Comentários sobre: ViraCasacas: BaixemCultura https://baixacultura.org/2024/07/06/viracasacas-baixemcultura/ Cultura livre & (contra) cultura digital Sun, 07 Jul 2024 21:45:52 +0000 hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.0.9 Por: Ale Abdo https://baixacultura.org/2024/07/06/viracasacas-baixemcultura/#comment-32416 Sun, 07 Jul 2024 21:45:52 +0000 https://baixacultura.org/?p=15679#comment-32416 Ni!

Cadê o link pra baixar o podcast? ;D

Naquele curso no CCSP onde nos conhecemos passou também uma aluna do Geert. Anos depois por intermédio dela eu encontrei o Geert no seu escritório em Amsterdam e trocamos uma ideia legal. Essa aluna é uma das pessoas mais interessantes e corajosas que já encontrei, e um fato revelador é que ela hoje vive numa fazenda no norte da Holanda, trabalhando com agricultura ecológica, ensino de permacultura, e hospedaria voltada para um público local ().

Muito bom o episódio.

Algumas dúvidas que eu tenho:

– Não acho apropriado dizer que a rede mocambos seja mais sustentável do que grandes centros comerciais de dados. Tecnicamente é até possível que seja o contrário, pois há economias ambientais na centralização. Por outro lado há também uma economia ambiental ao não sobrecarregar os recursos de um único local. O ponto fundamental ao meu ver não é a arquitetura técnica, mas o fato de que uma grande parte do consumo ambiental das redes comerciais é para sustentar a maquinaria e processamento de dados que permitem a indução do consumo (doom scrolling etc, “uso induzido” em oposição a “uso interessado”) e o mercado de propaganda (“ads”), além de outros mecanismos de vigilância e controle comportamental. Aí está ao meu ver o maior benefício ambiental de uma internet comunitária, um ganho duplo, onde economiza-se enormes recursos ao evitar-se a implementação de um sistema nefasto.

– Na minha lembrança era totalmente óbvio já na era do Napster que ele só existia por falta de visão das gravadoras para se organizarem e criar algo similar cobrando uma taxa. O próprio Napster reconhecia esse potencial e tentou legalizar o negócio fazendo acordos com gravadoras, mas não teve força à época. No final a coisa virou quando um ator apoiado pelo capitalismo financeiro-tecnofílico teve força para dobrar as gravadoras. Em termos de consumo cultural, o Spotify e o Netflix são exatamente o que o Napster queria ser. Ainda que a diferença tecnológica tenha consequências, por exemplo, é claro que poder armazenar as músicas de forma permanente reduz o impacto energético. A real alternativa seria uma transformação profunda do direito autoral, visão que mesmo nos círculos da Creative Commons não tem muitos amigos, que dizer dos usuários do Napster em geral.

– Nisso, eu gostaria de ter escutado vocês discutirem mais a questão das assimetrias de poder. Pois enfim são os tech-bros os únicos que estão defendendo abertamente e conseguindo impor uma reforma profunda do direito autoral, ainda que para seus interesses privados. Se o direito autoral, pela ação acumulativa do capital, levou a uma propriedade cada vez mais concentrada da cultura, as big-techs estão revindicando a imperatividade de concentrar toda a cultura em uma única e monolítica propriedade: o “modelo de inteligência artificial”.

Abraço!

]]>