BaixaCultura

Felicitaciones

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Faz um ano hoje que começávamos com o BaixaCultura. Em 15 de setembro de 2008, o post que inaugurava esse espaço usava o documentário Good Copy, Bad Copy para fazer uma espécie de manifesto do que pensávamos sobre toda essa questão que tratamos aqui durante este ano. Mais ou menos isso dizia o texto:

Os argumentos falaciosos [da Indústria Cultural que criminaliza o download]  mascaram o problema do acesso com a histeria em torno da violação de direitos e do lucro indevido, sem nenhuma vergonha do anacronismo ademais antidemocrático (afinal, o acesso à cultura diz muito da qualidade de uma democracia) do tratamento dispensado a questões como a da cópia livre ou o sampler, essa técnica já secular.

Secular, pois é. Praticada na literatura desde Lautrèamont e, décadas depois, adotada por surrealistas, situacionistas, e uma pá de outros doidos defensores de que numa sociedade entupida de informação, a utilização de materiais pré-existentes pode ser bem mais subversiva do que produzir a partir dum vago princípio de originalidade.

Depois vieram dub, rap, hip hop, os soundsystems, respostas da periferia (econômica, mas também geográfica) ao caráter unidirecional da cultura pop. Respostas mais e mais ameaçadoras para a indústria à medida que a tecnologia digital se torna largamente acessível para qualquer um que queira produzir e compartilhar cultura. Nesse ponto, não apenas os modos de produção, mas também os de distribuição e consumo de produtos culturais necessitam de revisão.

A lógica industrial da cultura [a lógica cultural dominante ao longo do século 20] se baseia num esquema feroz de controle autoral (o copyright), mais ou menos feroz a depender do volume de grana envolvido [no Brasil, pelo menos, os contratos de edição de livro são bastante flexíveis se comparados aos acordos abusivos da indústria fonográfica]. Quando a tecnologia digital torna impossível esse controle, e aos lucros cada vez menores da indústria se equipara uma produção cultural descentralizada, diversificada e auto-gerenciada; quando a reação da indústria é uma dispendiosa campanha “contra a pirataria” por vezes redundando em leis ignorantes, é aí que o toque dado por Ronaldo Lemos em seu depoimento ao filme serve como uma luva: a sociedade é a grande concorrente da indústria.

Bueno, passou um ano – que seriam dez, na cronologia utilizada pelo saudoso COL, bastante apropriada nestes tempos ultrarápidosturbobeta de redes e mais redes. A ideia inicial do blog travestiu-se de diferentes versões de uma nota só, a mesma que guiou a criação do BaixaCultura e mui provavelmente permanece como sendo a que dá estofo emocional/motivacional pra o que aqui se faz. A saber: a defesa do livre compartilhamento de arquivos (culturais ou não) na rede. A saber (2): o entendimento de que a internet foi genialmente desenvolvida de maneira descentralizada e livre, e assim deve permanecer – o que não significa que não devam existir algumas regras que sejam utilizadas para a manutenção de seu (bom) funcionamento desta maneira. A saber (3): a ideia de que as histórias  – e as ideias, e os produtos culturais – devem ser acessíveis a todos, pois como já dizia Wu Ming, “ninguém tem idéias que não tenham sido direta ou indiretamente influenciadas por suas relações sociais, pela comunidade de que faz parte etc. e então se a gênese é social também o uso deve permancer tal qual“.

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Floripa

O tempo passou e voou e sobrevoou e aterrisou e partiu e Florianópolis deixou de ser a sede social do BaixaCultura. Primeiro pra Reuben, que após uma passagem turbulenta pela ilha cansou da insularidade e resolveu tentiar um lugar mais sólido, tipo São Paulo. Lá começou outro mestrado, que o  jogou em caminhos mais cosmopolitas, em novas direções e em diferentes rumos. Nem percebeu quando já estava algo distante do BaixaCultura, o que também aconteceu com Edson, por motivos diferentes. Não se sabe se por teimosia, esperança (naqueles princípios citados logo acima) ou imprudência, Leonardo continuará editando este espaço. Agora com eventuais (bastante eventuais, por sinal) colaborações de Reuben, Edson e outros que poderão se juntar por aqui. Algumas novidades de formação e formatação são aguardadas para breve.

[Baixacultura.org]

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