Se a política precisa ir além da tecnologia, do outro lado arriscamos esquecer a não neutralidade da mesma. Soluções políticas tem tanta chance de resolver o problema quanto soluções tecnológicas.

Mesmo soluções tecnopolíticas talvez não bastem, porque o atual arranjo não está aí à toa mas é imantado por um conjunto de valores decorrentes de uma visão de mundo liberalóide — e que, como a própria luta contra a concentração das mídias, precede a Internet. É preciso novas cosmovisões para causar geral com a política e a técnica.

A pergunta ‘o que o Elon vai fazer’ talvez não seja tão boba. Se você considerar o histórico dele, ele dificilmente compraria o Twitter se não testará novas ideias. Ideias impressionantes! — dentro da lógica prevalente. E muita gente vai achar lindo e ficar impressionada.

O erro então está menos em focar as atenções no Elon, do que em focar as atenções no Twitter. Quer dizer, em continuar acreditando que existe um caminho para além, através de tecnologias concentradoras de poder midiático. E continuar crendo que instituições funcionais com as leis adequadas vão domá-la, quando a existência de uma plataforma única é o próprio reflexo sobre as mídias das forças de capitalização, e que tal lógica não pode imperar sobre a comunicação para que a democracia ser plena – uma velha lição bem conhecida.

A atualização de “the revolution will not be televised” tem que ser “the revolution will not be centralized”. Senão, vão ficar continuamente pondo na balança o Musk contra alguma versão dessa pavorosa “disinformation governance board” controlada por um Estado policialesco que banca ditaduras e caça quem denuncia suas monstruosidades.

A Europa curiosamente – mesmo se por motivos nem apenas tão nobres – tem feito movimentos positivos nesse sentido, como a exigência de interoperabilidade e o apoio e mesmo promoção de mídias descentralizadas.

Tudo isso pra dizer… mas e aí onde sigo o Baixacultura no fediverso? ;D

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