BaixaCultura

Uma amostra do trabalho dos Uploaders

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Mui provavelmente, depois de ter baixado gigabytes de discos e filmes, já deve ter lhe ocorrido a seguinte pergunta: “mas quem será que colocou esse monte de arquivo pra mim?” Afinal, alguém comprou (ou copiou de alguém) o produto e botou lá, depois de um bom trabalho, pra gente consumir de graça. E é sobre eles, e um pouco sobre como eles põem os arquivos pra todo mundo baixar, que vamos falar um pouco aqui. Uma singela homenagem a esses nobres compartilhadores.

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Há quase um ano, a revista Trip publicou uma matéria buscando conhecer o perfil e entender o porquê dessas pessoas comuns se prestarem a fazer todo o trabalho de graça. Para apurar as informações, a repórter precisou ser sabatinada pelos desconfiados “criminosos” frequentadores do fórum do The Pirate Bay, até que conseguiu conversar com eles. Alguns inclusive aceitaram fazer umas espécies de retratos falados, no site FlashFace, que ilustram a matéria [e que também utilizamos para abri este post]. Então deu pra descobrir  quais os motivos que os movem e quais os custos da filantropia digital. Os esforços para fazer isso são claros. Tempo, dedicação e organização são imprescindíveis pra criar algo de qualidade, tudo na faixa.  E as razões também não poderiam ser mais simples. Eles ganham um pouco de conhecimento e de diversão, e em troca querem reconhecimento e agradecimento, na forma de um comentário ou até amizade, vinda de quem só baixa. Uma situação bem semelhante quando nós do Baixacultura escrevemos ou traduzimos algo, vide principalmente aquiaqui. Dentre seis depoimentos que aparecem na reportagem de Ana Magalhães Silva, um é bem emblemático sobre alguns dos motivos dos uploaders:

“Acho absurdo você ter que pagar R$ 100 num DVD de um filme… se os valores fossem mais acessíveis talvez não houvesse pirataria. Sempre que eles fecham um site de download, aparecem outros dez. Faço upload há dois anos e o que me motiva a lançar mais é o agradecimento dos usuários.”

O trecho é do jovem usuário chamado Júnior, autor de um video que reproduzimos abaixo. Nele, é mostrado como subir um cd de músicas e como é criado o respectivo arquivo .torrent.  Criar uma conta em um servidor de hospedagem de arquivos é fácil, mas criar um torrent não é muito popular. Torrents podem ser mais rápidos de baixar e os arquivos baixados podem  ser muito mais pesados que aqueles comportados por sites.  Entretanto,  o processo é um pouco mais complicado do que simplesmente enviar o conteúdo. O seguinte tutorial foi criado para ajudar os membros do fórum Bj-share, um dos maiores sites de torrent do Brasil, que possui regras muito bem definidas sobre os deveres de quem o utiliza e os tipos de arquivos que devem ser colocados, além de informações para iniciantes.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JeGg906d38s&hl=pt_BR&fs=1&]

Antes mesmo desse processo de semeação dos arquivos, existe ainda  um outro processo bem mais demorado: a digitalização. Ripar um cd é um ato simples, mas e um livro ou um filme? São processos muito mais exaustivos e dispendiosos. Livros e revistas podem ter suas páginas diretamente escaneadas e postas num arquivo pdf, ou então ter as palavras reconhecidas e gerar um documento mais flexível. Esta forma é mostrada no site E-books Gospel, de onde vem um belo exemplo. “Ninguém pode ser dono absoluto do conhecimento” é o mandamento da página, que possui 151 livros em português e que inclusive disponibiliza o link pra baixar o programa escaneador dos livros. Juntamente com o livro baixado, vem um “leia-me” em forma de imagem explicando que o conteúdo livre visa “apenas a edificação espiritual e o fornecimento de bons livros aos menos previlegiados e acesso a cultura e conhecimento”. E que assim seja. Abaixo, a video-aula mostra a minuciosa ação de escanear página por página e depois corrigir possíveis erros.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Xq0O8ITeQ0Q&hl=pt_BR&fs=1&]

Outro arquivo mais difícil de ser criado é um filme de 700 megabytes, ou mais. Ripar um dvd pode demorar horas. E depois tem o processo de conversão e por fim a criação do torrent. Existem muitas maneiras de se fazer a ripagem, mas uma nos pareceu bem simples. O português Ricardo Santos possui um blog onde desde 2006 publica resenhas e dicas sobre programas gratuitos. Numa dessas ele mostra num vídeo guia como criar um arquivo de um dvd e depois gravá-lo em outro. Todos os programas utilizados estão disponíveis notexto original.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=XZKkT5ayeks&hl=pt_BR&fs=1&]

E uma prática tão demorada quanto chupar um filme é a produção de uma legenda para uma série ou longa-metragem. E se se quer fazer algo que preste não é recomendável ser feito à duas mãos. Geralmente uma equipe inteira é necessária para traduzir, sincronizar e revisar corretamente as legendas ansiosamente esperadas por muitos aficionados nas produções norte-americanas. A Equipe Darkside por exemplo possui 20 pessoas para decifrar todas as dificuldades dos episódios de séries que normalmente nem estrearam no Brasil. Mais de 50 séries já passaram pela equipe, que ainda disponibiliza lições bem completas de treinamento para quem quiser se aprofundar. Para ter acesso as informações é preciso fazer um cadastro, mas no canal do grupo no YouTube eles já deixaram duas divertidas vídeo aulas. Uma é sobre a formatação e outra sobre a adequação das legendas. O grupo também aceita novos integrantes e, para quem está começando, especifica os padrões técnicos para a produção de legendas entendíveis.

Claro que há também softwares e games mas queremos destacar aqui que toda essa trabalheira é realizada por quase profissionais. Digo quase pois a diferença é que eles não ganham um tostão por isso. São como voluntários de uma ONG que beneficia milhares de pessoas que só querem ter acesso à cultura e à informação. Então, agora que você já sabe um pouco como funciona, que tal dizer um “muito obrigado” ou começar a fazer a sua parte e devolver o que baixou?

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P.s: Demos uma de uploaders e atualizamos o link do filme “Ai que vida”, que tinha expirado, deste nosso post.

[Marcelo De Franceschi.]

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