado fair use

Mas para cortar a esperança nascente de Akiko, ela fica sabendo que o fair use norte-americano está cada vez mais bagunçado, um verdadeiro “jardim das delícias” da propriedade intelectual, nas palavras da história. Como o fair use é subjetivo, imagina-se que não é algo fácil distinguir o que seria um uso acidental de um uso proposital, por exemplo. Aí entra outra questão: a sabida e cada vez mais crescente queda de $$ das gravadoras/estúdios e afins fizeram com que estas, a fim de tirar o último centavo possível antes de sua queda, começassem a apertar o cerco aos tribunais sobre o que seria esse tal uso, complicando de vez aquilo que já era complicado.

A partir daí, desfilam na HQ casos de abuso do esquecimento do fair use, todos absurdos. O primeiro narrado é exemplar: trata dos problemas que o documentarista Jon Elser teve durante a gravação de “Sing Faster“, filme que narra a produção das óperas do “Ciclo do Anel“, de Richard Wagner, sob a perspectiva de quem trabalhava nos bastidores. Em determinado momento do filme, a câmera captava diversos trabalhadores jogando damas num bar, enquanto a ópera era executada no teatro. Havia uma televisão neste bar, que no exato momento da cena estava passando um episódio de Simpsons. A cena era curta (4 segundos!) mas nem por isso a Fox, dona dos direitos autorais dos Simpsons, deixou de querer cobrar 10 mil dólares pelo uso dos segundos do desenho no documentário. Jon Elser não aceitou pagar, pois a “cena” era um caso clássico de fair use. Mas, para evitar incomodação com a gigante e podero$a Fox e um atraso de anos de julgamento para o lançamento do filme, teve que retirar a cena.

[Detalhe: o criador dos Simpsons, Matt Groening, ficou sabendo do caso e não se importou com o uso de sua criação em outra. Quem se incomodou – e que sempre costuma se incomodar em casos desse tipo – foi quem explora comercialmente os direitos de reprodução da criação.

Outro caso desproporcional dos direitos de autor é relatado no prefácio à edição, escrito por Dave Guggenheim, produtor/diretor de, entre outros, “Uma Verdade Inconveniente“:

“O pior exemplo que eu posso dar aconteceu quando eu estava a fazer um filme chamado The First Tear, um documentário que acompanha cinco professores durante o primeiro e traiçoeiro ano a trabalharem numa escola pública. No clímax do filme, um professor, que está a levar os alunos pela primeira vez numa visita de estudo, ouve a canção “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin. É simultaneamente divertido e trágico observar o momento em que ele anuncia aos jovens “Esta é a melhor canção que alguma vez foi escrita”, ao mesmo tempo que aumenta o volume. O professor exulta de alegria, revelando-se pela primeira vez diante de seus alunos. (…)

Tudo no filme prepara este momento e quando o público vê a cena ri e chora, porque ao mesmo tempo é comovedor e trágico. Mas a maior parte do público não chega a ver esta cena no filme. No DVD, que ainda se encontra à venda, a cena foi omitida porque não consegui autorização para utilizar “Stairway to Heaven”. Graças a lacunas arcaicas, pude usar a canção num festival de cinema e na televisão pública americana, mas a partir do momento em que entraram em cena o uso com fins comerciais fui proibido de usá-la. Não porque não pudesse pagar para licenciar a canção, mas porque nunca consegui localizar os detentores dos direitos autorais ou seus representantes (que são vários, o que é outra triste história).

É diante desse “abuso comercial” por parte dos detentores de direitos autorais que Akiko transforma-se na Heroína do Domínio Público, fazendo algumas perguntinhas que vocês já devem ter vistos por aqui: “Nossa cultura esta a ser atacada por um incontrolável ‘monstro de direitos’. Como é que chegamos a este ponto? Para que serve este sistema? Serão os direitos de autor na verdade prejudiciais aos artistas?”


