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A memória visual do mundo

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Uma das coisas mais bacanas que a rede possibilita é o acesso a um eito de coisas já produzidas nesse mundo. O limite da memória é o espaço de armazenamento nos discos rígidos, que, por sua vez, a cada momento diminuem de tamanho e aumentam sua capacidade, o que torna a memória praticamente infinita. E olha que praticamente é um eufemismo: a memória virtual é infinita, pelo menos aos nossos anseios particulares.

Aos poucos, o mundo inteiro vai tendo a noção de que é muito melhor disponibilizar aquilo que se tem – nem que seja de graça – do que armazenar algo para que ninguém veja. É assim que o Google vai aos poucos digitalizando o arquivo de várias bibliotecas de universidades americanas e que os artistas vão colocando tudo que produzem na rede, por exemplo. E é assim que restrições à essas atitudes, como o copyright, estão fadados ao fracasso, pois sua força policialesca é muito menor que a sanha do ser humano em querer compartilhar aquilo que tem.

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Se toda a lógica da nossa produção artística foi dominada pelo copyright nos últimos dois séculos é porque não havia a possibilidade – financeira, moral ou mesmo física – de compartilhar tudo aquilo que produzíamos. Mas hoje isso é possível, o que fatalmente determina o fim dessa lógica. Ainda que tenha gente tentando arduamente lutar contra isso, o desejo intrínseco do ser humano de compartilhar o saber, e não aprisioná-lo solitariamente dentro de cabeças iluminadas, é maior que qualquer tipo de controle externo oriundo, acima de tudo, do desejo de lucro.

Dito isso é que iniciativas como a  da Revista Life, tradicional publicação americana recém-extinta, são bem-vindas. Elas indicam que as cabeças pensantes da indústria cultural realmente estão tendo que pensar, e não agir como guris emburrados que, por não quererem jogar bola com os amigos, pegam a bola para si e levam para casa, se esquecendo que é muito melhor arrumar outra bola e continuar o jogo do que ficar parado chorando.

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Bueno, mas antes que eu me perca, que diabos de coisa a revista Life fez mesmo? Disponibilizou, via Google, todo seu acervo de fotos, 2 milhões de imagens que datam desde 1860. Para quem não sabe, a revista foi uma das principais referências em reportagens foto-jornalísticas e teve publicação contínua de 1936 até 2000, com uma retomada de 2004 a 2007. As fotos estão livre para uso pessoal e particular, menos comercial.

Outras iniciativas parecidas existem aos montes na rede – lembro agora dessa aqui, com fotos também incríveis da II Guerra Munidal. Mas a da Life é simbólica: a revista tem um acervo incrível, e a sua disponibilização gratuita indica um movimento importante, dentro da Indústria Cultural, rumo a uma lógica sem copyright.

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Créditos fotos: Revista Life

[Leonardo Foletto]

Atualização 2/12: A Revista Life não disponibilizou TODO o seu acervo de fotos, como está colocado no post, mas sim 20% de suas fotos, 97% delas inéditas. O banco de imagens total da revista tem cerca de 10 milhões de imagens. As informações corretas foram publicadas aqui, no blog do Tiago Dória.

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