Há outros quantos exemplos de abusos do não uso do fair use na HQ, assim como mais explicações sobre creative commons, ambientalismo cultural e de outros casos que ilustram o crescimento da cruzada contra qualquer tipo de uso de material protegido por copyright – mesmo aqueles que, teoricamente, se encaixariam muito bem no fair use. A edição original em inglês da HQ, de 2006, está disponível para download grátis, assim como a em português (de Portugal, vale dizer), que ganhou a tradução em 2009 de uma aluna portuguesa da Duke, Ana Santos, e é a edição do qual tiramos as imagens da HQ para este post.

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Créditos de todas as imagens: 1.

]]> https://baixacultura.org/2010/09/13/a-heroina-do-dominio-publico/feed/ 5 Um detentor de direitos autorais reivindicou o conteúdo de um de seus vídeos https://baixacultura.org/2009/01/16/um-detentor-de-direitos-autorais-reivindicou-o-conteudo-de-um-de-seus-videos/ https://baixacultura.org/2009/01/16/um-detentor-de-direitos-autorais-reivindicou-o-conteudo-de-um-de-seus-videos/#comments Fri, 16 Jan 2009 21:01:03 +0000 https://baixacultura.org/?p=1072 downloadcomunismo.

O título acima é o mesmo do email que recebi dias atrás. Em linguagem tão simples quanto ridícula, o nosso querido Youtube anunciava que “Um detentor de direitos autorais afirmou que possui parte ou todo o conteúdo de áudio do seu vídeo“. Como continuação, dizia: “Infelizmente a reprodução de seu vídeo foi bloqueada devido a problemas com os direitos das músicas“.

O vídeo em questão é Pare Olhe Escute, um curta que eu e mais dois amigos fizemos sobre nossas andanças em cima dos trens aqui da região de Santa Maria. Ao contrário do que dizem, ainda dá para ver ele lá no Youtube, só que o som inteiro foi desativado. O motivo do comunicado amável do site é que, na nossa trilha, tinha a música “Gallows Pole”, do Led Zeppelin, como também tinha “Biding my time“, do Pink Floyd e outras. Mas a justificativa da suspensão do som do vídeo recai sobre a música do Led.

Há uma boa dose de ironia nisso tudo. Vejamos: “Gallows Pole” é uma das muitas versões de The Maid Freed from the Gallows, uma velha e tradicional canção folk  que teve origem na Europa, não se sabe se na Finlândia, Noruega e ou Alemanha. Trazida para o inglês, ela se  popularizou em 1939, quando foi feita a primeira gravação em disco, pelo cantor folk  Huddie Ledbetter, mais conhecido como Leadbelly.

A música foi rebatizada como “Gallis Pole” e é um pouco diferente da do Led, principalmente na batida nervosa que Leadbelly dá em seu violão – dá para baixá-la aqui. O Led fez a sua versão em 1970, no Led Zeppelin III. No álbum, a música é creditada como “Tradicional: arranjos por Jimmy Page e Robert Plant“.

[O pior é ver ainda o Youtube escrever no email coisas do tipo: “Não se preocupe, temos muitas músicas disponíveis para você. Visite nossa biblioteca do AudioSwap para aprender como é fácil substituir o áudio de seu vídeo por qualquer faixa de nossa biblioteca de músicas totalmente licenciadas.”]

led-zeppelin

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Suspeito que a banda não tenha nada que ver com a coisa toda, e quem esteja por trás da iniciativa seja a gradavora do Led por meio da nossa velha conhecida RIAA. Aliás, taí uma incoerência das grandes: usar o Led Zeppelin como balizador no combate à pirataria na rede, sendo que a banda é um paradigma clássico de artistas que se aproveitaram de trechos – ou músicas inteiras – de outros e não se deram ao trabalho de dar o crédito. Se há dúvidas à respeito, olhe essa página e esclareça: de “Babe I’m Gonna Leave You” à “Dazed and Confused“, passando por “Wholla Lotta Love“, “Hey, Hey, What Can I Do” e “Communication Breakdown“, todas elas tem grande semelhanças com outras que nã o levaram os créditos. Aqui você pode escutar as versões originais de onde a banda chupou para fazer as suas.

[Leonardo Foletto]

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